Mercado do OnlyFans cresce durante pandemia

Pessoas que estavam desempregadas recorrem a plataformas de conteúdo por assinatura e geram renda através de material adulto

Gabriel Pereira Guimarães Rocha

Postado em 09/06/2022

Com a recente pandemia de Covid-19, muitas pessoas ficaram desempregadas. Deste modo, muitos cidadãos aderiram à produção de material para plataformas de conteúdo por assinatura para gerar renda. As plataformas cobram uma taxa de 15% a 50% dos ganhos dos criadores, permitindo pagamentos semanais no valor mínimo de US$ 50. Embora o público interessado em sexo seja a maioria, as redes permitem posts de vários nichos, como culinária, esportes, fitness e até finanças.

A principal plataforma é o OnlyFans, fundada em 2016, em Londres, que conta com pouco mais de 5 milhões de criadores de conteúdo cadastrados ao redor do mundo, e 150 milhões de usuários ativos. A plataforma tem como objetivo vender planos de assinatura para acessar posts exclusivos dos perfis que geram conteúdo, fazendo com que os assinantes tenham fácil interação com o seu “influencer” preferido.

Brasil no mercado

O aplicativo brasileiro Privacy é um dos queridinhos do público e dos criadores de conteúdo. Criada em setembro de 2020, hoje a plataforma soma 125 mil usuários cadastrados e 17 mil criadores. Uma das diferenças para o OnlyFans é o cadastro. É preciso informar nome completo, endereço, CPF e dados bancários para receber os valores.

Um problema para muitos criadores de conteúdo é a exposição da sua imagem, e como sua família vai reagir. “Minha família não sabe, ou se sabem não falaram nada, mas duvido muito porque acho que eles iam surtar se descobrissem”, diz Liz Melo, 23, criadora de conteúdo.

Liz Melo iniciou na plataforma OnlyFans, em fevereiro deste ano, após incentivo dos amigos, que falavam que ela tinha perfil para o aplicativo. Liz conta sobre a experiência de ser fotografada. “Eu sou modelo há alguns anos e amo ensaios sensuais, então é algo que fico bem confortável, a parte mais difícil é saber que têm pessoas vendo essas fotos”. Liz expõe que ganha em torno de R$ 6 mil por mês, e quer ser reconhecida no futuro não só pelos conteúdos em si, e sim pela criatividade por trás dos ensaios.

Criadores insatisfeitos

Em outubro de 2021, a plataforma OnlyFans anunciou que proibiria conteúdo sexualmente explícito, mas recuou dias depois. “A comunidade se manteve unida e surgiram outras plataformas concorrentes, e isso não foi problema. Porém, como o OnlyFans revogou, eu me mantive lá. Se um dia o OnlyFans proibir a venda de conteúdo explícito, eu continuaria na plataforma e mudaria o meu conteúdo para algo menos explícito”, diz Luídia Falcão, 31, criadora de conteúdo.

Para Luídia, tudo se iniciou em 2017, quando estreou a venda de conteúdo no site Suicide Girl, adicionando potenciais clientes nos melhores amigos do Instagram, e vendendo acesso ao seu perfil no aplicativo Snapchat. A criadora de conteúdo migrou para o OnlyFans em novembro de 2019, quando a plataforma começou a bombar. Hoje, Luídia ganha cerca de R$ 7 mil por mês, trabalhando como criadora de conteúdo e recruta jovens com capacidade de fazer sucesso na plataforma.

Para quem quer fazer parte dessa turma, não basta ter somente disposição. “Eu acho que a família, parceiros, vida social e o psicológico precisam estar muito bem equilibrados para você começar um trabalho de sexwork em qualquer plataforma. Se sentir bem consigo mesmo é muito importante. Faça o que você quer fazer, do seu jeito e no seu tempo. A comunidade é muito acolhedora, e com certeza você vai ter seu espaço”, aconselha Luídia Falcão.