Altos custos em lojas colaborativas preocupam pequenos empreendedores
Além do aluguel, microempreendedores também devem pagar uma taxa sobre tudo que vendem em lojas colaborativas
Postado em 15/04/2024
Micro e pequenos empreendedores que expõem seus trabalhos em lojas colaborativas enfrentam dificuldades para a manutenção de espaços nessas lojas. Isso porque, para ter um box em um espaço colaborativo, é necessário um investimento considerável, sem garantias de boas vendas. Empreendedores também se queixam das taxas abusivas pagas sobre o percentual de tudo que é vendido.
As lojas colaborativas são um modelo de negócio que se popularizou no Brasil em 2018. Elas funcionam como um “espaço físico coletivo, onde os empresários de pequenos negócios comercializam diretamente os seus produtos e serviços”, explica o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Nesses locais, cada comerciante expõe suas mercadorias em um espaço previamente delimitado.
Para abrir um “box”, nome dado aos nichos de prateleira em uma loja colaborativa, o empreendedor deve pagar um aluguel, com valores a depender do tamanho do espaço escolhido. Em Brasília, o box de tamanho padrão, medindo 70 cm de altura e 60 de largura, custa em média R$ 300 ao mês.
Além do valor do aluguel, os espaços colaborativos também cobram uma taxa variável sobre os ítens vendidos. De acordo com o professor e economista Riezo Almeida, este valor cobre os custos variáveis da loja, como impostos, taxas de empresas de cartão de crédito e royalties da marca central que cede o espaço. O economista também explica que essa taxa inclui os valores dos serviços prestados pela loja, como o atendimento ao cliente, embalagem dos produtos e “é claro, uma parcela de remuneração para a própria loja colaborativa, que precisa de uma margem de lucro para continuar operando nesse sistema colaborativo”, conclui.
Yan Cláudio é dono da Use See, marca brasiliense de óculos. Em 4 anos de empresa, ele expôs seus produtos em 2 lojas colaborativas do Distrito Federal. As experiências, porém, não foram satisfatórias para o pequeno empreendedor, que teve que repensar a viabilidade desse modelo para seu negócio. “Nas lojas colaborativas, uma parcela de tudo que eu vendo fica para a loja. Se em um mês meus produtos não têm tanta saída, fico no prejuízo, pois o valor que recebo não cobre os gastos para me manter ali e ainda produzir os óculos”, afirma o empreendedor.
Yan conta que ainda aluga um espaço em uma loja colaborativa da Asa Norte mas que, hoje, seu foco está no mercado online. “Minha estratégia com o box esse ano está muito mais voltada em trazer mais visibilidade para a Use See, já que estou em um ponto bastante movimentado por uma clientela que é meu público-alvo. Mas, quando o assunto é a venda, tenho muito mais lucros nos marketplaces online, que é hoje o principal ponto de venda da marca.”
Possíveis soluções
Para micro e pequenos empreendedores que passam por uma situação parecida com a de Yan, com o desafio de alto investimento com pouco retorno financeiro, o Sebrae indica uma série de medidas para solucionar o problema. Entre elas, está a necessidade de negociação de condições mais favoráveis. “Busque negociar melhores condições com a administração da loja colaborativa, como redução de taxas de comissão ou aluguel, especialmente se você trouxer um volume significativo de vendas para o espaço”, aconselha o Sebrae.
O Sebrae também recomenda que o empreendedor repense algumas de suas estratégias de marca. Diversificação no mix de produtos, foco em produtos de maior margem de lucros, investimento em marketing pessoal, estabelecimento de presença online, parcerias estratégicas, gerenciamento eficiente de custos e avaliação contínua de desempenho são algumas medidas que podem ser implementadas para reverter essa situação de baixa lucratividade.
“Implementar essas estratégias de forma proativa e consistente pode ajudar aos microempreendedores a aumentarem seus lucros nas lojas colaborativas e tornar a parceria mais lucrativa e sustentável a longo prazo”, afirma o Sebrae.