Grande demanda dificulta agendamentos na Unidade Móvel do Hemocentro

Com capacidade para receber até 80 pessoas por saída, ônibus adaptado para coleta de sangue  não consegue atender toda a população interessada

Sofia Dorta

Postado em 18/03/2024

Fachada da Unidade Móvel. Foto: Sofia Dorta

A grande demanda pelos serviços da Unidade Móvel da Fundação Hemocentro de Brasília (FHB) está dificultando para que toda a população interessada consiga doar sangue. Isso porque os horários disponibilizados são rapidamente preenchidos. A falta de um calendário fixo também é um problema para esses voluntários que não foram atendidos, mas que gostariam de doar em outra oportunidade

A Unidade atende até 80 pessoas por saída pelas Regiões Administrativas (RA’s) do Distrito Federal. A agenda do ônibus do Hemocentro é divulgada nas redes socias da FHB e de seus parceiros 5 dias antes de cada saída. A partir dessa divulgação, a população pode agendar seu horário de doação no site “Agenda DF”. A Unidade Móvel chega ao ponto marcado às 8h e encerra as operações às 17h30, coletando sangue de 6 doadores por vez.

No total, são mobilizados cerca de 20 funcionários do Hemocentro para cada ação itinerante. Estes funcionários desfalcam a equipe da unidade física, uma vez que o déficit de servidores na Fundação impede que existam enfermeiros e técnicos de enfermagem específicos para o ônibus.

Ligia Eliza, moradora de Brazlândia, é doadora há mais de 12 anos. Ela conta que não conseguiu agendar um horário nas idas da Unidade Móvel à cidade ou em outras RA´s próximas devido ao rápido esgotamento das vagas disponíveis. Apesar da dificuldade, ela não desanima: “Não fico sem doar sangue. Tento sempre ficar doando. É muito importante, queria que todo mundo tivesse essa consciência para ajudar vidas”, afirma.

Ligia doando sangue no Hemocentro de Brasília. Foto: Sofia Dorta

Sobre esse problema no agendamento, a FHB responde que, internamente, são realizados estudos com o objetivo de tentar viabilizar um calendário fixo entre as Regiões Administrativas. “O primeiro ano na Unidade Móvel foi também um período para entendermos quais os locais com bom fluxo de doadores, índice adequado de aptidão e com estrutura física suficiente para receber o ônibus, bem como para formar novas parcerias”, conclui Kelly Barbi. gerente de Captação, Registro e Orientação de Doadores do Hemocentro.

1 ano democratizando o acesso à doação de sangue

A Unidade Móvel, em 1 ano de atuação, está contribuindo para o aumento nos estoques de sangue do Distrito Federal. De acordo com a FHB, em 2023, a Unidade foi responsável pela coleta de mais de 1.2 mil bolsas de sangue, que beneficiaram cerca de 5 mil pacientes do DF.

A Unidade funciona em um ônibus adaptado para receber voluntários. Com ela, equipes multidisciplinares do Hemocentro se deslocam pelas Regiões Administrativas, seguindo um calendário previamente estabelecido em parceria com as Administrações Regionais. Outras instituições públicas e privadas também podem agendar os serviços da Unidade Móvel.

De acordo com Kelly Barbi, gerente de Captação, Registro e Orientação de Doadores, o projeto é uma tentativa da Fundação para democratizar a coleta de sangue para os moradores das RA’s, que nem sempre conseguem acessar as dependências físicas do Hemocentro. 

Interior do ônibus adaptado para receber doadores voluntários. Foto: Sofia Dorta

Dados do Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF) apontam que  90,27% da população do DF mora fora de Brasília (Asa Sul, Asa Norte, Lago Sul e Lago Norte), por isso a importância de se ter um ponto de coleta que atenda às pessoas sem exigir que elas se desloquem para longe de casa. As RA’s que mais mobilizaram voluntários, segundo a FHB, foram Planaltina, Gama, Ceilândia e Taguatinga.

Rilmara Pereira, moradora de Planaltina, conseguiu doar na passagem da Unidade pela cidade.  “Eu sou doadora há mais de dez anos. Estava com a última doação atrasada, pois estava sem tempo de ir à sede do Hemocentro. E eu ainda tenho a dificuldade que sempre preciso de alguém para me acompanhar depois de um episódio de desmaio que tive após doar sangue há alguns anos. Então, para mim, foi ótimo! Coloquei a doação em dia e consegui voltar em segurança para casa”, diz ela.