Traços que transformam

Nestes seis anos de existência, a Revista Traços dá oportunidade de recomeço aos porta-vozes da cultura

Por: Brunna Feitosa, João Vitor Rapousa, Audrey R. Mendes e Rafael Magalhães

Postado em 01/11/2021

Mais de 390 porta-vozes da cultura já passaram pela revista, que também pode ser adquirida na sede, na 208 Norte ou no site da Traços

No dia 4 de novembro a revista Traços comemora seis anos de existência, divulgando a cultura do Distrito Federal e dando novas oportunidades aos porta-vozes da cultura. Neste tempo de existência, passaram pela revista aproximadamente 390 pessoas. Dessas, mais de 180 conseguiram empregos formais ou informais, 100% delas passaram a se alimentar com próprios recursos, 100% passaram a ter cuidados com higiene pessoal e mais de 60% acessaram comunidades terapêuticas, fazendo tratamento para a drogadição. Hoje são 34 porta-vozes ativos, este número muda diariamente devido a entrada de novos porta-vozes ou a ida deles para o mercado de trabalho.

Otília do Carmo Rocha é um exemplo desta mudança de vida. Já esteve em situação de rua e há quatro anos é porta-voz da cultura, tendo como ponto de venda o Bar Piauí, na Asa Norte. Até chegar na dignidade proporcionada pela revista, Otília passou por diversas situações.

Em um espaço de dois anos encontrou sua irmã morta em casa e perdeu sua filha de cinco anos com leucemia. Em 2010 perdeu o marido, com Doença de Chagas, e o irmão, assassinado. Anos depois foi abandonada pelo então companheiro, que a deixou sem nada, e assim foi morar com uma amiga. O problema era que a amiga usava drogas, deixando a convivência inviável. Sendo assim, Otília decidiu ir morar na rua.  Após a experiência na rua, ela foi acolhida pelo Abrigo Casa Flor, onde conheceu a revista Traços.

“Consegui meus dentes, consegui pessoas maravilhosas que gostam de mim, que tiram fotos comigo, ganhei um celular de um cliente; e só evoluindo. Pago meu aluguel, saí da casa da mulher em que eu fazia faxina, pago minhas contas. A Traços me ajudou e me ajuda muito, a Traços não é uma empresa, é como uma mãe. É uma família.”

Em todos esses anos vendendo revistas no Bar Piauí, Otília fez amigos, ganhou admiradores e serviu de inspiração para a Adriana. Amante declarada da cultura brasiliense, ela conheceu a Traços através da Otília enquanto frequentava o Piauí. “A princípio eu não estava interessada, então ela falou que eu iria gostar. Chegando em casa, quando eu abri o plástico (que revestia a revista), eu me senti como se tivesse me dando um presente. Quando abri eu vi que tinha tudo a ver com a revista, porque fala de cultura de Brasília, a qual eu sempre participei desde adolescente.”

Tempos depois do primeiro contato com a revista, proporcionado pela Otília, Adriana passou por situações pessoais e acabou se tornando também uma porta-voz da cultura. Aliando a paixão pela revista e a cultura com as oportunidades oferecidas pela revista.

“A Traços, para mim, é a cara da cultura de Brasília, dos artistas daqui e é a minha cara também. Eu sempre vivi a cultura daqui. Eu realmente sou apaixonada pela revista Traços, por isso estou aqui hoje”, relata Adriana.