Metaverso: ideia revolucionária ou algo já visto antes?

Entenda o que é o metaverso e se este é um cenário realmente inovador

Larissa Alves

Postado em 14/12/2021

Em outubro deste ano, o criador da empresa Facebook, Mark Zuckerberg, anunciou decisões que afetam o futuro da internet. O grupo empresarial mudou de nome e agora se chama Meta, remetendo ao metaverso, a nova ambição de Zuckerberg, como retrata o anúncio.

Em 26 de outubro de 2021, a empresa Facebook anunciou a mudança do nome para Meta. (Créditos: Unsplash)

A palavra metaverso vem da junção do prefixo “meta”, que vem do grego e significa algo como “além”, com a palavra universo. No vídeo utilizado para o anúncio, Zuckerberg descreve o metaverso “como uma internet materializada, onde em vez de apenas visualizar o conteúdo, você está nele”.

O termo foi visto pela primeira vez no livro de ficção científica Snowcrash, escrito por Neal Stephenson em 1992. Em um trecho retirado do livro, é possível ter uma visão do que seria o metaverso, apesar do contexto da obra ser diferente do que é proposto na vida real: “Então Hiro na verdade não está ali. Ele está em um universo gerado informaticamente que o computador desenha sobre os seus óculos e bombeia para dentro de seus fones de ouvido. Na gíria, este lugar imaginário é conhecido como o metaverso.”

Ainda de acordo com o criador do Facebook, metaverso pode ser entendido como um universo virtual, onde as pessoas interagem por meio de avatares, utilizando diversos tipos de tecnologia conhecidas como realidade aumentada, realidade virtual e redes sociais, por exemplo. 

Mark Zuckerberg descreve o metaverso “como uma internet materializada, onde em vez de apenas visualizar o conteúdo, você está nele”. (Créditos: Unsplash)

Para o professor André Imbroisi, coordenador do curso de Gestão de Redes Sociais do IESB, vivemos hoje em uma situação de hiperconectividade. “Todo mundo está ligado ao celular, e assim temos um personagem, uma cópia de nós mesmos dentro do universo digital, e essa questão traduz o conceito de metaverso”, comenta o professor. Ele também afirma que essa questão o lembrou do filme Matrix, lançado em 1999.

A ideia principal do metaverso é reunir pessoas em ambientes virtuais para que elas interajam, utilizando não apenas telas como computadores e celulares, mas aparelhos como fones de ouvido e óculos de realidade virtual. Isso tudo soa familiar?

Inovação tecnológica ou déjà vu?

Essas informações talvez remetam a um universo já conhecido: o dos jogos online. O conceito é basicamente o mesmo, fazer com que pessoas interajam por meio de avatares virtuais. 

O gamer profissional nos jogos Point Blank e League of Legends, Iago Caitano, 21, tem se interessado pelo tema desde o anúncio de Zuckerberg. Ele não acredita que o metaverso seja algo totalmente revolucionário, mas certamente algo grandioso. “Não é uma criação do zero, a ideia já existe há algum tempo, mas agora foi apresentada de forma mais detalhada e evoluída”, comenta. 

Iago diz enxergar o metaverso em jogos, livros e até séries de animação, como por exemplo SecondLife, Roblox e até GTA RP. “Eles coincidem na proposta de criar um avatar em um mundo virtual, e então interagir com outras pessoas que utilizam seus avatares”. Ele acredita que o metaverso é uma ideia que não só gamers mas outros públicos também já estão familiarizados e entendem até certo ponto a proposta.

“Não é uma criação do zero, a ideia já existe há algum tempo, mas agora foi apresentada de forma mais detalhada e evoluída”, comenta Iago Caitano, gamer profissional, sobre o metaverso. (Créditos: Unsplash)

O professor Imbroisi também remeteu a ideia do novo universo a alguns jogos conhecidos. “Em The Sims, por exemplo, você criava o avatar e ia viver uma vida. O tamagotchi, no final dos anos 2000, também já tinha essa característica, de você criar um bichinho virtual, e ele fazer parte da sua vida real”. Dessa forma, ele afirma que temos vários exemplos que traduzem esse metaverso de maneira muito forte e de acordo com a sociedade em que vivemos hoje.

Porém, um ponto abordado pelo gamer profissional Iago é que o metaverso trará inovações consideráveis não só na área de interação, relacionamentos e comunicação, mas também em outros aspectos da sociedade, que envolvem relações de trabalho, consumo e entretenimento. “Ele apresentará novas formas de interações sociais, principalmente em conjunto de tecnologias já existentes”, diz. 

Uma das possibilidades do metaverso, defendidas por Zuckerberg, é as vídeochamadas se tornarem coisa do passado. Isso afetaria as relações de trabalho, pensando que desde a pandemia, vídeo chamadas se tornaram a melhor solução, o que difundiu o trabalho remoto com rapidez.

Para Imbroisi, sobre os impactos futuros do metaverso, saber ter o equilíbrio das coisas é o grande lance. “Eu penso que isso vem a agregar, para ajudar em várias situações como trabalho, compras, diversão, lazer, mas temos que saber equilibrar, entender os pontos de equilíbrio de cada parte que estamos envolvidos.”