Pipeiros do DF buscam espaço para praticar o esporte
Local específico para a atividade visa facilitar os treinos e garantir a segurança das pessoas
Postado em 09/05/2024
O que antigamente era brincadeira de criança, agora, aos poucos, tem virado esporte sério, com competições, prêmios e tudo: a pipa esportiva. Desde fevereiro desse ano, o estado do Espírito Santo passou a reconhecer oficialmente a pipa como modalidade esportiva. Além disso, o Brasil tem atletas tricampeões do Campeonato Mundial de Pipa que acontece a cada dois anos em Dieppe, na França. Reconhecimentos como esse são bastante significativos para a comunidade nacional de pipeiros esportivos, mas os pipeiros do Distrito Federal ainda buscam por espaço e reconhecimento na capital do país.
A Associação de Pipeiros Esportivos de Brasília (Apebe), representante do esporte no DF, aponta falta de regulamentação da prática como uma das grandes dificuldades enfrentadas pelos praticantes do esporte: “Não temos um lugar apropriado, em lei, para praticarmos nosso esporte”, explica o presidente da Apebe e pipeiro esportivo a quase 10 anos, Luiz Cláudio Teixeira da Silva, também conhecido como “Feião”. “Nosso objetivo foi sempre pela segurança não só de quem solta pipa, mas também das pessoas próximas, que podem estar passando. Por isso, sempre reforçamos aos pipeiros a importância de procurar lugares desertos, mais afastados”, completa Feião.
O presidente também destaca que o período de férias costuma ser o período mais propício para acidentes. Segundo ele, os chamados “pipeiros de temporada” – que soltam pipa só em uma época do ano – muitas vezes agem de forma irresponsável, praticando próximos à vias públicas. Feião acredita que se Brasília regulamentasse pipódromos – espaços específicos para prática da atividade esportiva, artística e de lazer de soltar pipa – os acidentes diminuiriam significativamente.
Procurada, a Secretaria de Esporte e Lazer do Distrito Federal não se manifestou até o fechamento da matéria.
Entenda um pouco sobre o esporte
Assim como em todos os esportes, os atletas precisam treinar antes de competir. Os pipeiros esportivos também. Para isso, eles frequentemente realizam “combates” entre equipes – similar a um amistoso entre times de futebol. Em resumo, ganha quem fizer mais “cortes” nas pipas adversárias.
Quando as pipas são cortadas, elas voam por aí sem controle. Para evitar acidentes, existem os chamados “xepas”, que são responsáveis por recuperar as pipas e as linhas que foram cortadas.
Nas competições ‘pra valer’, os combates são feitos individualmente ou em grupos de até cinco pessoas. Cada atleta/grupo irá competir com outros dois atletas/grupos. No fim, ganha a pipa que não for cortada. Em geral, a competição costuma ser bem rápida, mas como é um esporte que depende exclusivamente do clima, às vezes acontece de atrasar ou de adiarem a competição para outro dia.
Fundada em 2010 no Guará, a equipe “Tchau, foi emboraaa” é bastante ativa no cenário de pipas do DF. O fundador, e pipeiro esportivo há 20 anos, Robson Ferreira – Mamute – conta que além do treinamento nos combates, também é preciso “treinar bem o psicológico” para estar preparado para o estresse causado por uma competição. Mamute, de 45 anos, é dono de uma gráfica no Guará. Assim como ele, a maioria dos outros pipeiros possui uma profissão paralela ao esporte. “Apesar do meu amor pela pipa esportiva, a falta de apoio e patrocínio inviabiliza a possibilidade de viver totalmente disso hoje em dia. Até tem alguns que vivem disso, mas são bem poucos”, explica. Ele também diz considerar a pipa “uma válvula de escape”, o motivo que fez com que ele seguisse no esporte.
“A pipa para mim é uma válvula de escape. Me ajuda a desestressar e esquecer um pouco os meus problemas” – Mamute, pipeiro há 20 anos.
Foto por Estefania Lima.
“Maioria desacredita até ver o dinheiro entrando na conta e os troféus na mão”, conta o pipeiro Eduardo Pereira – Dudu – sobre como as pessoas costumam reagir quando ele diz ser pipeiro esportivo. Dudu é praticante do esporte há quase 4 anos e também é membro da equipe Tchau, foi emboraaa.