Interesse no autocuidado leva à ascensão das terapias

Segundo a Vittude, plataforma de psicoterapia virtual, após a pandemia, a procura por atendimentos psicológicos teve um aumento de 500% até os dias de hoje.

Arthur Batista da Silva Isacksson

Postado em 10/04/2025

A terapia é um processo de tratamento que busca ajudar uma pessoa a lidar com questões emocionais, psicológicas ou comportamentais, que vêm crescendo entre os brasileiros nos últimos anos, principalmente após a pandemia. Com o aumento do interesse no autocuidado e desenvolvimento pessoal na atualidade, muitas pessoas passaram a perceber a importância de cuidar da saúde mental, buscando no acompanhamento psicológico uma forma de melhorar sua qualidade de vida.

De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde, em 2019, apenas 6,5% da população brasileira fazia ou procurava por serviços de terapia. Já após a pandemia, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) registrou que 60% da população brasileira fez, faz ou procurou por serviços terapêuticos.

Renata Santana, psicóloga clínica especializada em saúde mental, destaca que a crescente busca por terapias nos últimos anos está ligada não apenas ao aumento da conscientização sobre a importância da saúde mental, mas também à diferenciação entre as diversas abordagens terapêuticas.

Segundo ela, embora o termo “terapia” seja frequentemente associado à psicoterapia, é essencial entender que existem muitas práticas que podem ser terapêuticas, como a atividade física, que também é importante para o bem-estar geral.

Santana observa que, apesar de a população brasileira estar gerando altos índices de ansiedade e depressão, especialmente após a pandemia, o estigma em torno das terapias ainda persiste, dificultando o acesso ao tratamento psicológico. “Apesar de um aumento na procura por terapias, o maior desafio ainda é fazer com que as pessoas entendam que o processo terapêutico não é uma solução mágica e imediata. É importante que haja campanhas de conscientização, que exista orientação de como funciona um processo terapêutico”, afirma Renata.

O estigma em torno da terapia é um dos maiores obstáculos para muitas pessoas buscarem ajuda, e a ampliação da compreensão sobre o que constitui uma terapia pode estar impulsionando o aumento da procura por esses serviços, especialmente em um contexto onde a saúde mental se tornou uma prioridade para muitos.

Renata Santana, psicóloga clínica.
Foto: Arquivo pessoal

A terapia como caminho para a qualidade de vida

Para ilustrar como a terapia tem impactado a vida das pessoas, Letícia Lima, jornalista, compartilhou sua experiência no processo terapêutico. A jovem iniciou os processos terapêuticos há 7 meses, por conta do estresse excessivo e por não estar conseguindo lidar com situações que estavam atrapalhando vários âmbitos de sua vida. Ela contou como está sendo seu acompanhamento psicológico e como tem sido crucial em sua jornada de autoconhecimento e cuidado com a saúde mental.

“Eu sentia um pouco de receio de iniciar o processo terapêutico, porque eu não sabia como funcionava uma terapia, eu só sabia que iria conversar com alguém. Mas, na verdade, o que eu encontrei ali no processo foi muito diferente. São dicas simples que influenciam muito na nossa vida. A terapia contribui, com toda certeza, para a melhoria de como nos comunicamos com as pessoas, em nossos relacionamentos sociais. Então, a terapia é um processo contínuo de autoconhecimento e autocuidado. Quando você entende a importância da terapia, você se coloca como prioridade”, ressalta a paciente.

Letícia ainda destacou o porquê as pessoas estão buscando uma melhor qualidade de vida através das terapias. “Eu acredito que a percepção das pessoas mudou um pouco em relação à saúde mental, justamente por conta das redes sociais, seja através das consequências negativas ou através dos influenciadores”.

Letícia Lima, paciente em terapia.
Foto: Arquivo pessoal

Juntamente com Letícia Lima, Eduardo Gama, estudante de 21 anos, também deu seu depoimento sobre as terapias. O jovem está no processo terapêutico há dois anos e, para ele, a terapia é um processo libertador, onde é possível tratar de temas que o incomodavam há muito tempo. “A terapia impactou na minha qualidade de vida, na forma como eu me vejo e vejo o mundo. A terapia me deu ferramentas para lidar com problemas que eu tinha e afastar certos traumas. Eu aprendi a lidar melhor comigo mesmo, me ajudou a entender meus limites, melhorou muito minhas relações interpessoais. Eu me sinto muito mais confiante”, afirma o jovem.

Além disso, Eduardo enfatiza o aumento das terapias entre os jovens. Para o estudante, o principal fator para essa crescente é a internet. Com o fácil acesso a especialistas e estudos, as redes sociais permitem uma maior compreensão e desconstrução de estigmas sobre as terapias na sociedade.