Dança é válvula de escape para esquecer problemas diários
A dança pode trazer diversos benefícios tanto para a saúde mental quanto para a saúde física
Postado em 12/04/2022
Problemas com autoestima levam as pessoas a desenvolverem muitos transtornos por conta dessa relação consigo mesmo. Doenças como depressão, ansiedade e transtornos alimentares podem ser desencadeadas e a importância de ter uma autoestima boa fica clara quando analisamos esses fatores, o que torna essencial a prática de atividades que possam intensificar essa aceitação sobre si mesmo.
A depressão atingiu 5,8% da população brasileira (11.548.577). Já os distúrbios relacionados à ansiedade afetaram 9,3% da população do Brasil (18.657.943 pessoas), de acordo com a pesquisa publicada em 2017 “Depression and Other Common Mental Disorders – Global Health Estimates”, da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre depressão e ansiedade.
A dança é uma das três principais artes cênicas da antiguidade. Hoje essa prática está diretamente ligada à autoestima e a aceitação. Além disso, pode ser uma ferramenta para o autoconhecimento tanto da mulher quanto do homem. Em tempos de tantas pressões estéticas, esse resgate de si mesmo para ver beleza no simples é muito importante.
A prática de atividades físicas é muito importante, afirma a psicóloga Ellen Vilarouca, justamente porque elas são indicadas nos tratamentos inseridos na psicoterapia. “Muitas pessoas que praticam atividades físicas a consideram como uma ‘válvula de escape’, justamente por se tratar de um momento em que possam se concentrar, sentir que estão se cuidando e afastar o foco de pensamento das situações que causam estresse, como por exemplo os conflitos de relacionamentos”, esclarece.
A atividade física auxilia na organização de pensamentos e na rotina, ressalta a especialista. Ellen ainda esclarece que a ligação entre os dois é justamente a de minimizar o estresse, combater o sedentarismo que, aliás, pode ser causador de ansiedade, e proporcionar o autocuidado, refletindo melhor no autoconhecimento.
Refúgio
A bailarina Carolina Cabral, de 23 anos, afirma exatamente isso, que a dança é sua válvula de escape. “Quando estou dançando eu esqueço os meus problemas do dia a dia, foi com a dança que eu recuperei minha auto estima e minha força de vontade de correr atrás dos meus sonhos. Com ela eu exercito tanto a minha parte mental quanto a física. Além de influenciar diretamente na minha autoestima. Meu olhar no espelho, hoje, é totalmente diferente do que era antes. A dança tem esse poder, de dar poderes às mulheres e de trazer a sensualidade de volta com um olhar mais carinhoso ao se olhar no espelho”, conta empolgada.
A professora de dança, Vitória Ferreira, de 22 anos, conta que, como começou a dançar muito nova por influência da mãe, só sentiu uma diferença na autoestima quando infelizmente parou de dançar pela correria do dia-a-dia. “Fiquei um tempo sem fazer aulas de dança em um período que eu estava numa correria estudando, trabalhando. E quando eu voltei consegui resgatar algo maravilhoso assim de poder voltar, dançar e de me sentir bem comigo”, conta aliviada.
A jovem ainda ressalta que a influência na autoestima é direta. “Dançar é uma coisa maravilhosa, você se expressar, poder colocar seus sentimentos para fora independente da modalidade é uma coisa muito linda. A sensação que ela me transmite quando aprendo um passo novo, uma sequência nova ou quando eu mesma imagino alguma sequência de passos, e vira uma coreografia. Mesmo com os erros me sinto bem pela diversão de estar fazendo algo que é muito saudável, é muito gostoso, é muito bom. Então influencia demais”, afirma.
Ambas as praticantes afirmam que para quem não gosta do ambiente de academia a prática é interessante por ser um ambiente em que é possível aprender coisas diversificadas constantemente e que tem várias modalidades para conhecer.
Visibilidade e expressão
A professora de dança, Layla Paulino, de 21 anos, conta sobre como a dança foi uma grande aliada no momento da construção da sua autoestima. “Quando eu ainda estava na escola eu era muito insegura e a dança fez com que eu me encontrasse. Foi muito bom para o meu psicológico e para o meu emocional”, conta. A professora ainda ressalta que a dança, além de ser uma atividade física, é uma ótima maneira de se expressar e se aprender coisas novas.
“É uma ótima prática, pois não é algo limitado, então todo dia você está aprendendo uma coisa nova, trabalhando a coordenação motora, a sua memória, são diversos benefícios proporcionados. No momento da prática você passa a se conhecer melhor, saber dos seus limites, saber o que você gosta, no que você é bom, no que você pode melhorar”, explica.
Os professores têm como uma de suas funções mediar esse conhecimento, justamente porque a turma tem uma necessidade de expressão, segundo a dançarina e professora Mylena Edna, de 29 anos. Ela explica que, muitas vezes, os alunos podem não falar o que estão sentindo, mas é possível ver no decorrer das aulas e que já escutou várias vezes frases como “Professora, obrigada pela aula de hoje. Eu estava angustiada e estava triste, mas agora eu estou me sentindo melhor”.
Mylena ainda conta que quando estava trabalhando em um projeto de escola particular, já aconteceu de ter apenas uma criança negra na turma e fez questão de colocar a ‘pequena’ em um local de destaque na coreografia, com o intuito de dar visibilidade a ela. “No fim do ensaio criança veio até mim e disse, ‘Tia muito obrigada, eu nunca fiquei na frente. A minha mãe vai ficar feliz de me ver’. Então, é assim que vejo como é a importância de tocar essas pessoas a partir da dança, porque ela proporciona visibilidade e um equilíbrio tanto mental quanto físico”, conta a especialista.