Rapper Dêhh lança álbum “Não te trouxe flores, trouxe funk”
Cantor divulgou o novo trabalho que mistura funk, R&B, reggaeton, rap e até letras de pagode, tudo o que o artista gosta de ouvir

Rapper desde os 14 anos, Daniel Lacerda, de 20 anos, mais conhecido como Dêhh, lançou o álbum “Não te trouxe flores, trouxe funk”. Repleto de mistura de gêneros musicais, a nova produção tem a “cara” do artista, com todos os estilos que ele mais gosta de ouvir. “Odeio fazer algo genérico que todo mundo faz, queria fazer algo que fosse eu em forma de música, que as pessoas escutassem e falassem ‘é a cara do Daniel’. Na época eu estava escutando muito funk, reggaeton, pagode, rap, então pensei em uma estética que me decifrasse”, revela.
De acordo com o rapper, a mescla dos gêneros musicais mostra a pluralidade musical que a cultura brasileira tem, mesmo que ainda pouco valorizada. “Eu vejo que a cena brasileira faz muito a mesma coisa, gostamos de pegar inspirações estrangeiras e fazer igual aos gringos. Mas a nossa cultura é riquíssima, se a gente fizesse um rap com a nossa cara seria repleto de informação. Pensei em fazer um rap levando nossa cultura, com brasilidade nos beats, coloquei bastante funk, tambor”, explica o cantor, que ainda tem uma meta: “espero chegar em um nível de colocar um pagode ou samba no beat, ainda não cheguei nesse patamar, mas estou estudando para isso. Temos muito potencial, o Brasil é um país riquíssimo de música, tem muita obra de arte que só quem garimpa conhece”.
Em pouco mais de dois meses e com uma criatividade fluida, o músico, que também é estudante de Cinema, compôs todas as sete músicas que fazem parte do trabalho, que ainda contou com a participação dos rappers Noze, na música “Não te trouxe flores”, e Bluntpk, em “Felina”. As canções “Prometo te dar carinho”, “Flow de pagodeiro”, “Studio”, “Escuta baby” e “Amo suas curvas” completam o disco.

Dêhh fez um trabalho 100% autoral, indo desde a gravação e produção musical, até o design da arte do álbum. Crédito: @Hldczk
O artista lembra que a criação das músicas foi a parte mais fácil do processo: “Foi difícil pensar na estética, mas executar foi muito mais fácil. Comecei a fazer o álbum, não gostei, comecei de novo. Depois que pensei na estética e vi o que queria, ficou muito mais fácil. Era como se eu tivesse um balde de criatividade e a quarentena me ajudou muito nisso. Coloquei a meta de produzir duas músicas a cada duas semanas, não teve nenhum momento que eu entrei em bloqueio”, conta.
A escolha do nome também foi uma dificuldade, mas o título ficou de acordo com o que é cantado na produção. “Foi bastante problemático no início. Eu já tinha meu álbum quase todo pronto, mas sem nome. Pensava bastante, mas nenhum agradava. Já que o álbum é composto por vários gêneros musicais, eu me pesava bastante, pensando em colocar um nome que ia combinar. Peguei todas as músicas, ouvi, e a grande pegada dele é o R&B com funk, essa foi meu princípio. O R&B é um ritmo mais romântico, e a primeira coisa que eu pensei foi em flores, que é um símbolo universal de romantismo. Pensei que meu álbum era além disso e como tinha meta de colocar brasilidade nas músicas pensei neste nome: “Não te trouxe flores, te trouxe funk”, esclarece.
Além de compor, Dêhh fez um trabalho 100% autoral, indo desde a gravação, produção musical, até o design da arte do álbum. “Eu amo fazer a música por inteiro, já fui MC de comprar beat, acredito que temos que valorizar muito o trabalho do beatmaker, mas eu acho que têm pessoas que não conseguem se encaixar nisso. Eu sou muito perfeccionista e por mais que eu cantasse em outros beats, ainda não era meu jeito. Quando eu faço tudo, 100% do trabalho é meu. Como eu quero me mostrar em forma de música, isso exige que eu faça quase tudo. Se eu quero me mostrar na música, como vou deixar alguém tocar no meu trampo? Eu sei que é bem egocêntrico, um defeito ou não, mas eu gosto assim”.
Independência
O rapper começou cedo na cultura, já são seis anos de estrada, superando barreiras, mas sem deixar de correr pelo sonho. Dêhh lembra com carinho a primeira vez que rimou em uma batalha improvisada. “Comecei a cantar e participar de rima aos 14 anos. Com 13, eu já tinha influência e escutava bastante rap, mas por minha família ser bastante preconceituosa, e eu ser muito novo, não conseguia me impor. A primeira vez foi bem aleatória, porque foi no velório da minha mãe. Eu lembro que o Disstinto (DJ e produtor musical) estava no enterro, ele me viu muito mal, me levou para fora da igreja, colocou um beat e começou a rimar. Então ele rimou e falou “agora é sua vez”, isso foi um momento muito importante para mim, porque ele conseguiu transformar algo triste em marcante”, relembra.
Agora aos 20, os obstáculos são outros. A luta por divulgação, investimento e até apoio de amigos são algumas das dificuldades de um artista independente. “É muita dor de cabeça, é você por você, tem que correr atrás de tudo. Às vezes você não vai ter grana de gravar em um estúdio massa, não vai ter dinheiro para comprar um beat, de fazer um clipe legal, é correria total, se você não corre, não vai subir”.
Mesmo assim, para Daniel essas não são as maiores barreiras: “a maior dificuldade é as pessoas. Elas não gostam de arte, gostam de pessoas famosas. Já coloquei meus sons em festas, muita gente gosta, mas quando perguntam quem é e digo que sou eu, elas desanimam, pelo fato de não ser famoso. As pessoas não te ajudam, se você crescer vão dizer que sempre te ajudaram, que você é da quebrada dele, mas quem é artista sabe quem está do lado, quem divulgou e quem desmereceu”.
Apesar disso, o artista independente desfruta de uma liberdade que muitos outros não conseguem. “O maior benefício é mexer com arte, é liberdade de expressão 100%. É você conseguir se expressar até conseguir se enxergar naquilo. Tem gente que faz isso com pintura, grafite, literatura, eu faço com o rap”, completa.
Pandemia
Dêhh vive altos e baixos, como qualquer outra pessoa, durante o período de isolamento social, em decorrência da pandemia do novo coronavírus. Conseguiu produzir e lançar um álbum completo em maio. “Eu fiz meu álbum durante a pandemia, foi um processo e estava bastante criativo. Estudei bastante, fiz muita coisa que eu não faria se estivesse trabalhando ou indo para faculdade. Então foi um momento que eu me concentrei e deu certo”
Mas agora, o artista convive com um bloqueio criativo. “Depois que eu lancei, aconteceram aqueles atos racistas no mundo, e até hoje não consigo me expressar sobre isso. Posso dizer que tristeza é o que mais sinto de tudo isso. E começou a me afetar, depois do meu álbum não consegui criar mais nada, e neste momento me sinto em um bloqueio criativo. Acho importante, porém triste o que estamos vivendo, 2020 é o ano de maior regressão que estamos tendo, para mim. Não estou na vibe de fazer música, porque procuro trazer algo mais leve e em uma pegada de love song, e agora não consigo nem escrever. Mas, tempos bons virão”, finaliza.






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