Movimento escoteiro influencia no desenvolvimento infantil e na vida adulta

Ao trabalhar as 6 áreas do desenvolvimento humano, o escotismo é capaz de afetar habilidades sociais e pessoais. Confira a experiência dos escoteiros do Grupo Lis do Lago

Ana Morbach

Postado em 08/12/2021

O escotismo, na sua essência, é um movimento voltado para jovens e feito por eles com o auxílio de adultos voluntários, chamados de escotistas. Com propósito educacional e a prática de atividades variadas que pretendem auxiliar nas seis áreas de desenvolvimento físico, intelectual, social, afetivo, espiritual e de caráter, o escotismo foi criado para incentivar crianças e jovens a assumirem o seu próprio crescimento pessoal. 

Divididos por faixa etária, os escoteiros podem iniciar suas jornadas aos 6,5 anos de idade e finalizar aos 21. Com base nas características de cada fase, os escoteiros, com a ajuda de seus chefes, podem desenvolver as áreas de acordo com as suas necessidades individuais. No Distrito Federal há um total de 68 grupos de escoteiro divididos entre as regiões administrativas. Para cada faixa etária, a criança ou jovem recebe uma nomenclatura diferente. Assim, dos 6,5 aos 10 anos são formados os “Lobinhos”, dos 11 aos 14 os “Escoteiros”, dos 15 aos 17 os “Sênior” e dos 19 aos 21 anos os “Pioneiros”.

Compromisso

Como um dos valores fundamentais do movimento, a Promessa Escoteira é uma etapa crucial na trajetória dos jovens, pois ela sintetiza o embasamento moral do que significa ser um escoteiro. Nas palavras de Camila Pohren, escotista chefe do Grupo Escoteiro Lis do Lago, a Promessa demonstra um compromisso da pessoa com o movimento e é um passo no qual a iniciativa deve partir da criança, quando se sentir preparada. 

“A Promessa é um compromisso com o grupo escoteiro e consigo mesmo de não estar só ali para fazer as atividades e seguir a Lei do Escotismo, mas sim para buscar o seu melhor a cada dia e vencer os desafios que vem pela frente”, afirma.

Camila Pohren realizando a promessa de uma lobinha / Foto: Arquivo Pessoal

Escoteiro desde os 9 anos de idade, Lúcio Marcon, agora com 33 anos, também é escotista chefe do Lis do Lago e trabalha, em parte, na coordenação do grupo. Com uma grande trajetória no Movimento Escoteiro, Lúcio é o exemplo de que as atividades oferecidas influenciam significativamente no desenvolvimento da vida adulta e profissional. Como engenheiro civil, ele afirma que utiliza as práticas que aprendeu na sua profissão e no seu cotidiano. 

“Ter essa autonomia desde cedo fez muita diferença para mim. No escotismo, os valores e conhecimentos são trabalhados de maneira lúdica, muitas vezes a criança nem percebe que está de fato aprendendo algo que vai levar para a vida. Na hora de chegar na faculdade, no ambiente de trabalho, eu já tinha um desenvolvimento de liderança, de grupo, e isso me fez enfrentar essas fases com mais facilidade”, revela.

Desde cedo

De acordo com Graziela Boher, professora do curso de Psicologia do Centro Universitário IESB, a fase adulta possui uma ligação direta ou indireta com as experiências da infância, visto que, a construção da identidade é iniciada desde cedo. Com relação à vivências em grupo, Graziela revela que é fundamental que as crianças cresçam em espaços onde possam exercitar a colaboração, o auxílio mútuo e a empatia, sendo esse fatores cruciais que estimulam o altruísmo e a consciência coletiva, onde cada um se torna responsável pelo bem-estar de todos. 

“Concluímos que o grupo, assim como suas atividades, interferem no desenvolvimento pessoal e social das crianças. Porém, é preciso ter cuidado para não negligenciar questões e características individuais. É preciso respeitar as diferenças e isso tudo faz parte de uma construção coletiva que preza pelo respeito ao outro”, comenta.

O Grupo Escoteiro Lis do Lago fica localizado no Lago Norte e atualmente voltou com as atividades presenciais aos sábados / Foto: Arquivo Pessoal

De uma família para outra

Para Mariana Carvalho, mãe dos escoteiros Taciano (14), Maria Júlia (12) e Maria Clara (9), o grupo Lis do Lago já é uma segunda família. Entrando no grupo nos anos de 2016 e 2018, as crianças já possuem experiência na área do escotismo. Segundo ela, a troca de valores e o aprendizado em grupo influenciam fortemente no cotidiano de seus filhos.

Para mais, Mariana optou por colocá-los no escotismo para que pudessem ter uma atividade extra. Sabendo dos valores e das experiências que o grupo pode proporcionar, ela comenta que, após um tempo, a decisão de permanecer no grupo veio das crianças.

“Eu acho que o escotismo faz um trabalho completo já que trabalha com várias áreas de desenvolvimento, desde a intelectual até a espiritual, além de ajudar muito na autonomia deles e no crescimento para a vida adulta. Para mim é excelente, sempre indico para outros pais”, revela.

Maria Clara está na fase de lobinha e, aos 9 anos, já fez a Promessa Escoteira / Foto: Ana Cristina Morbach