Canal no YouTube aborda temas psicológicos e científicos através de ilustrações
O Minutos Psíquicos é formado por grupo de brasilienses e atualmente conta com mais de 265 mil inscritos

“Ciência é massa”. É assim que o professor e psicólogo, formado pela Universidade de Brasília, André Rabelo, de 27 anos, apresenta o Minutos Psíquicos — canal do YouTube que aborda temas dentro da área da psicologia, ciência e universo através de vídeos ilustrativos e já conta com mais de 265 mil inscritos. Atualmente o canal conta com uma equipe de cinco integrantes e outros colaboradores.
André, que teve a ideia de criar o canal em 2014, conta que sempre teve interesse pela área da psicologia e se sentia insatisfeito com o pouco conteúdo sobre os fenômenos mentais na internet. “Eu tenho um blog desde 2010, chamado SocialMente, e pensei que seria interessante falar sobre psicologia em outros formatos”, explica.
O Portal de Jornalismo do IESB conversou com o André sobre as ideias do canal, assim como objetivos e expectativas futuras. Confira abaixo a entrevista completa.
Qual a proposta do canal?
Produzir vídeos objetivos, didáticos e instigantes sobre conteúdos científicos, mas não restrito a isso. A ideia é que os vídeos possam instigar a curiosidade e informar em algum e qualquer nível. O foco é juntar tanto o conhecimento quanto o entretenimento. No canal, a gente tenta fazer um casamento entre conhecimento científico e arte — já que os vídeos são ilustrados.
Por que o formato de ilustração foi escolhido?
Eu me inspirei em conteúdos já vistos em outros canais estrangeiros e gostei do formato de ilustração e narração. As pessoas reagiram muito bem ao formato de vídeo ilustrado. Há também outros formatos, como algumas séries que temos no canal, onde mostramos cenas narradas, mas não ilustradas. Já testamos outros formatos, mas os vídeos ilustrados, além de terem mais visualizações, têm um maior e melhor feedback do público, então foi mantido como foco do canal.
Por que temas dentro da área de psicologia, universo e ciência são o foco do canal?
É sobre o que eu tenho conhecimento e sou apaixonado. Eu sempre faço aquela piadinha de que “o canal é meu e eu falo sobre o que eu quiser”. Eu acho que existem outros assuntos a serem discutidos e outros canais também, mas o que eu percebi, tanto na internet como num todo no YouTube Brasil, foi essa falta de espaço para discutir a importância da ciência e as implicações práticas que ela apresenta no nosso cotidiano. Eu senti que havia um espaço a ser preenchido e foi onde o Minutos Psíquicos entrou, pois pelo menos pela reação do público, havia pessoas interessadas nesse tipo de conteúdo, mas que não tinham muitas opções. Isso me motiva a compartilhar o que eu sei com quem acompanha o canal.
Na pré-produção, como cada assunto é escolhido?
Há três formas. A primeira é de minha responsabilidade. Eu escolho os assuntos a serem abordados, desde que estejam dentro da proposta inicial do canal. Se vejo algo interessante, curioso e que gosto, ou até mesmo um assunto com pouco material na internet, acabo escolhendo. A segunda forma é através de sugestões do público e a terceira, geralmente, é sobre algum tema que está sendo bastante comentado na mídia, onde tentamos participar do movimento contribuindo com vídeos.
Qual tema tem maior alcance e por quê?
O nosso vídeo sobre depressão é o mais visto com mais de 700 mil visualizações. Temas como transtornos mentais costumam ter mais alcance. Não sei dizer o motivo desses vídeos terem maior visualização, mas tenho alguns palpites. O primeiro é que realmente falta material disponível na internet para as pessoas se informarem sobre. O segundo palpite é que as pessoas têm muitas dúvidas sobre o que consideram normal, patológico, se precisam ou não de ajuda, e isso é normal. Eu acho que diante dessas incertezas do cotidiano, as pessoas têm maior interesse em saber mais sobre saúde mental.
Como assuntos mais delicados como depressão, ansiedade e suicídio são tratados no canal? Como o público reage?
Nós tratamos todos os temas da mesma forma: a partir de uma perspectiva científica e de como a psicologia se posiciona atualmente. Por exemplo, quando abordamos o tema do suicídio em um dos nossos vídeos, tentamos trazer um conhecimento para o público e dar algumas recomendações práticas que são dadas por profissionais e instituições respeitadas mundialmente. A reação do público tem sido bem positiva. Em vídeos onde temas como depressão e suicídio são abordados é muito comum ver as pessoas expressando sofrimento e isso é natural, e até visto como normal por certos profissionais, pois quando as pessoas se expressam, elas deixam de guardar o sentimento para si e deixam de lado possíveis consequências negativas, como uma tentativa de suicídio. Tentamos oferecer acolhimento e psico-educação através dos vídeos, onde é dado um material didático que pode orientar as pessoas a procurarem ajuda.
Como está sendo a experiência de ter um canal?
É um sentimento enorme de gratidão. Como disse, desde 2010 eu trabalho com o assunto no blog, mas o alcance não se compara ao alcance do canal. Eu vejo esse projeto de uma forma muito positiva, pois mais pessoas estão sabendo mais sobre assuntos da psicologia e formando novas opiniões, deixando preconceitos sobre transtornos mentais, etc. O que eu posso dizer é que é gratificante e desafiador. Produzir conteúdo é algo trabalhoso, por mais que nossos vídeos sejam curtos, mas para chegar nesse curto, é uma longa jornada, pois dá muito trabalho. Temos que ler e produzir muita coisa e várias vezes. Vejo o canal como uma forma de contribuição para com a visão pública da ciência, assim como uma forma das pessoas terem mais consciência sobre o que sentem e pensam e o que pode ser feito para melhorar a vida delas.
Qual a sua expectativa para o canal?
Digamos que um profissional de saúde tem como missão principal promover a saúde mental na sociedade. Eu gostaria que o canal fosse mais valorizado e ganhasse mais reconhecimento para alcançar e ajudar mais pessoas. Ainda existe muito preconceito dentro da própria academia. Muita gente tem aquele pensamento de “não perde tempo com isso” ou “isso é bobagem”. Até mesmo instituições de pesquisa não valorizam muito esse tipo de atividade. Não temos reconhecimento ou incentivo (psicológico ou financeiro). Não temos muito suporte, mas fazemos tudo com o intuito e a aventura de ajudar quem precisa.






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