Criação da Liga de Futebol Brasileiro divide opinião de times e torcedores

Atualmente 10 times já assinaram a filiação à LIBRA. Os times que ainda não aderiram apresentarão uma contraproposta

Giovana Daniela Ribeiro Alves

Postado em 25/05/2022

Nas últimas semanas, um assunto ocupou espaço na mídia e dividiu a opinião de torcedores. A discussão sobre a criação da LIBRA, Liga de futebol brasileiro, surgiu após os escândalos envolvendo o até então presidente da CBF, Rogério Caboclo. O objetivo da liga seria dar aos times brasileiros a responsabilidade de organizar o campeonato Brasileirão, que atualmente é feito pela CBF.

Na terça-feira (03/05) os dirigentes dos 40 clubes das séries A e B estiveram reunidos em São Paulo para tratar do assunto, dos times envolvidos apenas oito assinaram a filiação à nova liga, sendo eles Flamengo, Corinthians, São Paulo, Palmeiras, Santos, RB Bragantino, Ponte Preta e Cruzeiro. Recentemente o Vasco e o Botafogo se uniram ao time dos favoráveis à Libra.

Os times que ainda não aderiram à criação são contrários à divisão dos repasses que são definidos em 40% de forma igualitária, 30% por desempenho (quanto melhor colocado na tabela, mais ganha) e 30% por audiência entre os clubes. Essa divisão não foi aprovada pelos clubes por favorecer os times maiores, que possuem mais audiência e maior faturamento.

A jornalista e produtora de conteúdo para TNTSports Eduarda Ribeiro explica que a LIBRA é uma nova liga focada em times da séria A e da série B do campeonato brasileiro, onde principal foco é aumentar as fontes de receita dos clubes. “Eles querem criar algo que já existe na Europa, em ligas como Ligue 1 e La Liga, que é ter parceiros/investidores fortes, aumentar a arrecadação com as transmissões dos jogos focando, também, na venda dos direitos de imagem para o exterior e evitar os calendários lotados de jogos.”

Eduarda explica também que no estatuto que foi assinado pelos clubes iniciais constam a profissionalização de árbitros, autonomia no calendário das competições e o fim das taxas que são pagas para as federações.

Perguntada sobre qual o maior desafio que a liga pode enfrentar nesse processo de criação, a jornalista destaca a de construir a LIBRA de forma unânime com times com interesses muito diferentes e centralizar esses objetivos, conseguindo criar um acordo com uma distribuição de verbas mais justa. “É o que eles estão tentando fazer na verdade ainda, né? A liga ainda não  chegou numa discussão final e o que está rolando no momento é justamente isso. Os times tentando jogar argumentos pra que eles consigam ou tentem chegar em um modelo que atenda as necessidades de todos os times que tem realidades muito diferentes”.

Um dos desafios enfrentados pela Liga é a de conseguir chegar em um modelo que agrade a todos os clubes/ Créditos: Unsplash

Para o torcedor Pedro Koenigkan, é fundamental a criação de uma liga para a expansão do futebol brasileiro, mas que também é importante levar em consideração a reinvindicação dos clubes que apresentam a contraproposta. “O mais importante e justo é que a diferença do que mais ganha para o que menos ganha não seja tão grande”. Assim como Pedro, Rodrigo Berçott também concorda com a criação e ainda exalta que como consequência o futebol brasileiro deve se expandir para o exterior.

“Considero que a criação da LIBRA é um avanço no futebol brasileiro, um dos motivos para considerar isso é que o campeonato brasileiro sai da dependência da CBF e deixa o futebol como um todo mais próximo do que é o futebol europeu. O desafio agora é criar um calendário para que os clubes não fiquem desgastados e não percam jogadores para a data FIFA, outro ponto interessante é que com a criação da Liga, as receitas dos clubes tendem a aumentar porque os direitos passarão a ser definidos diretamente pelos próprios e o futebol brasileiro deve ser mais expandido para o exterior.”

Danilo Victor, torcedor do Palmeiras, um dos times que aderiram a liga, não é a favor da criação. Por mais que o time do coração seja favorável, o jovem destaca que é contra até que seja resolvida a questão da divisão dos repasses, uma vez que o time que gera mais audiência ganha mais e essa distância é absurda em relação aos outros clubes. “Times de menor expressão irão sofrer ainda mais com a criação dessa nova liga. A libra precisa estabelecer um caminho para deixar todos do mesmo lado e satisfeitos. É preciso encurtar essa distância para termos uma evolução no futebol brasileiro”, explica o torcedor.