Escolha do método pedagógico: como decidir o melhor para seu filho?

Perfil da criança e expectativa da família devem ser considerados na hora da escolha

Paola Cieglinski Lobo

Postado em 27/03/2025

Livros e jogos educativos ajudam no desenvolvimento infantil e principalmente no seu desempenho escolar / Foto: Paola Cieglinski
Livros e jogos educativos ajudam no desenvolvimento infantil e no desempenho escolar / Foto: Paola Cieglinski

Escolher uma escola com base no método pedagógico que ela adota demanda tempo. É preciso conhecer as diferentes abordagens educacionais e o perfil da criança. Com a variedade de métodos disponíveis – tradicional, montessoriano, waldorf, construtivista e freiriano –, muitos pais se questionam: como tomar a melhor decisão?

Cada metodologia traz impactos específicos para o aprendizado e a formação das crianças. Enquanto alguns métodos priorizam a autonomia, outros focam na estruturação do conhecimento e na preparação acadêmica. A escolha do modelo educacional envolve não apenas o perfil da criança, mas também as expectativas da família sobre o desenvolvimento infantil e os valores que desejam reforçar ao longo da educação.

Entendendo os métodos pedagógicos

Segundo Sheila Borges, coordenadora do curso de Pedagogia EaD na Universidade Católica de Brasília, cada método pedagógico possui características próprias, as diferenças entre os métodos pedagógicos vão além da forma como o conteúdo é ensinado.

O modelo tradicional, por exemplo, baseia-se na transmissão de conhecimento pelo professor, com foco na memorização e na aplicação de avaliações padronizadas. Já o montessoriano propõe um aprendizado mais autônomo, no qual a criança tem liberdade para explorar o conhecimento de acordo com seu ritmo e interesses.

Na abordagem Waldorf, a proposta é voltada para o desenvolvimento integral da criança, incluindo aspectos cognitivos, emocionais e até espirituais. Artes, música e atividades manuais fazem parte do currículo, promovendo uma aprendizagem mais sensorial. O construtivismo, por sua vez, enfatiza a construção ativa do conhecimento por meio da resolução de problemas e do aprendizado colaborativo, enquanto o método freiriano incentiva a reflexão crítica sobre a realidade, estimulando a participação ativa dos alunos no processo de aprendizagem.

Para a pedagoga e professora da educação infantil Sarah Xavier, o papel do educador é incentivar os pais a pesquisarem sobre as diferentes abordagens. “As escolas têm a sua visão clara, você consegue entender qual é o objetivo e ver se aquilo te atende ou não”.

A psicopedagoga Maysa Souza reforça a importância de observar como a criança aprende melhor. “Se a criança tem o perfil mais autônomo, os pais podem encaminhá-la para escolas montessorianas, que estimulam o aprendizado com foco na autonomia. Já crianças que precisam de um ambiente mais estruturado e metódico, podem ser encaminhadas para escolas de ensino tradicional”, sugere.

Os pais podem realizar testes com as crianças, trabalhando diferentes formas de ensino e aprendizagem / Foto: Paola Cieglinski
Os pais podem realizar testes com as crianças, trabalhando diferentes formas de ensino e aprendizagem / Foto: Paola Cieglinski

A experiência dos pais

Na prática, a busca pela escola ideal envolve uma combinação de fatores. Para alguns pais, o critério principal é a abordagem pedagógica, enquanto outros priorizam aspectos como a proximidade da escola, a segurança e o bem-estar da criança.

Danusa Vieira, servidora pública, conta que a decisão foi tomada após muita pesquisa e visitas a diferentes escolas. “Além de pegar informações com conhecidos, visitamos várias instituições pessoalmente. No final, a avaliação positiva do meu filho, a estrutura, a flexibilidade dos horários e a proximidade de casa pesaram bastante”, relata. O filho de Danusa estuda em uma escola que utiliza o método sócio-construtivista-interacionista, onde o aluno é protagonista do aprendizado.

Já a publicitária Carolina Guedes e o marido tinham clareza de que não queriam para os filhos o mesmo modelo conteudista e tradicional que vivenciaram na infância. Para eles, era essencial que a escola trabalhasse por projetos e tivesse um ensino mais lúdico. Além disso, a escolha foi influenciada por valores institucionais, como um processo de adaptação respeitoso e um ambiente acolhedor. A escola onde seus filhos estudam têm uma abordagem holística de ensino, trabalham três valores básicos desde a educação infantil até o ensino médio: ser responsável, ser respeitoso e ser gentil. 

Como avaliar a escolha certa?

Para reduzir as incertezas, é recomendado que os pais visitem as escolas, conversem com professores e procurem conhecer o dia a dia da instituição. Além disso, ouvir relatos de outras famílias que já fazem parte daquele ambiente pode oferecer uma visão mais realista sobre a metodologia aplicada na prática.“É interessante buscar pais de crianças que estejam matriculados naquela escola, que estejam realmente vivenciando aquilo”, comenta Sarah.

Outro ponto fundamental é a participação ativa da família no processo educativo. A psicopedagoga Maysa Souza explica que os pais precisam reforçar conteúdos e práticas abordadas na escola em casa. “Demonstrar interesse em conhecer as necessidades da sua criança, motivá-la sempre a estudar e buscar uma boa relação com a escola pode ajudar nesse processo”, afirma.