10 filmes para refletir a história recente

Convidamos um grupo de voluntários de diferentes áreas para indicar um filme que simbolize a sua passagem pelos últimos acontecimentos mundiais

Priscilla Burmann

Postado em 06/04/2022

Já se imaginou vivendo em um filme de ficção científica? Drama? Terror? Guerra, talvez?

Se os últimos 27 meses fossem transformados em filme, certamente haveria discussões sobre o gênero e a classificação livre da obra. A única certeza seria a linguagem utilizada no filme: universal.

A indústria cinematográfica foi um acalento durante os últimos acontecimentos recentes: quarentena causada pela pandemia provocada pela Covid-19, corrida contra o tempo à procura de uma vacina, milhares de mortes, fome, caos na saúde e a recente guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

Se a vida imita a arte, segue a sugestão de 10 filmes (sem spoilers) que retratam uma porcentagem mínima da amarga realidade dos últimos tempos.

Não olhe para cima (2021) do diretor Adam McKay – Indicação da profissional de maquiagem Dheise Ferreira Oliveira, 32.

 O filme mais novo da lista, não por acaso foi gravado durante a pandemia e se trata de uma sátira a respeito do negacionismo atual.

“É uma comédia muito atual e necessária, nos faz refletir sobre a defesa cega de um político e contracena muito bem com Brasil do Bolsonaro, por exemplo.”

Magnólia (2000), Paul Thomas Anderson – Indicação do terapeuta junguiano Leandro Cruz Scapellato, 39.

“Um tanto de desgraça pra um tanto de gente, envolvendo coisas absurdas e escrotas, mas com um potencial de aprendizado e resgates e passagens por ritos de morte que guardam novas vidas, com uma cosmovisão mais rica e sadia”.

Magnólia humaniza através dos fracassos, interliga personagens através do fracassos, humanizando e dá unidade ao caos aparente de possibilidades.

Primeiro, mataram o meu pai (2017), Angelina Jolie – Indicação da professora de escola pública, Nádia Maria Ferreira Costa Santos, 58.

“Não recomendo o filme para crianças, é sobre os horrores da guerra política no Camboja, muitas imagens de dor, desamparo e fome. Impossível não pensar na população da Ucrânia e de países do terceiro mundo.”

Um dos filmes de destaque da diretora Angelina Jolie retrata um dos maiores genocídios da história recente.

O Destino de uma nação (2017), do diretor Joe Wright – Indicação do servidor público Tiago Scapellato Pereira, 36.

Dramas políticos em meio a uma guerra e a expectativa sobre um possível herói em um dilema ético. Confronto ou acordo de paz com um ditador? 

“Esta obra prima é, sem sombra de dúvidas, um presságio sobre as negociações de guerra entre uma das maiores potências mundiais, a Rússia, e a Ucrânia.” 

Ela (2013), Spike Jonze – Indicação da psicóloga Pryscilla Antonelli, 31.

“A solidão caminhou lado a lado durante a quarentena e a tecnologia foi um suspiro de presença, mesmo que virtual para muitas pessoas que viviam sozinhas. Imagina o quão desafiador seria manter a sanidade mental em completa solidão? O filme Ela, embora cheio de ressalvas quanto a abordagem psicológica é um exemplo do vínculo e da dependência tecnológica no período da quarentena da COVID-19”

O filme retrata conflitos afetivos, morais e éticos quanto a tecnologia.

História de um casamento (2019), Noah Baumbach – Indicação da coordenadora de ensino, Neide Maria Pires, 45.

Drama realista e profundo a respeito do comportamento humano a dois.

“É um filme lindo, embora carregado de drama. A Covid-19 uniu e separou vários casais de amigos. Mais do que sorrisos, casamento é compartilhar lágrimas.”

Contágio (2011), Steven Soderbergh – Indicação do estudante de cinema Renata Itaboray, 34.

Como o próprio nome sugere, o filme gira em torno de um vírus letal, transmissível pelo ar, que obriga a comunidade científica a se articular em prol de estratégias de controle da doença. 

“Corrida contra a vacina, inúmeras mortes por um vírus ainda sem cura…. É bizarro imaginar que estamos vivendo um filme de ficção científica.” 

Que horas ela volta (2015), Anna Muylaert – Indicação da servidora pública aposentada, Maria de Lourdes Pereira Rodrigues, 61.

Único brasileiro da lista, o filme contesta a estrutura do sistema político brasileiro, suas regras e alianças em um debate a respeito do Brasil polarizado e segregacionista. 

“Penso que, como brasileira e patriota, devo me concentrar nos problemas do meu país. E, o filme representa muito bem a divisão política e as consequências disso a população.”

The walking dead (Desde 2010), Frank Darabont – Indicação do estudante de direito, Richard Costa Pires, 18.

Única série da lista, traduz o medo e a luta pela sobrevivência em um universo marcado pelo pânico do amanhã, repleto da escassez de alimentos e condições precárias de sobrevivência.

“Durante a quarentena me senti dentro da série Walking Dead. Me protegendo contra tudo e todos. Com medo de sair às ruas…. Foi muito sinistro!”

Sim, senhor (2009) do diretor Peyton Reed – Indicação do motorista, Sidnei Pereira dos Santos, 68.

“A vida é muito boa e só nos damos conta disso quando podemos perdê-la a qualquer momento. Sempre me preocupei em guardar uma poupancinha para, na velhice, não passar nenhuma dificuldade… e com isso, acabava deixando de viver certas experiências. Hoje digo sim, sem pensar duas vezes. Tomei as 2 doses da vacina e estou viajando sempre e a lazer. ” 

Filme mais leve da lista, a comédia se assemelha a quem descobriu a vida como uma dádiva nesse período conturbado e decidiu optar por uma vida repleta de sim.