O Halloween, ou Dia das Bruxas, é uma festa cultural celebrada no dia 31 de outubro, presente nos países de língua inglesa e fortemente difundida nos países norte-americanos. A celebração traz diversos aspectos do gênero terror e sobrenatural, como festas a fantasia, pregação de peças e o famoso “doces ou travessuras” para as crianças. Devido ao fato de no Brasil esse dia ser mais contemplativo do que prático, com poucos lugares e pessoas organizando festas temáticas, é muito comum os brasileiros comemorarem assistindo a filmes ou séries de terror. 

Principalmente pela divergência de culturas, e da origem irlandesa que a festividade tem, poucos locais no Brasil são vistos decorados com o tema e são poucos os eventos para o Dia das Bruxas. Culturalmente, há o costume de se fantasiar no Carnaval ou em festas a fantasia, mas os eventos destinados ao terror ainda não são fortes. Para o cinéfilo, Vítor Inácio, amante de conteúdos de terror desde criança, outubro é quando costuma assistir mais filmes desse gênero. “Eu não celebro o Halloween de nenhuma forma, infelizmente. Queria até que fosse mais tradicional aqui no Brasil igual é nos Estados Unidos. Eu acho que assistir filmes de terror nessa época, e conversar sobre, ajuda a trazer um pouco do Halloween para o Brasil. É a forma que a gente tem para se sentir mais conectado a isso”, comenta.

Para quem aprecia as produções de terror, esse mês é bastante aguardado. Com o Halloween transcendendo a sua data, outubro se torna repleto de novidades dessa temática. Neste ano, dois filmes de terror estão em cartaz nas redes de cinemas brasileiro: Espíritos Obscuros, de Scott Cooper, e o tão esperado Halloween Kills: O Terror Continua, de David Gordon Green, trazendo de volta o assassino em série, Michael Myers, na segunda parte da nova trilogia da franquia dos filmes Halloween. Além disso, os serviços de streamings têm cada vez mais ganhado espaço nas casas e apresentam grande variedade de filmes e séries de terror. No mês de outubro adicionaram novos títulos como: O Fio Invisível (Netflix), Eu sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado (Amazon Prime Video), Chucky: The Series (Star+) e Maligno (HBO Max).

Dentro do gênero terror há diversos subgêneros, de modo a buscar diferentes reações do público, cada um com suas características específicas. Os mais conhecidos são o gore, o psicológico, o slasher, o com monstros e o paranormal. A estudante Thalita Alencar, ao assistir filmes de terror, procura os que lhe causam angústia, medo, aflição ou agonia, por mais que sejam sensações que outras pessoas procurem evitar. Assim como para Vítor, que gosta desses sentimentos despertos porque fogem do cotidiano.

Durante o Halloween os subgêneros mais procurados são o slasher, filmes com temáticas de assassinos e serial killer, e o gore, os mais sangrentos, com tortura e mutilação de corpos. Isso se dá, principalmente, por terem esse aspecto de humanos transgredindo as leis sociais, que é uma das características do Halloween, as pessoas se fantasiarem de personagens para poder ser quem elas desejam, sem precisar se preocupar com os olhares da sociedade. Alguns exemplos são as franquias Sexta-feira 13, Halloween, Jogos Mortais e O Albergue. 

O filme de terror contemporâneo 

Atualmente, as produções cinematográficas de terror estão sendo produzidos além do simples intuito de dar medo e sustos. O professor de cinema, Érico Monnerat, observa: “Os filmes agora abordam temáticas mais contemporâneas. Está acontecendo um movimento grande nos Estados Unidos de usar os clichês e os símbolos do gênero de terror para falar de temáticas mais próximas, como questões raciais e das mulheres”. Vemos filmes como Corra! (2017) e Nós (2019), de Jordan Peele.

Essa modernidade nos filmes modifica principalmente a questão da presença feminina nos filmes de terror. Antes presente com um enfoque de fragilidade, como a personagem perseguida pelo assassino, ou com a utilização do grito feminino para representar desespero e o corpo feminino para a mutilação. Hoje em dia, mais filmes de terror estão sendo dirigidos e produzidos por mulheres, se afastando da perspectiva masculina de como se contar uma história e abrindo novos paradigmas de como reproduzir a imagem da mulher no terror nos diferentes subgêneros. Exemplo de diretoras são: a brasileira Gabriela Amaral Almeida (O Animal Cordial – 2018), Raw (Julia Ducournau – 2016) e Jennifer Kent (O Babadook – 2014).

Nátali Machado, dona do perfil no Instagram @horrorclube de indicações e curiosidades de filmes de terror, trouxe a questão da mulher como público desse gênero. “Quando eu assistia aos filmes na minha adolescência, eu não tinha com quem falar sobre isso, as pessoas não gostavam do assunto, não queriam falar sobre filmes de terror. E eu me sentia sozinha nessa época, fiquei muito sozinha na escola por conta disso”, disse. De modo a criar uma comunidade online para esse nicho, ela criou a página esse ano e já conquistou mais de dez mil seguidores com seu conteúdo. Agora, em época de Halloween, comenta que um dos filmes mais procurados por seu público é o Contos dos dias das Bruxas (2007), de Michael Dougherty, e a franquia Halloween.

“Eu acho que a galera do Brasil que gosta de terror e gosta dessa época do ano queria muito ter essa cultura aqui. Muitos já comentaram comigo sobre isso. Acho que todo mundo queria vivenciar isso de alguma forma, então essa procura pelos filmes e querer se aproximar um pouco mais da cultura americana é uma coisa que está presente em outubro”, pontua Nátali.

Indicações de filmes dos entrevistados para o Halloween:

• 1. Halloween (1984);
• 2. O Massacre da Serra Elétrica (franquia);
• 3. Sexta-feira 13 (franquia);
• 4. Pânico (franquia);
• 5. Wolf Creek – Viagem ao Inferno (2005);
• 6. Terror no Pântano (2007);
• 7. Raw (2016);
• 8. Suspiria (2018);
• 9. O Animal Cordial (2017);
• 10. Quando Eu Era Vivo (2014).