6 hobbies que ajudam a aliviar a ansiedade
Conhecidos também como momentos de lazer ou passatempo, além de serem atividades anti estresse e de distração, os hobbies são benéficos para a saúde mental .
Postado em 16/09/2021
De acordo com a OMS, dados referentes a 2019 mostram que 19 milhões de brasileiros já sofriam com ansiedade. Sendo colocado em primeiro lugar como país mais ansioso do mundo. Em 2020, em decorrência da pandemia da Covid-19, no segundo semestre do ano, 80% ficou ansiosa, de acordo com pesquisa realizada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Segundo a psicóloga especialista em saúde mental, Juliane Schwaab, existem dois tipos de ansiedade: a normal, que é quando, em certas situações do dia a dia, ficamos ansiosos e que é algo passageiro, como por exemplo, a véspera de uma viagem. E a patológica, também chamada de transtorno de ansiedade, que pode ser desencadeada por diversos fatores, como situações estressantes, alterações hormonais, entre outros.
Com o temor, medo e preocupação em excesso devido ao surto do novo coronavírus, muitas pessoas começaram a buscar alternativas para se distrair e aliviar os sintomas da ansiedade, que podem ser diversos, como batimentos cardíacos acelerados, falta de ar, tensão muscular, entre outros.
A psicóloga Juliane afirma que praticar algum hobby ajuda a mudar o foco da tensão para a atividade que está sendo desenvolvida e ajuda o indivíduo a relaxar. “O hobby tem papel importante na liberação de substâncias reguladoras do humor que promovem a sensação de prazer e bem-estar, auxiliando dessa forma no controle do transtorno”, diz ela.
Dessa forma, listamos 6 atividades de lazer que podem ajudar a aliviar os sintomas.
Aprender a tocar um instrumento ou escutar músicas
Em entrevista ao Centro de Valorização à Vida (CVV), Molly Warren, mestre em Musicoterapia pela Universidade do Estado do Colorado, afirma que a música serve como calmante e agente regulador de emoções.
O estudante de direito, Isaac Veras, sofre com crises de ansiedade desde 2017 quando estava no ensino médio. Ele sempre foi ligado a música e aprendeu a tocar bateria aos 12 anos e percebeu que o instrumento musical era um grande aliado para aliviar os sintomas.
Isaac afirma que, desde que foi diagnosticado com o transtorno, percebeu que sempre que estava passando por situações de tensão e estresse que poderiam causar crises, ele recorria a música. “Quando aconteciam eventos de estresse ou de muita tristeza, eu ia pra igreja tocar, colocava a música no fone de ouvido e acompanhava a música tocando bateria. Sentia que tinha despejado toda a ansiedade conforme eu batia, o sentimento era de transferência, saia de mim e ficava tudo na bateria”, diz.
De acordo com o CVV, escutar músicas também ajuda no combate a inquietação, nesse caso, o ideal é escutar canções mais tranquilas, como por exemplo, sons ambientes, pois elas diminuem a velocidade das ondas cerebrais, aliviando os sintomas.
Escrever
Estudos realizados pela Universidade de Iowa mostram que indivíduos que escreveram de três a cinco vezes por semana sobre situações de estresse ou que tenham provocado fortes emoções conseguiram superar com maior facilidade esses acontecimentos em comparação aos indivíduos que não escreveram.
Rebeca Maísa, estudante de enfermagem, relata que desde criança sempre foi muito ansiosa e que ao longo dos anos as crises foram piorando. Ela afirma que nesses momentos costuma desabafar em silêncio.“Declaro comportamentos e sentimentos que me afligiram e me levaram a ter a crise, às vezes escrevo sobre situações difíceis ou até mesmo sobre momentos de aprendizado”.
Além disso, Rebeca descreve que esse ato ajuda a entender sobre o contexto que a levou a ficar ansiosa e como pode melhorar e se controlar. Ela também conta que guarda textos do passado que ao ler no presente mostram a sua evolução e mudanças diárias.
O site Terapia da Palavra é um meio que disponibiliza diversos cursos às pessoas sobre a escrita, que oferecem acompanhamento individual e até mesmo certificados para horas complementares.
Praticar yoga ou meditação
A inquietação da mente é algo recorrente para quem está ansioso. A mente não pára um segundo, vários pensamentos. Estudos realizados pela Universidade de Iowa mostram que indivíduos que escreveram de três a cinco vezes por semana sobre situações de estresse ou que tenham provocado fortes emoções conseguiram superar com maior facilidade esses acontecimentos em comparação aos indivíduos que não escreveram.
os atordoados que tiram a pessoa da realidade. Em entrevista para o site UOL, o doutor Marcos Rojo, mestre pelo Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), afirma que a meditação é uma forma de se colocar no atual momento presente, pois ajuda a tirar da mente as ocupações do futuro.
A estudante de fisioterapia, Clarisse Andrade (20), afirma que começou a praticar yoga aos 19 anos por conta da ansiedade, da qual sofre desde os 11 anos. Ela relata que percebeu que, ao longo do tempo, o exercício de respiração a ajudou a aliviar as crises.
