Mulheres à luta! Conheça o Movimento Olga Benário
Por meio de atos políticos e debates, coletivo luta pela causa feminista
Postado em 08/04/2024
A sub-representação feminina na política de Brasília reflete uma tendência nacional preocupante. Embora as mulheres constituam a maioria da população e do eleitorado, sua presença nos cargos políticos permanece significativamente inferior à dos homens. Esta disparidade, evidenciada por dados do TSE entre 2016 e 2022, revela não apenas a misoginia arraigada na sociedade, mas também obstáculos como sistemas partidários que favorecem candidatos masculinos, falta de financiamento para candidaturas femininas e estereótipos de gênero que desencorajam a participação das mulheres na política.
O Movimento de Mulheres Olga Benário surge com a promessa de não apenas abrir espaço, mas também dar enfoque à participação feminina na política brasileira e brasiliense. De acordo com Ruhama Pessoa, veterinária e militante no movimento, a iniciativa surgiu em 2011 com uma coordenação de trabalhadoras em Caracas, na Venezuela. “O encontro teve como objetivo abrir espaço para essas mulheres e, inicialmente, denunciar a violência feminina”, explica a ativista.
Pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo
O movimento se expandiu ao longo dos anos e logo se aliou à União Popular, partido recente de extrema-esquerda que tem como objetivo a luta anticapitalista e antirracista. Por meio de plenárias, manifestações e estudos coletivos sobre o feminismo-marxista, as militantes ingressam com tudo na batalha pela emancipação feminina sob uma ótica coletivista e interseccional. Fernanda Cristina, participante ativa no coletivo, ressalta o caráter anti-sistêmico da iniciativa. “Nós não representamos um feminismo burguês, que se contenta com mudanças muito pontuais. Acreditamos que o sucesso dessa luta vem com a superação do sistema capitalista, que abrange outros tipos de batalha também.”
Iluminar e denunciar: O legado de Olga Benário
A necessidade dessa superação se manifesta de maneira acadêmica e empírica. Além das denúncias e reportagens educativas por meio do jornal independente A Verdade, as filiadas sugerem pautas para levar às ruas por meio de debates e rodas de conversa, assim movimentando o cenário político. “Temos questões como a falta de auxílio-creche e a crescente incidência de assédios nas salas de aula da UnB,” Ruhama afirma. Após a discussão e problematização dos assuntos, as militantes exigem mudanças por meio de protestos e manifestações, muitas vezes ousando mobilizar autoridades políticas.
Certa vez fomos de porta em porta, em casas de deputados, exigir apoio financeiro para nossa causa”, Fernanda relata ao evidenciar o comprometimento com a luta feminista em uma escala maior. O movimento conta com o financiamento e apoio da deputada Érika Kokay (PT) e do deputado Max Maciel (PSOL), viabilizando sua expansão e desenvolvimento.
O coletivo atualmente apresenta um número crescente de filiadas, e a perspectiva no núcleo brasiliense não é diferente. “Nosso plano é crescer”, Fernanda afirma. “Organizar mais mulheres, organizar mais trabalhadoras. Dar esse espaço para que elas possam entender o que acontece em seu cotidiano, e levantar suas mão em um ato de protesto.”