João Pessoa é aquele tipo de lugar que te conquista facilmente. É possível achar pessoas de várias partes do país que chegaram apenas para passear e acabaram se encantando com a cidade, transformando-a em moradia e refazendo a vida.

A capital da Paraíba, carinhosamente apelidada de Jampa por seus moradores, é a terceira cidade mais antiga do Brasil e tem, segundo o último censo do IBGE, pouco mais de 800 mil habitantes. De acordo com dados divulgados pela prefeitura, a extensão litorânea é de 24km divididos em nove praias e a cidade conta também com mais de 90 km de ciclovias.

A orla de João Pessoa não possui prédios altos, comuns em outras cidades litorâneas, isso está previsto na constituição do Estado da Paraíba de 1989 que proibiu a construção de prédios com mais de 12,90 metros de altura. As edificações que ultrapassam esses limites foram concluídas antes do regulamento. 

Durante o dia, a orla nas praias de Cabo Branco e Tambaú é tomada por passeios. Existem opções para todos os bolsos e gostos. Tem passeio de lancha, de catamarã, van e até de paramotor (um passeio aéreo que dura de 12 a 14 minutos) para os mais corajosos.

Já a noite, um dos locais mais disputados é a ciclovia onde os usuários de diferentes idades aproveitam para andar de bicicleta, triciclo, patins e até patinetes. O calçadão por sua vez é compartilhado por turistas, moradores da região, vendedores, artistas, massagistas (sim, massagistas!), cantores, caricaturistas, tem de tudo um pouco.

Neste mesmo espaço é possível encontrar vários objetos para quem gosta de presentear: quadros, artigos de decoração para casa, brinquedos e várias opções de lembrancinhas. O artesanato regional como as rendas e outras peças personalizadas são mais comuns de se encontrar nas feirinhas.

Outros itens que fazem parte do rico artesanato da região são as roupas feitas em algodão natural e os artigos confeccionados com couro de bode.

As peças de vestuário nas cores marrom e bege vistas em grande parte das bancas de artesanato em João Pessoa são de um algodão desenvolvido pela Embrapa através de cruzamento de espécies e as tonalidades são naturais, resultado deste processo. De acordo com informações do site da instituição, artigos feitos com esse material já foram exportados para países como Alemanha, Estados Unidos e Japão.

Existem vários acessórios que levam como matéria-prima o couro de bode: carteiras, chinelos, bolsas, chapéus, bonés e outros. Segundo Beatriz, vendedora de uma das lojas da feirinha de artesanato de Tambaú, os artigos são da cidade de Cabaceiras, terra do cinema nordestino (também chamado de Roliúde Nordestina). Nada se perde, os moradores consomem a carne e fazem das peças fonte de renda.

Um dos pontos mais bonitos para passear e levar para casa um pouco da tradição nordestina é o MAP, Mercado de Artesanato Paraibano. Com dois andares e uma arquitetura que favorece uma boa circulação de ar, o espaço abraça seus visitantes com sua simplicidade nas cores e sua riqueza nas artes.

As paredes são telas que acomodam gravuras comumente encontradas nos folhetos de literatura de cordel, os corredores são divididos com os nomes das praias e cada um recebe uma singela cortina de tecido de chita de cores variadas.

Na escada, o detalhe fica por conta dos dizeres mais característicos da região, frases como: “Tá com a moléstia!” ou “Só o pipoco do trovão!” e outras expressões nordestinas são realçadas por cores vivas. Outro convite divertido é feito para os usuários conhecerem a parte superior da feira: “Lá em riba tem mais lojas” e mais gravuras que possuem uma alternância de cores entre o preto e branco e as cores vivas.

Quando o assunto é comida, a Paraíba não tem um prato marcante como por exemplo, é o acarajé na Bahia, mas um prato típico muito saboroso (e forte!) é o Rubacão, um baião de dois cremoso que leva arroz, feijão de corda, queijo coalho, carne de charque, alho, sal, cebolinha, cebola branca e nata.

Para o lanche existem muitas opções, mas uma delas que chama a atenção principalmente dos turistas é o cachorro quente. Além dos complementos tradicionais, é comum o acréscimo de ovo de codorna e carne moída. Não critique antes de provar, fica muito bom!

Existem vários doces feitos da cana de açúcar; além da tradicional rapadura, tem o alfenim (ou alfinim) que é um doce feito do melado da cana. Outra variação do doce leva cravo, canela, erva doce, melaço da cana e é envolvida com palha de folha de bananeira.

Um item regional e bastante requisitado é a cachaça. Além daquelas mais famosas por terem nomes diferentes (como pega-marido), várias se destacam pela beleza das embalagens em cores fortes e formatos diferenciados. Na 19ª edição do Concurso Vinhos e Destilados do Brasil em 2020 duas cachaças da região foram premiadas com medalhas de ouro e prata.

Com tantos atrativos, a cidade tem espaço para se desenvolver no sentido de ofertar mais apoio aos turistas. Não existem pontos destinados a prestar informações ao longo da orla que possam direcionar melhor explicando a diferença entre as praias (nem todas são próprias para banho), onde encontrar lojas específicas ou outras atrações turísticas. Esse auxílio fica por conta de moradores ou trabalhadores da região. Alguns ajustes nesse sentido podem melhorar ainda mais a experiência de quem visita à cidade, mas não diminui o brilho dessa bela nordestina.