A importância das manifestações antirracistas

Vidas pretas importam? Até quando esse discurso vai ser apenas uma questão de rede social para você?
Bom, eu fui entender que sou uma mulher preta com 17 anos de vida, faz pouco tempo que eu entendi qual é o meu lugar no mundo e o que eu represento. Por isso eu vim dizer o quanto os meus medos, que o racismo criou, me afetam de todas as formas. Pessoas pretas precisam se entender no mundo antes mesmo de se entenderem como pessoas; para a gente a raça vem antes de qualquer coisa.
Sendo uma mulher preta, tive que lidar com os meus “dramas” sozinha, não tive mãos que me ajudaram a levantar, pois eu era a “amiga” que tinha que ficar calada ouvindo os problemas que realmente importam. Isso é racismo. Eu não sabia disso nesse tempo. Na verdade, eu não sabia nem que eu era uma mulher preta para início de conversa, mas saiba que a culpa não é minha, eu não tinha referências para me entender como mulher preta.
A vida das pessoas pretas no mundo é uma sobrevivência. Somos ensinados desde cedo que nós somos uma “ameaça” para a segurança da sociedade. Nos matam por medo, pois na cabeça de uma sociedade completamente doente, o que nos define é a nossa cor, o que nos define não é aquilo que pensamos, mas sim o que eles pensam.
Entender o meu lugar no mundo é sempre estar com o documento, seja lá para onde eu for, entender também que o meu cabelo não é público, pois as pessoas acham que podem pegar, meu corpo não é fetiche. Além de que eu preciso me esforçar dez vezes mais do que qualquer um, para ter uma boa qualidade de vida. Enfim, é preciso saber das regrinhas básicas de como viver em uma sociedade racista.
Nossa história é negada, apagada e simplesmente omitida. Muita gente não sabe, pois não foi ensinado, mas nós éramos reis e rainhas na África, que é um continente, e não um país caso não saiba; éramos um povo que saíamos de nossas culturas, que tinham terras próprias, seus sonhos próprios, suas famílias, eram pessoas donas de suas vidas, que após a colonização tudo isso foi retirado para sempre.
Manifestações em 2020
A cada 23 minutos, no Brasil, um jovem negro é morto, entrando mais uma vez para a grande estatística que nos leva a temer por nossas vidas. E nesse ano turbulento de pandemia pelo novo coronavírus (Covid-19), estamos presos em casa, mas não ficamos protegidos contra o racismo e da violência policial.
Após o assassinato de George Floyd, nos Estados Unidos, sob custódia de um policial branco, crime que reacendeu um debate sobre a desigualdade da qual a é vítima a comunidade negra. Milhares de manifestantes protestaram no dia 6 de junho, rumo à Casa Branca. As manifestações ficaram cada vez mais intensas por lá, trazendo questionamentos e pedidos de mudança na estrutura do trabalho dos policiais.
Além dos Estados Unidos, o mundo todo está protestando, após os assassinatos constantes de pessoas pretas. No Brasil, as mortes de João Pedro, Miguel e outras crianças causaram revolta e trouxeram debates sobre o racismo e violência policial, principalmente dentro de favelas.
A morte de João Pedro foi uma das citadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin para suspender as operações policiais nas favelas durante a pandemia de Covid-19. O Governo do Rio disse que, embora ainda não tenha sido comunicado da decisão, irá cumprir a ordem.
A gente não vai se calar, racismo é crime, é preciso ser combatido, não só por nós pessoas pretas, mas também por pessoas brancas. Use o seu privilégio branco para nos ajudar nessa luta. “Em uma sociedade racista, não ser racista não é o bastante. É preciso ser antirracista” – Angela Davis.
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