Pesquisa da agência Nielsen revela que o Brasil conta com cerca de 500 mil influenciadores nas redes sociais. O mercado de criação de conteúdo abriu portas para quem quer realizar sonho de ser agente nas mídias digitais, além da possibilidade de ter um trabalho dinâmico e criativo. Abaixo, entrevista com três influencers que têm na Internet fonte de renda e trabalho.

Com cerca de 181 mil seguidores no Instagram e 1,8 milhões no TikTok, André Martins, 22 anos, é reconhecido por suas produções voltadas para a Universidade de Brasília (UnB) e suas pautas.

Ele utiliza do humor para falar sobre temas voltados para seu público alvo, como apresentar a universidade para os calouros ou mostrar o que os estudantes estão vestindo. Estudante de jornalismo, André ganhou mais reconhecimento no final de 2019 e foi chamado para conhecer até mesmo o escritório do TikTok em 2020.

Abaixo, trechos da entrevista dada ao portal:

Quais foram os caminhos que o levaram a ser criador de conteúdo?

Sempre estive muito inserido no meio das artes. Já participei de aulas de teatro e, na minha adolescência, descobri, através de um hobby, minha paixão pela fotografia. Logo comecei a desenvolver alguns trabalhos como fotógrafo, e tudo isso me ajudou a me tornar um criador de conteúdo. Eu gostava muito de montar cenários, gravar e editar. Em 2016, entrei nesse mundo através do aplicativo Musical.ly, que posteriormente se converteu no atual TikTok, onde realmente consegui construir minha comunidade.

Como foi o crescimento?

Em 2019 comecei a trabalhar de forma mais profissional e a colaborar com marcas, criando conteúdos de publicidade, mas sempre de maneira gradual e lenta. Nunca experimentei um boom muito grande, um viral que realmente me trouxesse milhões de seguidores. Foi uma construção a longo prazo e de forma gradual, pois sempre fiz o que gostava. Nunca almejei a fama. Ter milhões de seguidores, claro que é interessante, mas sempre partiu de algo muito genuíno.

Quais são as dificuldades e complexidades?

Com certeza, é ter a capacidade de se reinventar dentro da internet de forma rápida. Os conteúdos que performaram super bem há dois meses, hoje às vezes não performam tão bem. Você tem que estar disposto a mudar, buscar outros formatos, adaptar os seus conteúdos. Em relação à complexidade, em termos de profissão, é a responsabilidade que carregamos. Principalmente trabalhando com humor, achamos que temos liberdade para trazer certos temas, mas às vezes podem ser mal interpretados. Temos uma responsabilidade muito grande sobre o que falamos, geramos consequências enormes e as pessoas realmente levam essas questões para o lado pessoal. É como estar pisando em ovos ao falar sobre qualquer coisa com nosso público. Pensar duas vezes antes de postar é muito importante.

Mulheres se destacam como influenciadoras digitais

De acordo com pesquisa produzida pela agência Influency.me, 57% dos influenciadores no Instagram são mulheres. Flávia Souza e Ionne de Jesus fazem parte dessa estatística, ambas possuem conteúdos distintos, mas a mesma determinação em crescer. Ambas destacam-se nas cidades do entorno do DF, enfrentando um mercado dinâmico e valorizam o apoio dos familiares e seguidores nessa jornada.

Ionne de Jesus tem seu público alvo voltado para a região de Valparaíso e Luziânia, cidades do entorno do DF. Atualmente, ela tem 11,3 mil seguidores no Instagram, sua segunda tentativa de produzir conteúdo. A influencer produz materiais de divulgação de serviço, dicas, conselhos sobre casa e maternidade e mostra um pouco do seu dia a dia.

Quando começou, como foi?

Quando iniciei, passei por algumas dificuldades, como não saber falar corretamente ou escrever adequadamente. Hoje em dia, me sinto melhor na minha comunicação, mas antigamente era mais complicado. Antes, nunca tinha sido um problema, até porque cresci em uma família que fala de maneira informal, então, para mim, era normal. Mas quando você entra na internet, você tem que saber como se comunicar. Hoje, busco aprender mais sobre como falar e interagir.

E sobre a organização, como você faz?

É planejamento, estratégia que eu faço no meu dia a dia. Sempre procuro saber o que meu público quer e me relembrar que a página não é só minha. Então se eles me assistem, gostam do meu conteúdo, gostam de me acompanhar, é porque eles viram ali alguma coisa com a qual se identificaram e gostam que eu traga aquilo.

Flávia Souza iniciou na internet aos 17 anos em busca de um passatempo quando terminou o ensino médio, produzindo tutoriais de maquiagem. Atualmente, sua conta no Instagram está com 6 mil seguidores. A influencer cria conteúdo voltado a cuidados com os cabelos cacheados, tranças, dicas de beleza e também faz publicidade. Assim consegue repercutir bem em seu nicho e público, em Valparaíso, Goiás.

Como é estar em um mercado tão dinâmico?

Geralmente quem é criador de conteúdo sempre tem que estar inovando nas suas postagens, em suas formas de interagir com o público, utilizar de músicas em trends. É muito bom, pois tem gente que cresce e ganha seguidores com essas tendências, então eu vejo isso como uma peça chave no nosso dia a dia e eu lido muito bem com essas dinâmicas.

Você sente falta de algo para as contas iniciantes?

Sim, sinto a falta de mais oportunidades. Na maioria das vezes, entregamos trabalhos profissionais, assim como contas com público maior, porém sinto que nunca olham pela qualidade, e sim pelos números.

Como funcionam as parcerias de trabalhos e divulgações?

95% das vezes as pessoas interessadas entram em contato comigo, mas não tenho problema em ir atrás de algo que tenho interesse. Pedem algumas informações sobre engajamento, se meu público é mais da região em que eu resido, ou também se meu público tem fácil acesso ao local que estarei divulgando.