População permanece insegura quanto a futura campanha de vacinação contra a Covid-19

Farmacore, Oxford, Cansino, Sinovac Biotech e o Instituto Butantan são algumas das empresas que estão em busca de uma vacina eficaz contra o coronavírus. Todas as empresas anteriormente citadas encontram-se na fase 3 dos testes da droga e possuem metas exorbitantes de produção, que está programada para ter início após confirmada a eficácia do produto. No entanto, estudos realizados pela revista Nature Medicine, no início do mês de outubro, demonstram a insegurança e a não aceitação da população quanto a eficiência da futura vacina e a obrigatoriedade das campanhas de imunização.
Pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Transportes (CNT) aponta que 11,2% dos brasileiros não querem ser vacinados e lutam pela não obrigatoriedade da vacina. De acordo com a estudante de comunicação Marina Barbosa existe a falta de um diálogo. “Não adianta falar dos produtos que estão na disputa explicando como cientistas, o que a população precisa é de uma explicação simples e clara sobre o que é e como vai funcionar realmente. As pessoas querem poder escolher conscientemente e a melhor forma é através da informação ao invés de tentarem empurrar um medicamento ‘garganta abaixo’’’, conclui Marina.
Gabriel Lira é estudante de Engenharia e perdeu familiares para a doença. “Eu entendo que as pessoas estejam receosas porque é algo novo, mas temos um problema aqui e enquanto houver medo continuaremos perdendo as pessoas que amamos. Então eu estou ansioso para iniciarem as campanhas de vacinação”. Após a aprovação e a distribuição do medicamento podem se dar início as campanhas de vacinação que tendem a ser organizadas de acordo com as classificações de riscos, dentre elas: idosos, profissionais de saúde, gestantes etc.
As fake news têm maior alcance entre a população
Um em cada quatro brasileiros permanece resistente a receber a vacinação contra a Covid-19, segundo os dados que foram divulgados pelo Ibope.
Segundo a pesquisa, as faixas etárias entre 25 e 34 anos são as mais relutantes quanto ao medicamento, usando de embasamentos que não são científicos para se justificarem.
Dentre eles encontram- se participantes de grupos anti-vacinação, como é o caso da página criada no Facebook, O Lado Obscuro das Vacinas, que em suas publicações divulgam os supostos compostos dos fármacos, questionando sobre seus benefícios à saúde, dando ênfase nos malefícios que segundo eles são causados pelos medicamentos. Em suas postagens há comentários dos seguidores oferecendo apoio e outros de repreensão quanto aos pensamentos divulgados por jugarem ser fake news.
A concurseira Brenda Cavalcante não participa do grupo, mas se enquadra na pesquisa. “Eu não me sinto segura quanto a este medicamento que está sendo produzido às pressas como em uma disputa onde o prêmio maior não é a nossa saúde.” Ela afirma ainda que as empresas querem dinheiro, buscam pelo poder enquanto esquecem que estão tratando de vidas.
“Até agora eu não ouvi as pessoas comentarem coisas boas sobre esse remédio, eu não confio nesses países de fora, a gente vive em guerra constante por interesses maiores. Pago minhas contas e não vou tomar isso nem a pau, (Sic) não sei se funciona e não vou testar. Eu espero os outros tomarem primeiro (risos) e se for bom mesmo aí eu vou buscar tomar”, comenta o aposentado José Ribamar Santana que permanece de quarentena por se enquadrar na classe de risco. Ele conclui dizendo que “Tudo é no tempo de Deus, se for chegada a hora de partir irá em paz”.
A imunologista Sabrina Terto comenta que a disseminação de fake news por grupos ou independentemente quando associadas à falta ou a má informação podem causar pânico. “É normal que no momento que estamos, grupos anti-vacina estejam focados em denegrir os benefícios que a vacina vem nos proporcionar. Agora, o que não é aceitável é a falta de informação. Eu quero deixar claro que a vacinação é benéfica para toda a população e nós já passamos por isso em outros momentos ou como as pessoas acham que surgiram as vacinas que já temos? Elas surgiram da necessidade de sanar doenças, de nos prevenir contra elas. E houve mortes, houve contras, mas conseguimos alcançar os prós. E os benefícios que elas trouxeram foram bem maiores, conseguimos garantir a saúde de milhares e nesse momento está faltando fé e credibilidade na ciência”. Ela conclui pedindo credibilidade aos serviços que estão sendo prestados pela área da ciência e saúde.
Pronunciamento do presidente da República entra em conflito com as leis
A Secretaria de Comunicação da presidência da República (Secom) publicou uma nota afirmando que “Ninguém pode obrigar ninguém a tomar vacina”, frase pronunciada pelo presidente Jair Bolsonaro em resposta à uma apoiadora que pedia pela não obrigatoriedade da vacinação contra a Covid-19. Este pronunciamento entra em contradição com a lei outorgada e já vigente, sancionada pelo mesmo sob o N° 13.979, em 6 de fevereiro de 2020, que prevê poderes aos estados para realizar a vacinação compulsória e com o Estatuto da Criança e do Adolescente, ECA, que estabelece que toda criança deve ter a caderneta de vacinação em dia, caso contrário, a mesma pode até ser impedida de frequentar a escola.
Segundo o advogado Vicente Braga a conscientização da população através de campanhas explicativas pode ser a melhor saída. “Não precisaremos recorrer à justiça se fizermos melhores campanhas de divulgação da vacinação. No entanto, devemos deixar nítido que podemos, sim, fazer se cumprir a lei caso haja esta necessidade partindo do pressuposto que estamos buscando um bem maior e coletivo, que é a erradicação ou o controle deste momento de pandemia que estamos vivendo e que vamos superar juntos”.
O presidente da Câmara Rodrigo Maia se pronunciou durante uma live ao jornal Valor, realizada em outubro, propondo aos poderes Executivo e Legislativo uma união que estabeleça sanções aos cidadãos que se recusem a tomar a vacina, como proibição de ocupar cargos públicos e/ou receber salários provindos destes dentre outras. Ele afirma que não é a favor da obrigatoriedade, mas acredita ser de suma importância que se faça valer os direitos para o bem coletivo. “Acho que seria bom que os poderes Executivo e Legislativo chegassem a um caminho sobre este tema. Para que ele não fique sem solução e o Poder Judiciário tenha que resolver e, depois, fiquem todos reclamando que o Judiciário o resolveu”, declarou Maia.






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