Com o crescente aumento das altas temperaturas nos centros urbanos a vegetação se mostra cada vez mais eficiente no combate ao calor. Um levantamento realizado pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA estimou que uma área sombreada pode influenciar em até sete graus a sensação de frescor para uma pessoa do que  áreas expostas diretamente ao sol.

O que muita gente não sabe é que a arborização urbana está para além de um elemento estético e paisagístico das cidades. O biólogo Victor Henrique Pimentel, da Universidade de Brasília, esclarece os efeitos positivos que os aspectos ecológicos da vegetação proporcionam ao convívio em sociedade. “A gente chama isso de serviço ecossistêmico,  quando os recursos naturais trazem benefícios ao homem. Alguns serviços ecossistêmicos que a arborização urbana proporciona são: sombreamento, aumento da umidade e diminuição do calor”, afirma Pimentel.

Ilhas de calor

O estudante João Vitor Lopes, 22 anos, mora em uma área sem grande presença de vegetação e se queixa dos efeitos negativos proporcionados pelo aumento da temperatura nos últimos anos. “A cada ano parece que a sensação de calor aumenta, hoje em dia se desço para tomar ar fresco aqui no bairro acabo me irritando. Além dos refrescos de uma brisa acabo recebendo só poluição e fumaça de carro”, conta João Lopes. 

A sensação descrita por João está relacionada ao fenômeno das ilhas de calor. Expressão usada para se referir ao aumento da temperatura em áreas urbanas gerado pela urbanização excessiva somado aos resíduos poluentes. Victor Pimentel explica a eficácia direta que a urbanização tem ao combater esse fenômeno. “As árvores diminuem o calor da cidade da seguinte forma: As sombras evitam que a luz do sol tenha uma incidência muito forte em superfícies. O asfalto, concreto, metal  e vidro são superfícies que absorvem e refletem o calor, enquanto as árvores absorvem e utilizam essa luz tornando a sensação térmica mais tranquila, além de eliminar água por transpiração e aumentar a incidência de umidade”, relata o biólogo. 

A dona de casa Iany Ribeiro, 52 anos, mora a 500 metros do Parque Ecológico de Águas Claras e descreve o lado positivo de viver em um ambiente arborizado.” Infelizmente, cada vez mais a gente presencia o aumento da temperatura nos termômetros. Sempre que eu preciso me deslocar até regiões mais longas é mais complicado. Aqui, na maioria do tempo, é fresco, quando eu abro a janela durante a tarde sinto um vento, o sol também não queima tanto a cabeça ao andar na rua, graças às árvores geralmente estou coberta por uma sombra”, declara Iany Ribeiro.