Remédios à base de plantas medicinais são uma boa alternativa
A Casa das Hervas nasceu como um projeto voluntário e hoje é referência em medicamentos fitoterápicos

A fitoterapia pode ser uma alternativa para evitar o uso de remédios de laboratório. Um pequeno resfriado ou até problemas mais sérios podem ser tratados por meio dos derivados de plantas medicinais. Em Brasília, um local criado de forma voluntária ajuda os mais pobres que não têm acesso à medicamentos e mostra os benefícios dos fitoterápicos.
A Casa das Hervas, localizada em um espaço cedido no Parque Vivencial do Paranoá, foi fundada em 1993 pela freira irmã Maria Mota. O trabalho hoje é conhecido por todo o Distrito Federal e Entorno. Os medicamentos ainda continuam gratuitos para os mais carentes. Quem tem condições paga um valor simbólico para continuar mantendo o trabalho.
Danielly Duarte é voluntária e uma das responsáveis pela produção dos remédios e administração do local. Ela conta que são produzidas 77 receitas diferentes para diversos tipos de doenças, desde as mais simples, como xarope para gripe, até outras como composto para equilíbrio hormonal. Ela também alerta para as precauções com o uso de algumas plantas. “Aqui a gente não trabalha com a buchinha, por exemplo. Ela é uma planta abortiva e é difícil saber a dosagem certa, por isso a gente evita”, justifica.
A casa conta com quatro voluntários e a maior parte dos ingredientes é cultivada no próprio local. São plantas como a cavalinha, mastruz, hortelã e muitas outras. A babosa é cultivada em maior quantidade por ser a mais usada em remédios e shampoos que ficam em estoque. Outros remédios com pouca demanda são feitos por encomenda.
Usuária de remédios para circulação e menopausa, Fátima Macedo fala que os efeitos colaterais reduzidos são o porquê da preferência pelos fitoterápicos. “O remédio de farmácia faz muito efeito colateral. Já o da Casa das Hervas é natural e eu não sinto tantos efeitos”, comenta. Para quem contesta sobre a funcionalidade dos medicamentos, Dona Fátima aprova o uso. “Muita gente fala para não usar, mas para mim tem um bom resultado. Recomendo sempre”.
O local atende as normas da Anvisa para a produção dos fitoterápicos e tem um acompanhamento técnico realizado por uma farmacêutica. Segundo a Anvisa, as precauções quanto ao uso dos fitoterápicos devem ser as mesmas quanto ao uso dos medicamentos comuns. A agência disponibiliza tira-dúvidas que também fala sobre o que não é considerado fitoterápico e a legislação.
Fitoterápicos na rede pública
O Ministério da Saúde informou por meio de assessoria que desde 2006 a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos vem garantindo à população brasileira o acesso seguro e o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos, promovendo o uso sustentável da biodiversidade, o desenvolvimento da cadeia produtiva e da indústria nacional. Para tanto, chegou-se a 12 o número de medicamentos disponíveis atualmente no SUS: Alcachofra, Aroeira, Babosa, Cáscara Sagrada, Hortelã, Garra do Diabo, Guaco, Espinheira-Santa, Plantago, Salgueiro, Soja e Unha de Gato. Ao todo, já foram investidos mais de R$ 35 milhões em 93 projetos de plantas medicinais e fitoterápicos no âmbito do SUS.
Irmã Maria Mota
A irmã Maria, como é conhecida, tem 78 anos e faz parte da Ordem das Missionárias de Jesus Crucificado. Foi para o Paranoá com o intuito de oferecer saúde aos mais pobres e fez um curso de fitoterapia em Medianeira, no Paraná, sendo ajudada pelo padre José Gallea. Em 1993 começou a manipular os medicamentos fitoterápicos em um barracão de madeira. Em 1999, um padre alemão descobriu o trabalho realizado pela irmã e fez uma campanha no país para arranjar doações. As doações possibilitaram a construção em alvenaria do espaço.

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