O Instituto Federal de Brasília (IFB) de Ceilândia abriu no início deste ano inscrições para o curso “PlateadosTech+”, destinado a pessoas idosas. Com uma abordagem acessível e dinâmica, o curso busca familiarizar os participantes com os princípios básicos da tecnologia. O principal objetivo é combater a exclusão digital, promovendo maior capacidade e segurança contra golpes cibernéticos, por meio de aulas teóricas e práticas.

O número de golpes virtuais contra idosos tem evoluído rapidamente no Brasil. Em 2024, a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos registrou mais de 21 mil denúncias de violações patrimoniais envolvendo essa parcela da sociedade. Durante a pandemia da COVID-19 nasceu o projeto “PlateadosTech+”, o curso faz parte do “Programa de Inclusão Digital e Social para Pessoas Idosas (IFB60+)”, que desde 2012 oferece cursos variados. Com essa iniciativa, o IFB busca diminuir a insegurança digital dessa faixa etária, ajudando-os no uso de aparelhos como smartphones, computadores e até impressoras 3D.

A aluna Jacquilene Pereira da Silva, de 60 anos, se matriculou no curso devido à falta de habilidades na área. Para ela, voltar a estudar, sendo aposentada e tendo medo da tecnologia, não foi fácil. No entanto, apesar de ser desafiador, ela e suas colegas de turma acham revigorante superar as dificuldades e aprender algo novo que impacta tão positivamente o seu dia a dia. De acordo com Jacquilene, o curso a ajudou muito, e hoje ela consegue até pagar suas contas de forma digital, algo que antes a obrigava a enfrentar longas filas. Ela acredita que mais idosos deveriam ter acesso a esse tipo de curso. “O mundo não apenas girou, mas capotou com tantas mudanças tecnológicas… Não precisamos ter medo disso. Estamos vivos e podemos aprender. Não se trata apenas de ser moderno, mas de entender a realidade: as tecnologias chegaram para ficar.”

O curso é oferecido de forma híbrida, mesclando aulas presenciais e online. Sua metodologia une teoria e prática e além de ensinar estratégias para impedir fraudes online, aborda segurança digital no uso de redes sociais e aplicativos como o banco virtual. Também são debatidos em sala os golpes financeiros, uma preocupação crescente entre os idosos. Dentre os mais frequentes estão as fraudes por telefone e as armadilhas em redes sociais.

O professor Jocênio Epaminondas, responsável pelo curso, explica que, o programa deixa os idosos motivados a perderem o medo de novas tecnologias e a se sentirem mais incluídos. “Com o curso, conseguimos capacitar os idosos para que eles possam se sentir mais seguros ao usar as tecnologias do dia a dia. Além disso, oferecemos suporte contínuo, o que ajuda a aumentar a confiança no uso de dispositivos digitais”, afirma.

Iniciativas como esse curso mostram que, com uma boa orientação, os idosos podem além de se proteger de golpes, utilizar a tecnologia para melhorar sua vida diária. A capacitação digital pode desenvolver a socialização, reduzir o isolamento e principalmente aumentar a independência digital.