ONG’s trazem plantio de mudas para as periferias do DF

População encontra caminhos para reverter o cenário de desigualdade na arborização da cidade

Sofia Dorta

Postado em 25/03/2024

Bosque recém-plantado. Imagem: Sofia Dorta

Organizações não Governamentais (ONG’s) do Distrito Federal vêm atuando no plantio de mudas de árvores nativas do Cerrado nas regiões periféricas, em uma tentativa  de combater a  desigualdade na arborização da cidade. O plantio se dá em ações voluntárias, com apoio das comunidades locais.

O Instituto Arvoredo, criado em 2016, é uma dessas ONG’s que atua na democratização da arborização em Brasília. O Instituto tem como objetivo promover a restauração ecológica do Cerrado através do plantio de árvores e da educação ambiental, com enfoque para projetos nas periferias. Em ação recente no Recanto das Emas, o Arvoredo e seus voluntários plantaram mais 160 mil mudas, que irão converter uma área de uso inadequado em um bosque verde para a população.

O voluntário Alan Vida Nova participou do plantio de árvores no Recanto das Emas e destaca a importância da ação para um futuro comprometido com o meio ambiente. “Juntos, mobilizamos nossa paixão e energia para transformar áreas urbanas em espaços verdes. Essas árvores promovem a renovação e beleza natural em nossa comunidade e isso é impagável”, diz ele.

Mudas plantadas pela comunidade. Ao total, o Instituto Arvoredo já atuou no plantio e revitalização de mais de 13 hectares no DF. Imagem: Sofia Dorta

Para o consultor ambiental Charles Dayler, o plantio de mudas, quando feito com planejamento e suporte técnico, é muito benéfico para as comunidades periféricas, uma vez que a população consegue superar as limitações do poder público. Além disso, as ações comunitárias melhoram a arborização nas RA’s, contribuem para a redução dos impactos das altas temperaturas e reduzem as enxurradas.

Para além da questão ambiental, a arborização urbana também é benéfica para a questão paisagística. “Uma cidade bem arborizada tem um maior valor financeiro e sentimental para as pessoas. Isso porque elas vão se sentir melhor em uma área mais arborizada, quando todo o conjunto urbano e de vegetação torna o local mais agradável”, afirma Charles.

A Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) destaca que o plantio feito pela população deve ser orientado por equipes técnicas do órgão para evitar prejuízos estruturais e até acidentes. O serviço pode ser solicitado pela Ouvidoria-Geral do Distrito Federal, por meio do telefone 162 ou pelo site da Novacap.

Desigualdades Ambientais

Contraste entre o Cerrado e ambiente urbano no Guará. Imagem: Sofia Dorta

De acordo com a Novacap, o Distrito Federal é uma das unidades federativas mais arborizadas do Brasil. A Companhia informa que a cidade se aproxima de atingir 53 m² de área verde por habitante, índice este 4 vezes maior que o recomendado pela OMS, de 12 m² por habitante. São cerca de 5,5 milhões de árvores, com a expectativa de atingir a marca de 6 milhões ainda em 2024.

Porém, uma pesquisa conduzida em setembro de 2023 pela Universidade de Brasília (UnB), para o Observatório de Políticas Públicas do DF (Observa DF), apontou diferenças entre os números da Novacap e a realidade da cidade. O estudo intitulado “Hábitos saudáveis e desigualdades ambientais no Distrito Federal” analisou 1.000 depoimentos da população e concluiu que a percepção geral do meio ambiente é mais negativa para quem mora em cidades de baixa renda.

A arborização urbana é um dos fatores indicativos das desigualdades ambientais. De acordo com a pesquisa da UnB, também existem outros indicadores, como as taxas de ruídos, o acesso e qualidade da água potável e o índice de qualidade do ar.