A yoga, além de ser um aliado no combate a desorganização dos pensamentos, também é um exercício físico essencial para o bem-estar do indivíduo. Clarisse expôs que ao longo do tempo, a yoga foi se tornando a sua atividade física regular.
Em seu site, André Bona dá algumas dicas para quem quer começar a meditar. Segundo ele, o ideal é escolher um lugar específico para a atividade, praticar diariamente e não criar expectativas, pois a meditação é algo que vai se aprimorando ao longo do tempo.
Ademais, a Netflix disponibiliza em seu catálogo a série ‘Headspace – Meditação Guiada’ que, em forma de animação, mostra desde os primórdios como a meditação foi criada e também ensina métodos de meditação. É uma ótima alternativa para quem quer aprender e para se distrair durante as crises de ansiedade.
Fazer exercícios físicos
A psicóloga Juliane Schwaab afirma que a prática de esporte auxilia na liberação de neurotransmissores responsáveis pela sensação de prazer e bem estar, melhorando o ânimo e gerando energia para o indivíduo.
Dessa forma, além de ser totalmente benéfico para a pessoa em razão da sua saúde física e seu bem estar, a prática de exercícios físicos traz a sensação de prazer e alívio.
Gabriel Martins, estudante de educação física, relata que sofre com o transtorno desde 2016, e que a ansiedade estava dificultando a sua socialização. Ele afirma que a prática de exercícios é essencial para o seu bem emocional. “Houve um tempo que dei uma pausa e isso me deixou mal, daí percebi que precisava da prática por ser o meu ponto de refúgio da agitação e problemas”.
Para quem não tem o costume de realizar atividades físicas, o ideal é começar aos poucos para ir ganhando gosto. Começar a fazer uma caminhada, já é um bom início, além de que a prática ao ar livre é uma ótima forma de distração da mente.
Para quem não tem condições de entrar na academia ou não gosta de musculação, existem vários vídeos no Youtube de exercícios e também aplicativos como o Nike Training Club que oferecem diversos planos de atividades físicas.
Leitura
A ansiedade desfoca os pensamentos para algo que não se pode tocar ou vivenciar, o futuro. A leitura vem como uma forma de substituir esse pensamentos sobre o futuro. Utiliza-se da imaginação para criar o mundo dito nos livros, assim, foca a mente em algo com finalidade, entrar no imaginário.
Dessa forma, desliga-se os motores do cérebro que estão trabalhando excessivamente em algo irreal e relaxa os músculos, acalmando a mente e o sistema nervoso.
Rayssa Amorim, na passagem dos 17 anos para os 18 anos, vivenciou o isolamento da Covid-19, e afirma que essa situação a fez passar por mais crises. Ela relata que sempre gostou de ler, prefere os livros físicos do que os virtuais. Para ela, não há sensação mais gostosa do que folhear página por página e sentir aquele cheiro exclusivo dos livros físicos.
Além disso, ela comenta que tem mais o costume de ler livros de fantasia e ficção científica, que gêneros que utilizam bastante do nosso imaginário.
No Brasil, de acordo com a Câmara Brasileira do Livro, as temáticas literárias mais vendidas são os didáticos (52,94%) e os de religião (18,43%). Logo abaixo ficam os de literatura adulta e infantil (10,88%), os livros de autoajuda (3,36%) e os literatura juvenil (3,14%).
Para os que gostam de literatura juvenil, seguem abaixo duas indicações de livros para ler durante um dia de chuva, com um chocolate quente na mão e uma coberta quentinha.
- A pequena livraria dos sonhos – Jenny Colgan
- A casa dos novos começos – Lucy Diamond
Desenhar/Pintar
Todo mundo pelo menos uma vez na vida já ouviu falar sobre os livros de pintar antiestresse. Esses livros são muito benéficos para a saúde mental, pois eles possuem a função de distração e por consequência, aliviam as tensões do corpo. Ademais, eles também ajudam na coordenação motora das mãos.
Mas indo além dos livros de pinturas, existem aqueles que foram abençoados com a facilidade do desenho e preferem colocar a mão na massa e fazer suas próprias criações, como é o caso da estudante de farmácia, Nathalia Marcelle, de 20 anos. Ela relata que aprendeu a desenhar desde a infância e que de acordo com o tempo foi se aperfeiçoando, quando ficou mais velha, fez um curso de desenho para se aprimorar. Também fala que os desenhos ajudam a mudar o foco durante as crises de ansiedade.
A estudante Maria Eduarda Costa sofre com o transtorno de ansiedade desde o final do ano de 2020. Ela relata que aos 12 anos aprendeu a desenhar sozinha e durante o isolamento social, começou a fazer pinturas em tela, o que ajudou muito a passar pelos momentos ansiosos.
Para quem se interessa por esse tipo de arte, existem diversos vídeos no Youtube ensinando a desenhar. O site da Faber Castell Brasil também disponibiliza vários cursos voltados para essa área, desde o nível básico até o avançado.