O charme é um estilo que reúne várias pessoas dançando passos combinados. No Brasil, o baile charme do viaduto de Madureira, no Rio de Janeiro, é o mais conhecido. Em 2012, a novela Avenida Brasil, produzida pela Globo, fez com que mais pessoas de fora do Rio conhecessem a dança. Mas aqui em Brasília um grupo já promovia o estilo há um bom tempo.

O líder do grupo Charme em Movimento, Netto do Charme, 57, conta que os bailes charmes começaram no Conic, no shopping Boulevard, em 2002: “ Era uma quinta do charme idealizada pelo DJ Celsão, Jairo, Joseph e DJ Valmir. No início era só pra escutar o charme. Fui convidado com meu compadre Fernando de Oliveira. A gente começou a afastar as mesas e a dançar, eu já havia trazido passos do Rio. E também já tinha feito alguns. Aí foi quando deu ênfase ao charme.”  Netto conta ainda que o shopping ficou preocupado com a presença de muitas pessoas em um horário que estava fechado e o grupo migrou para a  Ilha do Parque, no Parque da Cidade.

Netto, que é natural de Nova Iguaçu (RJ), conta que conheceu o charme em um baile no Vera Cruz em 1980 e que naquela época só entrava quem estivesse de esporte fino. Foi ali que se apaixonou pela dança. 

Foi de 2013 para 2014 que o grupo liderado por Netto se abriu para novos alunos: “Antes já havia charme, mas não havia um grupo. De lá pra cá é que os grupos foram aparecendo.” Hoje o grupo é composto por 50 alunos.  

Charme é cultura

Não é funk, não é hip-hop, é charme. Tem um diferencial da postura nas pessoas, no comportamento, é tudo interligado, é uma cultura diferente,  que agrega pessoas de todas as  idades. As pessoas vão para se divertir. Brisa Sousa, 54, secretária do grupo, conta como funciona as apresentações. “Somos chamados a abrir a pista de dança de diversas festas, levando nossa dança a mais pessoas. Ficamos na frente enquanto há pessoas aprendendo nossos passos. Dançamos por cerca de 2 horas.” Brisa conta também que faz 8 meses que o Grupo Charme em Movimento está registrado como empresa.  Netto diz que são cerca de 8 grupos de charme hoje no Distrito Federal e que a maioria saiu do Charme em Movimento, que foi o pioneiro. 

Sobre as escolhas da música, o repertório é tanto nacional quanto internacional. Há mesclagem entre os períodos. “A diferença entre Brasília e Rio de Janeiro é bem gritante porque lá determinadas músicas tem um determinado passo. Aqui não, a gente dança todas as músicas e o passo que bater a gente dança.”

Brisa conta ainda que Brasília é o segundo polo de charme depois do Rio de Janeiro. Tem grupos charmes em Sobradinho, no Gama e em Planaltina. 

A diferença do charme na vida das pessoas

Sérgio Ferreira, 54, começou no charme há dois meses e conta: ”Eu não dançava, fui convidado pelo Netto. Eu já ia às festas, mas eu só admirava, eu não chegava a dançar. E aí ele falou pra eu participar da aula, que eu ia aprender e me soltar. A gente chega meio travado e com o tempo a gente começa a fazer parte do grupo, da família, eles deixam a gente à vontade. Então faz bem pra cabeça, bem pra alma da gente e relaxa. É uma dança que a gente começa a gostar. É uma família”, afirma. 

Para o coreógrafo do grupo Ivo Xavier, 52, o charme significa uma forma de ser feliz:” É uma forma de viver com mais alegria, é mais uma forma de socializar, de aproveitar a vida, com a dança. É isso que representa”, afirma. 

Ivo relembra ainda que o Charme carregava outro nome, como disco funk ou black music. “O DJ Corello começou a chamar as músicas mais lentas porque os bailes eram muito rápidos. No começo do baile, ele colocava um charminho, uma música lenta pra ir aquecendo a galera. Ele falou vamos dançar devagarinho com muito charminho. E o nome charminho pegou, que era uma coisa mais lenta, mais elegante.”

As aulas do Charme em Movimento ocorrem na Escola Parque da 210/211 Sul, todas as terças e quintas às 19 horas. Para fazer parte, basta chegar. E sobre a idade de quem pode participar, Netto reforça: “É de 8 a 80”. As aulas são transmitidas também pelo facebook do Netto do Charme. Acesse aqui.