Cuidador de idoso é uma das profissões que mais cresce no Brasil

Com o envelhecimento da população, a categoria ganha destaque e reivindica mais direitos

Por: Brunna Feitosa, João Vitor Rapousa, Audrey R. Mendes e Rafael Magalhães

Postado em 25/11/2021

Cuidador auxiliando na alimentação do idoso

Segundo o IBGE, até 2060, o número de idosos será maior que o de jovens. Com esse envelhecimento acelerado da população brasileira, cada vez mais idosos necessitam de atenção especial no cuidado com a saúde. Para suprir essa necessidade a profissão de cuidador de idosos é uma das que mais cresceu nos últimos anos aqui no Brasil. Segundo os dados do Cadastro de Empregos e Desempregos, no ano de 2007, havia 5.263 cuidadores de idoso no Brasil. Até o ano de 2017 já eram mais 34.000 profissionais atuando no mercado e a tendência é que continue crescendo.

O cuidador de idosos é capacitado profissionalmente para zelar pela integridade física, psicológica e pelo bem-estar de idosos em casas de repouso, em clubes da terceira idade ou para atuarem em acompanhamentos particulares. No curso profissionalizante são abordados temas como postura e ética profissional, alimentação e higiene do idoso, uso de materiais de apoio como cadeiras e barras de segurança, lazer e integração social do idoso, primeiros socorros, ações de emergência, manejo postural do idoso, noções de uso de aparelhos e as principais patologias que podem acometer o idoso e suas características

No Distrito Federal, o curso pode ser encontrado nos Centros de Juventude (CJ)  de forma gratuita. Desde 2018, 665 alunos já participaram do projeto.  A carga horária é de 200 horas/aulas, com aulas de segunda a sexta-feira. Devido a pandemia o curso foi adaptado para ensino a distância (EAD). Antes da Pandemia os CJ-DF eram destinados para jovens que morassem na Ceilândia, Samambaia e Estrutural, com o curso EAD passou a abranger todas as regiões administrativas do DF.

Última turma presencial do curso de formação de cuidador de idosos do Centro de Juventude do DF – Créditos Professora Fernanda Pereira

“A importância do cuidador é essencial neste momento que é o envelhecimento. O cuidador não só cuida, ele é: muitas vezes os olhos, as pernas do idoso, um amigo que está ali todos os dias, é a companhia desta pessoa e é muito mais que possamos imaginar. São anjos na vida de um ser”,  palavras da Professora Fernanda Pereira, docente do curso de cuidador de idoso, sobre a profissão.

A categoria luta pela regulamentação da profissão para maior valorização. A atividade consta da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) do Ministério do Trabalho, mas o projeto de regulamentação foi vetado pela Presidência da República em 2019, e o Congresso manteve o veto. O tema chegou a ser discutido em audiência pública dia 13 de setembro pela comissão de defesa da pessoa idosa da câmara dos deputados.

Para a professora Fernanda Pereira a regulamentação evitaria o acúmulo de funções: “O tempo que o Cuidador deixa o idoso sozinho para fazer atividades domésticas está desvalorizando este profissional que se capacitou e colocando em risco a segurança do idoso. São  necessárias leis que proíbam o cuidador doméstico de realizar atividades domésticas”

A diretora da (Associação dos cuidadores de idosos da região metropolitana de São Paulo (Acirmesp) Cristina Alves conta que já recebeu várias reclamações de desvio de funções. “Carga de horário abusiva, baixos salários, falta de registro em carteira, falta de local e horário adequado para se alimentarem. Têm casos de cuidadores trabalhando de domingo a domingo. Existem abusos exorbitantes. Muitos reclamam de serem obrigados a fazer atividades domésticas de toda casa, cuidar de animais domésticos.’’

Apesar do veto, a categoria não desistiu e segue na tentativa de maior regulamentação, buscando novas alternativas. Uma delas foi o Projeto de Lei 5178/2020, de autoria do Senador Paulo Paim (PT/RS). A última tramitação do projeto foi no dia 14 de setembro de 2021.