“Aqueles que ninguém quer, eu quero”

O Instituto Acolhe foi criado há três anos com o primeiro intuito de cuidar de crianças com Síndrome de Down. O projeto foi iniciado em uma casa em Sobradinho que havia sido abandonada e passou a acolher moradores de rua, gente carente, como forma de atender quem precisa de ajuda.
Um dos responsáveis pelo grupo é Jefferson Quintana. Ele explica que a proposta possui quatro bases: educação, saúde, construção e evangelização. Atualmente, o grupo trabalha com o projeto de educação no Setor de Armazenamento e Abastecimento Norte (SAAN), que tem uma comunidade carente.
Na área médica a ajuda acontece de diversas formas, sendo uma delas a Casa de Recuperação Mãe do Novo Homem que também traz a oportunidade de construção, onde foram feitos novos quartos para os moradores de rua que moram no local.
“Aqueles que ninguém quer, eu quero, porque é lá que está o meu Cristo”, conta Jefferson. Para ele, a parte da evangelização é toda feita na rua, em comunidades carentes, dando a quem encontram uma coisa, além de alimentação: banho. Foi assim que nasceu o Banho de Dignidade. “Apenas um banho e cortar o cabelo pode mudar a vida de uma pessoa, porque você devolve a dignidade para a pessoa”, ressalta.
Do meio de 2018 para 2019, Jefferson conta que o projeto já atendeu mais de 5.000 pessoas e que ele não tem dimensão de quanta gente pode ter voltado para casa depois de receber o auxílio. “O Acolhe tem isso de querer trabalhar com os grupos, não sozinho. Nosso lema é ‘faça poucas coisas, mas as faça bem’, de São Francisco de Assis”, pontua.
O grupo é aberto para aqueles que sentem vontade de ajudar. E Jefferson explica que quem for deve entender que irá viver o que Cristo viveu, pregando, rezando e servindo. “Aqui a gente não tem porta, mas devem entender que a nossa doutrina é Católica e que vai ter que respeitar que acreditamos em Nossa Senhora e que ela está viva, que acreditamos na Eucaristia”.
A decisão de fazer parte
Neto Gadioli é um dos participantes do Instituto. A escolha de fazer parte começou após se converter para o Catolicismo. Frequentando a Igreja e buscando um grupo que pudesse ajudar, ele iniciou seus trabalhos na Comunidade São Vicente de Paula, os Vicentinos. “Foi então que tive meu primeiro contato com a prática da caridade, mas eu não tinha aquele sentimento de pertença. Foi quando conheci o Jefferson”.
Com uma visão de que Deus tem preferência pelos pobres, não apenas materialmente, mas também espiritualmente, Neto foi vendo no trabalho do Acolhe uma entrega com pessoas mais jovens e foi então que se reconheceu e foi se entregando para o trabalho nas ruas, para a parcela de pessoas que a maioria ignora.
“O que me move a continuar é encontrar o Deus vivo que se faz presente nos mais pobres. Ele está lá de forma concreta”. Para ele, fazer parte do projeto não é apenas um ato altruísta, é sede de Deus e de poder contemplar a face de Cristo. E Neto ainda completa que as dificuldades que encontra são apenas as barreiras que cria. “Não vou colocar a culpa em coisas exteriores a mim, como o governo, a pobreza, porque nada disso é um impedimento. Não existe dificuldade quando se está fazendo o bem, apenas eu mesmo posso atrapalhar isso”.





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