Aruc vence três editais de cultura nos últimos seis meses

Dinheiro será usado para custear mini-documentário, exposição histórica e reforma da Aruc. Presidente da associação espera que projetos atraiam novos associados

Estefania Lima

Postado em 10/04/2024

Desde a volta do Ministério da Cultura ano passado, a Associação Recreativa Cultural Unidos do Cruzeiro (Aruc) foi aprovada em três editais de cultura em menos de seis meses. O dinheiro recebido será investido na continuidade de ações recorrentes, como a escola de samba – carro-chefe da associação – e na volta de outras atividades, como o handebol e o futsal. Também será usado para reformar o espaço da sede, no Cruzeiro Velho. Ao todo, o dinheiro dos editais somam pouco mais de R$135.000,00.

Em novembro, a Aruc foi um dos vencedores do Prêmio Pontos de Memória 2023, Edição Helena Quadros, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). O Pontos de Memória é uma iniciativa destinada a reconhecer e premiar práticas em museologia social e processos museais comunitários. O objetivo é destacar aqueles que tenham contribuído para a identificação, registro, pesquisa e promoção do patrimônio material e imaterial de grupos, povos e comunidades que representam a diversidade cultural brasileira. 

O Instituto Aruc, ao ser premiado pelo edital Pontos de Memória, fará um curta-metragem documentário. Atualmente, o projeto está em fase final de produção do roteiro, incluindo pesquisa documental nos arquivos do Instituto, no Arquivo Público do Distrito Federal e na Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

O filme é uma colaboração idealizada pelos estudantes universitários Anna Luisa Belchor e Arthur Lacerda, que buscam, através do audiovisual, comunicar a conexão histórica da Aruc com Brasília. “O documentário será uma oportunidade para apresentar ao mundo o berço do samba na capital federal”, afirma Anna Luisa.

O Instituto Aruc é um espaço para preservar a história e a memória da agremiação, que existe desde outubro de 1961. Foto: Divulgação/Instituto Aruc.

Já em fevereiro desse ano foi a vez da Aruc vencer o Prêmio Culturas Populares e Tradicionais, Mestre Lucindo. Assim como o Prêmio Pontos de Memória, esse prêmio também pretende reconhecer e premiar as iniciativas culturais associadas ao conjunto de expressões culturais populares e tradicionais. Esse prêmio faz parte do Edital de Seleção nº 08/2023 de Premiação Cultura Viva – Sérgio Mamberti.

E mais recentemente o Instituto Aruc também foi um dos selecionados no edital da Lei Paulo Gustavo, com o projeto “Aruc, patrimônio cultural do DF”, que vai divulgar a história da associação pelo Distrito Federal. Segundo o historiador e atual presidente da Aruc, Rafael Fernandes, que idealizou o projeto, a ideia é montar uma exposição itinerante que passará por espaços culturais de outras seis Regiões Administrativas (RAs) do DF: Samambaia, Planaltina, Gama, São Sebastião, 508 Sul, finalizando na sede da Aruc.

“A Aruc já tem esse trabalho com a memória há algum tempo. Essa nossa preocupação com a história foi o que nos fez entrar nesses editais.” — Rafael Fernandes, historiador e presidente da Aruc.

Rafael também diz que esse suporte foi fundamental, uma vez que “a instituição por si só não teria essa condição” de bancar todos os projetos de forma independente.

Aruc se esforça para atrair novos associados, mas “não tem sido fácil”

Desde o início do ano, a Aruc já perdeu ao menos nove integrantes da associação, dentre eles o ex-presidente Abelardo Lopes Monteiro. Alguns estavam afastados por causa da saúde, outros ainda eram ativos na comunidade. Essas perdas levantam a seguinte questão: “quem irá suceder essas pessoas, esses cargos?”. O atual presidente, Rafael, diz que desde o início do seu mandato, em 2020, essa é uma das preocupações. Por ser o primeiro presidente da associação nascido e crescido em Brasília, ele diz ter entrado com “um olhar mais de renovação”, por isso tem tentado atrair novos públicos para a Aruc, como a Anna e o Arthur. 

Fundada em 21 de outubro de 1961, a Aruc é a maior vencedora dos desfiles de escola de samba do Distrito Federal, tendo conquistado 31 títulos. Foto por Raianne Cordeiro.

O presidente também aponta um “desinteresse generalizado”, principalmente entre as gerações mais novas, em conhecer a história de onde moram, por isso ele e o Instituto Aruc têm se “dedicado em preservar a memória da agremiação”. “Não tem sido fácil, mas vamos persistir. Estamos tentando melhorar a estrutura para atrair mais público”, comenta Rafael.

Agora em abril acontecem as eleições para presidência da Aruc. Rafael, já em seu segundo mandato, não irá concorrer, mas já indicou que seu sucessor, ao que tudo indica o vice-presidente do Instituto Aruc e diretor cultural da Aruc, Robson Silva, seguirá com os projetos e ações culturais que Rafael tem desenvolvido ao longo desses anos. “Saio da presidência, mas sigo como colaborador”, completa.