Eu tenho uma banda. E agora?

Entrar no mercado é desafio para músicos em início de carreira

Fillipe Briner

Postado em 31/03/2024

Segundo levantamento feito pela plataforma Mapa dos Festivais, em 2023, o número de festivais aumentou em 54% em relação ao ano de 2022. Mas quando se trata de bandas iniciantes, a porta de entrada em grandes eventos é complicada e competitiva. 

Hoje existem diversas formas de iniciar esse contato com o cenário musical. Para Gustavo Ribeiro de Vasconcellos, Head da GRV Música, Media & Entretenimento, a maneira mais interessante são por meio de festivais e feiras musicais. “Dizer que são as principais talvez seja muito absoluto, mas na minha opinião, são as melhores formas de se enriquecer. Considero um ‘diferencial obrigatório’ participar ativamente destes circuitos”.

O mercado streaming vira uma opção extremamente importante para artistas e bandas. Por outro lado, as plataformas de músicas intensificam ainda mais a competitividade. “Esse mercado é subjetivo a depender do que você quer alcançar. Por exemplo, para quem está começando, financeiramente falando é um alto investimento para pouco retorno”, ressalta Gustavo. 

“Para as bandas pequenas que visam o alcance, o streaming pode ser positivo nesse início. Mas o impacto que as plataformas de músicas podem causar em bandas e/ou artistas depende do objetivo de cada um”, completa. 

Quarto 16 na Infinu-DF. / Foto: Fillipe Briner

Como bandas que ainda estão no começo trabalham com essas plataformas? Tales Calácio Goulart, vocalista da banda Quarto 16, falou sobre o streaming. “ Para nós, ele entra como um modo de fortalecer ainda mais nosso trabalho. Acreditamos que só depois que aumentarmos ainda mais a qualidade na produção musical é que as pessoas irão dar atenção”. 

“Em contrapartida, se consolidar no streaming é um pouco complicado, porque no início o retorno que ele dá não é favorável. É um investimento grande para entregar um produto de qualidade que não gera esse retorno. Por isso, nosso foco é nos shows, que é onde realmente mostramos quem somos”, finaliza Tales. 

João Ramos, vocalista e guitarrista da banda Caos Lúdico, diz que o streaming é um bom caminho para atrair público. “Para o crescimento de fanbase, é importante, sim! Muitas pessoas nos conheceram e nos seguem até hoje por conta das plataformas de streaming. É uma forma de interação com o fã. E isso é importante e facilita muitos meios. É uma plataforma popular onde os consumidores ouvem”.

O streaming não é o principal desafio para bandas que estão iniciando. De acordo com um dos guitarristas da Quarto 16, Rafael Martins Barbosa, o dinheiro e o mercado são outros problemas que dificultam o processo de crescimento. “Na minha opinião, as principais adversidades são os custos das produções e os processos para entrar em um mercado tão amplo. Acredito também que, para você se destacar, além de ter técnica e capacitação, precisa ter o incentivo de pessoas na participação e divulgação de shows, músicas etc”.

Gustavo entende que elevar o próprio produto seja o primeiro obstáculo. “Os desafios deveriam começar pela valorização de sua criação, se possível for, nunca se distanciar da busca pelo conhecimento e evolução. Assim, perceberá que produzir é multiplicar as fontes, e uma vez de posse da matéria prima e bem informado, sua produção poderá alcançar valores inimagináveis”.

João concorda com o Head da GRV. “O nosso maior desafio foi achar o nosso significado e trabalhar bem a nossa proposta. Isso vem com o tempo e é um baita desafio. Atualmente, é muita informação para o público. Tivemos que trabalhar bastante na nossa proposta (comunicação, show, estética) para o pessoal nos conhecer cada vez mais”.

E sobre o espaço musical em Brasília, como é feito esse apoio para o reconhecimento de bandas iniciais? Tales Calácio mencionou sobre a cooperação do cenário brasiliense. “Aqui as bandas têm se apoiado bastante. E isso diminui a competitividade, pois todo mundo tenta fazer o outro crescer pra cena evoluir junto. Então, isso é algo positivo que tem nos ajudado”. 

Mas reforça: “No entanto, participar desse cenário musical vai além de só fazer música, você tem que ter um bom gerenciamento de rede social, ficar ligado em inúmeras questões burocráticas e muito mais. Precisa estar conectado a isso para não ficar para trás”. 

Quarto 16 se apresentando. / Foto: Fillipe Briner

A banda brasiliense Quarto 16, que toca o pop Rock, começou em 2020 durante a pandemia com três amigos que iniciaram o projeto pela internet; hoje ela conta com cinco artistas. Inicialmente, eles começaram com cover de outras músicas, agora possuem duas autorais e estão no processo de gravação das próximas. 

A Caos Lúdico já está nesse mercado desde 2015. Misturando o rock e o pop com ritmos jamaicanos, a banda já participou de festivais como o Porão do Rock, Capital MotoWeek 2022 (transmitido pela TV Globo e pelo G1), abertura do show dos Paralamas do Sucesso, Cidade Rock – Monstro Discos (Goiânia), Skarnaval no Hangar 110 (São Paulo). Além disso, se apresentaram no especial 10 anos do canal Music Box Brasil e promovidos na WOMEX Portugal 2022 (The World Music Expo).

Para quem quiser saber mais sobre as bandas: 

Instagram: https://www.instagram.com/qu4rto16/

Youtube: https://www.youtube.com/@quarto16

Spotify: https://open.spotify.com/intl-pt/artist/19UZe24GtGhbX8S7u3GxRJ?si=sjRiXqKrQKGj_Ohseyp4Ug

Instagram: https://www.instagram.com/caosludico?igsh=bzhlaW0yZmNzYnNn

Youtube: https://youtube.com/@caosludico823?feature=shared

Spotify:https://open.spotify.com/artist/1a0MjpF7cbE9CLRTg1xqR6?si=rnCJRFrhTx–0clBE1tl0w