Projeto do Hospital Universitário de Brasília identifica variantes da Covid-19 na população da Estrutural
Laboratório de Diagnóstico Molecular desenvolve métodos mais rápidos e baratos
Postado em 18/04/2022
Produzido pelo Laboratório de Diagnóstico Molecular, o Projeto SARS-SeqInfo tem por objetivo o desenvolvimento de métodos de genotipagem de SARS-CoV-2 por RT-PCR, identificando as variantes de COVID-19. O Laboratório surgiu em meio à pandemia como uma iniciativa de combate, mas hoje também apoia o diagnóstico molecular de arboviroses, como por exemplo dengue, zika e chikungunya, e outros vírus respiratórios.
Chefe da Divisão de Apoio Diagnóstico e Terapêutico do Hospital Universitário de Brasília (HUB), o professor Dr. Rodrigo Haddad explica que construção e equipagem do local duraram aproximadamente seis meses. “O Laboratório surgiu após financiamentos da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação (Sesu/MEC), além de contar com o apoio da Coordenação-Geral de Laboratórios de Saúde Pública (CGLAB) fornecendo insumos para a realização dos testes.”
O Laboratório recebe também apoio financeiro de alguns pesquisadores que utilizam a infraestrutura do local para seus projetos, sendo financiados pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF) e do Ministério da Saúde (Departamento de Articulação Estratégica de Vigilância em Saúde [DAEVS], Secretaria de Vigilância em Saúde [SVS]). Hoje, contam com cinco profissionais contratados, mas existe o ‘pessoal flutuante’ – alunos e professores que frequentam o laboratório de forma esporádica para desenvolverem seus projetos de pesquisa.
O Projeto traz um grande diferencial: desenvolver métodos mais rápidos e custos muito reduzidos que permitam a identificação das variantes de Covid-19. “O Projeto tem acompanhado as diferentes ‘ondas’ de variantes de Covid-19 que ocorrem no DF. Outra ação do SARS-SeqInfo é o sequenciamento genético do coronavírus que tem levado a identificação de mutações na proteína S (Spike – associada à capacidade de entrada do patógeno nas células humanas)”, conta o professor da Universidade de Brasília (FCE-UnB) e Doutor em Biologia Molecular, Alex Leite Pereira.
Alex diz que a detecção das diferentes variantes têm marcado as diversas fases da pandemia, que variaram quanto a capacidade de contágio e gravidade dos casos, e Haddad reforça: o monitoramento das variantes é de extrema importância do ponto de vista epidemiológico. Os responsáveis pelos números atualizados da pandemia são as Secretarias de Saúde de cada estado, mas hoje é possível encontrar as informações em alguns sites diversos, como:
- https://covid.saude.gov.br/
- https://www.conass.org.br/painelconasscovid19/
- https://www.gov.br/saude/pt-br
Tatyane de Souza Cardoso Quintão é uma das farmacêuticas que trabalha no Laboratório e acompanha o projeto desde o início. Ela e o professor Alex foram para Belo Horizonte a fim de fazer um treinamento com o Laboratório Central de Saúde Pública (LACEN) para saber como funcionava o dispositivo, como era todo o processo e o protocolo necessário para que eles conseguissem implementar o uso no Laboratório. Ela conta que essa foi a parte mais difícil do projeto: estabelecer o protocolo.
“A nossa pesquisa é feita com a população da Estrutural. As pessoas vão até a Unidade Básica de Saúde (UBS) e assinam o termo de consentimento para participarem da pesquisa. Então a primeira coisa é a triagem, saber se a pessoa tem ou não Covid. Dando positiva, a gente separa a amostra e tria pelo CT (ponto de corte usado para dizer se a amostra serve para sequenciar ou não), e se der para sequenciar, a amostra vai para a próxima fase que é a identificação da variante: Gama, Ômicron, Alfa etc.” A farmacêutica ainda destaca que a importância de todo esse processo é detectar o momento exato em que uma nova variante começa a surgir na população.