A moda streetwear brasiliense tem ganhado destaque nos últimos anos, com jovens criando marcas que refletem a identidade local. O estilo não apenas enriquece o cenário fashion de Brasília como também ajuda a definir o que é visto nas ruas.

De acordo com dados da consultoria Lemi Inteligência de Mercado, o segmento de vestuário casual, que inclui o streetwear, registrou um crescimento de 10,3% de 2016 para 2017, superando a média do varejo de vestuário em geral, que foi de 8,1%. Esse aumento demonstra a preferência crescente dos consumidores brasileiros por roupas mais informais e alinhadas ao estilo urbano.

Julia Silva, de 20 anos, formada em Moda e consumidora de moda streetwear, diz que o que lhe atrai neste estilo é a força da expressão pessoal. “Você pode explorar diversos tipos de peças e colocar a sua identidade ali”. 

A Jovem acredita que a identidade streetwear brasiliense é muito baseada nas vivências periféricas do Brasil. “São diversas referências a essa cultura, baseado no estilo de vida dessas pessoas e principalmente na música, como o boom bap”.

A tendência ao localismo, que valoriza elementos da cultura local como ferramenta mercadológica, também se faz presente em Brasília. Marcas de moda que incorporam aspectos culturais regionais em suas identidades conseguem criar conexões mais profundas com o público, reforçando o sentimento de pertencimento e autenticidade.

Neste sentido, Iasmin Andrade, consumidora do mesmo estilo e dona do ‘Morcega Brechó’, brechó online em Brasília, conta que percebeu que os jovens brasilienses estão cada vez mais interessados em streetwear quando buscam por opções em sua loja. “Acredito que o streetwear seja mais sobre um movimento cultural baseado no hip hop e no rap, como forma de resistência cultural, do que só sobre um estilo a ser seguido”.

O streetwear nasceu nas periferias das grandes cidades, por isso tem forte presença cultural através da música, arte, grafite e skate. Os jovens brasilienses carregam mensagens que representam essa vivência, seja através de estampas ou modelagens.

Iara Vidal, jornalista e pesquisadora independente do encontro da moda com a política, levanta pontos importantes sobre isso. “A moda expressa o espírito do tempo. Está no DNA desse sistema. Não só em Brasília, mas em qualquer lugar onde a indústria da moda alcança, ela funciona como um caleidoscópio da modernidade. Vai além da expressão da identidade individual, também refletindo contradições, gênero, política e lutas sociais. No Distrito Federal, isso não é diferente.”

A brasiliense ainda destrincha outro fator que influencia fortemente os jovens na hora de se vestir, as redes sociais. “O que muda na juventude de hoje é a influência das redes sociais. A velocidade da informação e a capacidade de ser meio, veículo e mensagem na palma da mão transformaram a forma como a moda é consumida. Esse modo de vida se reflete na moda por meio do *fast fashion* e do *ultra fast fashion*. Nesse universo digital, que nada mais é do que um prolongamento da vida analógica, os algoritmos ajudam a moldar os padrões de consumo de roupas.”