Alta do dólar atrapalha planos de viagem para o exterior
Especialistas explicam que planejamento e antecipação continuam sendo fundamentais para quem deseja viajar
Postado em 15/04/2025

Realizar o sonho de uma viagem internacional segue sendo um desafio para muitos brasileiros. De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o preço médio das passagens aéreas registrou uma queda de 5,1% no último ano. No entanto, fatores como a alta do dólar (atualmente R$5,70), o aumento nos custos operacionais das companhias e a crescente demanda mantêm as tarifas internacionais elevadas. Segundo o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do IBGE, a tendência para 2025 ainda aponta para reajustes, especialmente na América do Sul. Para quem sonha em viajar para fora do país, planejamento e compra antecipada seguem sendo estratégias essenciais para evitar preços exorbitantes.
Leandro Martins, economista com MBA em finanças pela USP e FIPE e com mestrado em Economia na Universidade de Grenoble explica que quando o dólar sobe, tudo que é pago nessa moeda fica mais caro para os brasileiros. Ou seja, isso impacta diretamente no aumento das tarifas aéreas e no poder de compra dos brasileiros. “Se somarmos isso ao aumento das passagens, viajar para fora do Brasil se torna um luxo ainda maior. Com os custos mais altos, muitas pessoas podem adiar ou até desistir de viagens internacionais, optando por destinos nacionais”, diz.
Mas por que isso acontece?
Bom, a explicação é simples. Existem diversos motivos além do dólar alto que afetam diretamente o preço das tarifas aéreas e Leandro mostra quais são:
- Preço do combustível: O querosene de aviação é um dos maiores custos das companhias aéreas. Se o petróleo subir, as passagens ficam mais caras;
- Dólar alto: Como leasing de aeronaves, manutenção e peças são pagos em dólar, um câmbio elevado encarece a operação das companhias;
- Oferta e demanda: Se há mais pessoas viajando do que assentos disponíveis as companhias aumentam os preços;
- Impostos e taxas: Tarifas cobradas por aeroportos e governos também influenciam o valor final das passagens.
É importante também levar em conta o momento político e econômico que o país que você planeja visitar está vivendo, pois isso pode afetar diretamente nos preços. Por exemplo, quando os países de destino enfrentam inflação alta, os preços de hospedagem e alimentação tendem a subir. “Se muita gente estiver viajando para o mesmo lugar, a demanda faz com que as companhias aéreas e hotéis aumentem os preços. Crises geopolíticas também entram nesse cenário, pois conflitos internacionais podem afetar o preço do petróleo, elevando o valor das passagens. E, por fim, alguns aeroportos cobram taxas elevadas para pousos e decolagens, o que acaba sendo repassado aos passageiros”, acrescenta o economista.
Sonho postergado

Idealizando estudar durante 3 meses em Vancouver, Canadá, a estudante de psicologia Larissa Santiago, 29 anos, mergulhou de cabeça no sonho de fazer um intercâmbio. “Decidi que queria viver essa experiência imersiva e fiz tudo que pude, juntei dinheiro e as coisas estavam fluindo”, comenta.
Porém, nada saiu como o planejado. “Já tinha viajado para o exterior antes, então sabia das dificuldades burocráticas. Mas o visto americano e canadense foi realmente desafiador, especialmente porque pagamos em dólar, e com o valor atual, isso pesou bastante. Na verdade, tudo que envolvia pagamento em dólar — como estadia, curso, alimentação e lazer — foi me fazendo repensar a ideia de viajar.”
Quando desistiu de realizar o intercâmbio teve outra surpresa. “Comprei minhas passagens com um ano de antecedência e mesmo assim não tive o reembolso prometido. Até hoje espero esse dinheiro que, obviamente, faria diferença para mim. Penso em processar a companhia aérea”, finaliza.
Estratégias

Tacim Queiroz é responsável por uma comunidade de dicas no WhatsApp de como comprar passagens aéreas e compartilha que uma das dicas mais infalíveis é acumular milhas. “Milhas são, sem dúvida, uma das melhores formas de conseguir voos mais baratos. Ao invés de pagar o preço total da passagem, você pode utilizar suas milhas acumuladas para reduzir o valor ou até cobrir completamente o custo do bilhete. Em reais, você até consegue buscar ofertas diretas nas companhias aéreas, mas, com as milhas, você tem uma opção ainda mais vantajosa, economizando bastante, principalmente em voos internacionais”, acredita.
Ele conta que as principais formas de acumular milhas incluem o uso do cartão de crédito e as compras bonificadas com os parceiros dos programas de fidelidade. Além disso, muitas lojas online oferecem promoções de milhas extras, o que pode aumentar rapidamente o seu saldo. Quanto mais você utilizar seu cartão em compras do dia a dia ou em compras específicas com os parceiros, mais milhas você acumula para usar em futuras viagens.
O período ideal para comprar passagens com antecedência varia: para voos nacionais, o melhor é comprar entre 90 e 60 dias antes da data de viagem, garantindo bons preços e promoções. “Para voos internacionais, o ideal é planejar com pelo menos 120 dias de antecedência. Quanto mais cedo você garantir seu bilhete, mais chances de aproveitar tarifas baixas ou até encontrar boas oportunidades usando milhas.”
Leandro também adiciona:
- Planejamento antecipado: Comprar passagens e reservar hospedagens com bastante antecedência pode garantir melhores preços.
- Flexibilidade nas datas: Evitar alta temporada e escolher voos em dias menos concorridos (como terças e quartas-feiras) pode reduzir custos
- Milhas e programas de pontos: Usar pontos acumulados no cartão de crédito ou em programas de fidelidade pode diminuir gastos com passagens.
- Escolher destinos mais acessíveis: Optar por países onde o real tem mais poder de compra, como alguns destinos na América Latina.
- Gastos no exterior: Evitar compras desnecessárias e sempre comparar formas de pagamento, pois IOF e taxas cambiais podem encarecer transações.