Empreendedorismo feminino em ascensão: mulheres movimentam o cenário de negócios no Brasil

O Brasil é o sétimo país com o maior número de mulheres empreendedoras, totalizando 30 milhões (48%) dos 52 milhões de empreendedores, segundo a pesquisa do GEM (2020), realizada pelo Sebrae em parceria com o IBQP

Nicolle Maica

Postado em 29/05/2024

Nos últimos anos, o empreendedorismo feminino vem se destacando através do crescimento econômico e inovação no Brasil. Segundo uma pesquisa feita pelo SEBRAE, aproximadamente 73% dos empreendimentos são majoritariamente femininos. Esse fator impulsiona a economia e gera novas oportunidades de emprego e inovação.

Diante disso, uma parcela de mercado em ascensão é o da cosmetologia natural, que cada vez mais ganha espaço, movimentando a economia do país. Seu crescimento é fruto de uma alternativa considerável, por priorizar a sustentabilidade e o cuidado da pele.

A mulher empreendedora no mercado de produtos naturais

O empreendedorismo feminino tem ganhado destaque no setor de cosméticos naturais no Brasil, refletindo uma tendência global de consumo consciente e sustentável. Nos últimos anos, testemunha-se o aumento significativo no interesse por produtos naturais e orgânicos. O Brasil é, segundo a revista Forbes, o 4º maior mercado de beleza e cuidados pessoais do mundo, que cresceu quase 20% em 2021. Segundo a BioBrazil Fair, o mercado dos produtos orgânicos de beleza já movimenta R$3 bilhões ao ano.

Julia Castro, bióloga e dona da marca de cosméticos naturais, Maranta, conta que toda a produção é feita por mulheres, como sua avó e mãe. A produção vem desde a fabricação até as vendas (por meio digital, por canal direto do WhatsApp ou em feiras artesanais). “Me sinto realizada com todas as etapas do meu trabalho”, ressalta. A empresa possui 3 anos de criação, sendo completamente autônoma e autossuficiente, pois Júlia não possui apoio de nenhuma outra empresa. “Vejo a Maranta como minha personalidade sendo mostrada para o mundo. A expressão dos meus valores, hobbies e posicionamentos. Eu sou a Maranta e ela tem muito de mim também”, finaliza.

“As pessoas estão despertando e começando a entender que a sustentabilidade é o caminho; esse resgate ancestral é o caminho e o futuro”. Sendo assim, ela destaca que cada vez mais pessoas buscam produtos naturais, principalmente no anseio de melhora da pele, conexão com a natureza, sensibilidade tátil, autoconhecimento e para auxiliar questões ambientais. Os produtos da loja são: sabonete em barra, desodorante, xampu e condicionador em barra, repelente, incenso, escalda pés, tônico capilar e hidratante labial.

O futuro do empreendedorismo feminino neste quesito, no Brasil, é promissor. Com a crescente conscientização sobre os benefícios dos produtos naturais e a contínua valorização de práticas sustentáveis, essas empreendedoras lideram no mercado de beleza, trazendo benefícios tanto para os consumidores quanto para o meio ambiente. Lara de Paula, cliente da Maranta, opta pelo uso de produtos naturais e compartilha que a sua experiência com os produtos da marca realmente fizeram a diferença em sua pele. “Minha pele é sensível e os produtos industrializados agridem muito ela. Depois que conheci os produtos da Júlia, meus problemas de pele ressecada e machucada foram resolvidos”, comenta.

Júlia prepara os próprios produtos da marca. – Imagem: arquivo pessoal de Júlia Castro

Empreendedorismo e apoio do SEBRAE

Cristiane Galvão, representante do SEBRAE, engajada no empreendedorismo feminino, destaca a importância dos negócios geridos por mulheres para a economia, autonomia e da luta pela igualdade de gênero como pilares fundamentais.  

Além disso, Cristiane cita os incentivos no mercado econômico feminino. “O empreendedorismo feminino é uma pauta transversal, sendo assim, seu fluxo é constante e com forte capilaridade em quase todas as nossas ações, como micro e macro.” Para ela, as mulheres donas de negócios servem como modelos e mentoras para outras mulheres, inspirando-as a perseguir suas próprias ambições empreendedoras. “Isso contribui para a mudança cultural, desafiando estereótipos de gênero e promovendo uma sociedade mais equitativa. É inspirador e pujante eu, como mulher, ter exemplos de mulheres donas de negócios em um universo ainda masculino”, finaliza.

Em um contexto onde a desigualdade de gênero ainda persiste no mercado de trabalho tradicional, as mulheres têm encontrado no empreendedorismo uma forma de driblar essas barreiras. De acordo com Cristiane, estudos revelam que negócios liderados por mulheres tendem a reinvestir parte de seus lucros em suas comunidades, promovendo um ciclo positivo no desenvolvimento econômico local.