Por trás dos leitos hospitalares
Profissionais da linha de frente no combate ao coronavírus expõem os aprendizados da pandemia
Postado em 13/11/2021
Após o Brasil superar o pico da pandemia e reduzir o número de óbitos com o avanço da vacinação, inclusive com o desmonte de quase todos os hospitais de campanha, a rotina hospitalar volta a um ritmo menos conturbado.
A enfermeira do Hospital de Campanha de Luziânia, Luciana Maracaípe, conta que o principal desafio na rotina de trabalho durante o pico da Covid-19 foi se adaptar a uma realidade dura onde não se tinha medicações suficientes para o quantitativo de demanda dos internados. “Quando víamos as reportagens entendemos que a situação era nacional, o medo de faltar o oxigênio era absurdo, a pressão de um setor lotado e pacientes gravíssimos com mínimas chances de um bom prognóstico, e por mais que fizéssemos o máximo, perdíamos pacientes em curto tempo”, diz a enfermeira.
A entidade internacional especializada em saúde OPAS — Organização Pan-Americana da Saúde — estima que mais de 500.000 pessoas em países de baixa e média renda atualmente precisam de 1,1 milhão de cilindros de oxigênio todos os dias, e 25 desses países relataram um aumento na demanda. Esse fornecimento era limitado antes da Covid-19, mas foi agravado pela pandemia.
Aparecida Lima Mendonça esteve presente na linha de frente atuando como enfermeira também no Hospital de campanha de Luziânia e expõe que foi necessário muito preparo para prestar uma assistência de excelência aos pacientes. “Ao meu ponto de vista o aumento de treinamento na prevenção e tratamentos foi de extrema importância e obrigatoriedade para diminuir a ansiedade nos familiares e pacientes diante das medidas de restrição que a falta de leitos gerava”, relata Aparecida.
Com a diminuição do número de pacientes hospitalizados e o declínio na disseminação do coronavírus, o chamado índice de RT permanece abaixo de 1 e a poluição diminui, o Ministério da Saúde tem realizado a desmobilização de leitos Covid para atendimento de pacientes não-Covid.
Os aprendizados da pandemia
Desde setembro de 2020, a técnica de enfermagem Andreia Meireles, 39 anos , atua na linha de frente do combate a Covid-19. Andreia descreve que sua maior preocupação foi com a questão do contágio e o grau da contaminação devido à alta exposição de contágio do vírus.
“Preocupada com os pacientes, em evitar de levar a contaminação para os nossos colegas e familiares. Eu aprendi novos protocolos para cada paciente, além de distintas maneiras de cuidado com nossos equipamentos de proteção individual”, conta a técnica de enfermagem.
Com mais de um bilhão de doses aplicadas ao redor do mundo, a vacinação contra Covid-19 já proporcionou uma queda no número de óbitos e de hospitalizações em muitos países.
Um levantamento do jornal Folha de S. Paulo, feito a partir de dados da Universidade Johns Hopkins, indica que as vacinas estão reduzindo o volume de óbitos e de internações de pacientes em estado grave. O governo do Chile, por exemplo, anunciou que a vacina Coronavac teve eficácia de 80% para reduzir as mortes por Covid no país, de acordo com o acompanhamento dos vacinados no primeiro mês.
Michele de Assis atuou no combate a Covid-19 no Hospital de Campanha do Mané Garrincha, a técnica de enfermagem reforça a importância da vacinação para a sociedade. “A vacinação rápida para que não haja mais mortes é de suma importância, em qualquer época , seja por causa da Covid ou outras doenças”, afirma Michele.