Arcane: animação baseada em League of Legends é o mais novo sucesso da Netflix

A série conta a história de alguns personagens do jogo, eleva as expectativas para futuras adaptações e conquista fãs ao redor do mundo

Vitórian Tito

Postado em 06/12/2021

Arcane, série Netflix produzida em parceria com a Riot Games sobre o famoso jogo League of Legends (LoL), se consagrou como uma das animações mais bem sucedidas da história da empresa de streaming. Com 38,4 milhões de horas vistas entre 15 a 21 de novembro, a série ficou no top 10 mundial por duas semanas seguidas, alcançou nota 9.4 no IMDb, a principal base de dados on-line com ranking e informações sobre o mundo cinematográfico, e chama a atenção tanto de fãs do jogo quanto daqueles que não jogam ou não conhecem o universo.

A popularização de League of Legends entre os jovens foi expressiva a ponto dele se tornar um dos principais responsáveis por mudar o cenário dos e-sports: com campeonatos grandiosos – e os maiores do cybersports, o jogo lota arenas em diferentes países, atrai olhares e investimentos para os esportes virtuais e movimenta um mercado bilionário. Como um presente para os gamers e para atrair novos públicos, a parceria entre as duas empresas resultou em uma animação não apenas atrativa, mas de tirar o fôlego. 

Ao absorver o universo de League of Legends, Arcane conta a história do conflito entre a riqueza de Piltover e a decadência de Zaun, cidades-gêmeas com realidades opostas – a primeira, próspera e rica enquanto a segunda vive imersa na pobreza; além do conflito entre as irmãs Vi e Jinx, personagens do jogo que acabam em lados diferentes na guerra entre tecnologias mágicas e convicções incompatíveis. 

Menos de uma semana após a estreia, a série alcançou nota 9.4 no IMDb, a principal base de dados on-line com ranking e informações sobre o mundo cinematográfico / Unsplash

Além do roteiro elaborado, o mais novo sucesso da Netflix também chama a atenção pela trilha sonora e uma animação que mescla texturas e cores aquareladas do 2D com o 3D. Assim, a série é uma verdadeira experiência sensorial por levar a riqueza visual dos games para a TV e se tornou um grande exemplo da atualidade quando o assunto é expansão midiática e bom uso das diferentes mídias para divulgar conteúdos ou produtos, oferecendo imersão e maior tempo de entretenimento ao público a partir da união entre cinematografia e jogos on-line.  

Para Elias Filho, professor do curso de Jogos Digitais do Centro Universitário IESB, a grande sacada da série foi expandir o universo de League of Legends, um jogo de nicho bem específico, para uma animação. “Nem todos os gamers sabem ou acompanham a história, que é muito intensa e grande. Acredito que a ideia da série é complementar essas histórias que são contadas por fragmentos de texto no jogo a partir de alguns personagens principais”, conta. 

“Essa transmídia é um ponto bem interessante que já acontece com outras séries como Pokémon, por exemplo. Mais fãs são atingidos dentro de uma obra audiovisual e, provavelmente, esse público vai se interessar pelo jogo. E é muito interessante o quanto essa série está crescendo no streaming. Arcane está modificando o próprio comportamento dessas transmídias, visto que a Netflix também vai para essa área de games agora”, completa o professor. 

Sucesso das telinhas

Iago Caitano, 20 anos, conheceu League of Legends em 2014 e começou a jogar apenas por diversão, mas o passatempo logo se tornou um objetivo profissional – especialmente a partir do crescimento dos e-sports nos últimos dois anos. Em 2020, o jogador alcançou o oitavo lugar no ranking Solo/Duo BR, a principal fila competitiva do jogo. Para ele, Arcane é uma excelente produção tanto na ideia do projeto quanto no enredo e gráficos utilizados. 

“A história do jogo não é relevante para campeonatos ou jogabilidade, mas Arcane fez algo importante e até inédito, visto que até quem não sabia sobre LoL gostou, e quem já sabia se aproximou mais dos personagens. A série transmite em detalhes o porquê dos personagens terem determinadas atitudes, conflitos, diferenças e motivações. Como um jogador antigo, é muito bom ver algo de que você gosta receber mais atenção e ter uma recepção tão positiva”, destaca. 

De acordo com dados da Netflix, Arcane foi a série mais vista do mundo entre 15 a 21 de novembro / Unsplash

A arquiteta Izabela Lopes, 26, tem o costume de assistir animações e conheceu Arcane a partir de indicações da própria plataforma de streaming. Depois de ver o trailer, a arquiteta se interessou pelo aquarelado da série e decidiu assistir.  “É diferente do padrão da Netflix e chamou minha atenção. Eu não fazia ideia de que era do universo do jogo”, conta. 

“Acho a história legal porque tem várias coisas acontecendo além de uma trama principal. Além da rivalidade bem construída entre as irmãs, também tem a crítica de acúmulo exagerado de riqueza”. Com feedback mais que positivo sobre a união entre jogos e audiovisual, Izabela conta que o próximo passo é conhecer mais sobre o universo de League of Legends e começar a jogar.  

O estudante Victor Almeida, 23, foi um dos que reviveu a alegria de infância com a série. Ele conhecia o jogo e até já havia jogado, mas não gostou da relação intensa e altamente competitiva entre os jogadores e decidiu desinstalar o programa do computador. “Esse ano eu voltei a jogar por conta da série e lembrei como é legal jogar com os amigos. A direção de arte da série me chamou muita atenção e achei incrível, agora estou ansioso para mais histórias”, diz.