O gosto pela música é capaz de transformar vidas e mudar trajetórias. Pablo Nicácio, artista independente do Paranoá, acredita que o caminho para se tornar reconhecido é árduo, mas investir no próprio sonho é algo que vale a pena. Em um estúdio adaptado em casa e com o auxílio do gravador do celular, as ideias são colocadas em prática, fazendo com que o sonho de ser reconhecido se torne um pouco mais palpável a cada dia.

Muito se fala em referências, afinal, elas são necessárias para o ponta pé inicial. Para Nicácio, as inspirações partem de lugares diferentes. Musicalmente falando, MC Daleste e Tupac Shakur são sinônimo de identificação pessoal em vários aspectos. E claro, a família e os amigos do convívio cotidiano também fazem parte disso.

‘’Meu maior sonho é conseguir viver da arte e principalmente trazer reconhecimento e esperança para o lugar de onde vim’’, diz o artista.

O que te inspirou a iniciar uma carreira musical?

Sempre gostei muito de ouvir música, mas comecei a criar maior interesse quando escrevi as minhas primeiras poesias e rimas. A partir desse momento, fui me aprofundando e desenvolvendo mais, mas acredito que ainda tenho muito a aprender.

Como é ser um artista independente? Quais dificuldades você já enfrentou?

Ser um artista independente é saber que eu preciso me comprometer duas vezes mais para conseguir conquistar o que eu quero. Por enquanto, eu mesmo gerencio a minha carreira. Ainda não tenho uma assessoria responsável por cuidar da minha imagem artística, portanto tudo fica por minha conta. Já enfrentei várias dificuldades e tive algumas expectativas frustradas, mas acredito que isso é parte do processo e sempre tento tirar algum aprendizado disso. O que mais acontece é ter que investir tempo e dinheiro na minha carreira artística, enquanto preciso continuar trabalhando com coisas que não são relacionadas à música. Já trabalhei como garçom, entregador de aplicativo e atendente de floricultura. Atualmente, trabalho com eventos, e dedico à música o meu tempo livre.

Como é seu processo de criação ? 

Muitas vezes eu crio músicas com base em algum tema da minha vida, em outras só escrevo poesia com o intuito de desabafar. Talvez, naquele momento, eu sinto o que precisa ser falado e, outras vezes, eu apenas coloco um beat e faço a música com o famoso freestyle. Vou rimando, se eu errar, regravo até sair algo que me deixe satisfeito. 

Qual a sua música favorita da sua autoria? O que ela significa pra você?

Minha música favorita de minha autoria é a ‘’Defendendo o que acredito’’. Ela representa muita coisa sobre mim, sobre pessoas que perdi ao longo da minha trajetória, ao mesmo passo que também fala sobre as que me cercam, vislumbres de situações que aconteceram comigo e que me deixaram entre a vida e a morte. Resumindo, é um pedaço da minha vida. 

Você já conquistou reconhecimento?

Posso considerar que sim, visto que já sou reconhecido em alguns lugares aqui por perto, mas almejo alcançar bem mais. 

O que te motiva a continuar?

A vontade que eu tenho de realizar meu sonho. A música me salva, me liberta e me ajuda a tomar certas decisões na minha vida, enquanto o outro lado do apoio vem das pessoas que me cercam e que não me deixam desistir.

Qual a sua contribuição para a sociedade?

Sinto que posso contribuir para a sociedade por meio da minha música, essa é a mensagem que eu tento passar. É como eu tento mostrar para as pessoas que, independentemente do que estiverem passando, elas não estão sozinhas. Cada um pode ser o que quiser, basta acreditar. Em esferas sociais, no ano passado, eu e meu amigo Mateus iniciamos um projeto social no dia das crianças,  com o intuito de tentar fazer algo que seja capaz de trazer outra perspectiva para os moradores do Paranoá, especialmente da Quadra 13.

O que te diferencia dos outros artistas?

Muitas pessoas me dizem que é a junção da minha voz com as minhas letras. Mas, ao meu ver, o que mais me diferencia de outros MC’s é a minha personalidade e a sinceridade que tento comunicar nas letras.