Irmãos de Brasília vencem campeonato mundial de karatê em Malta, Itália

Meta é intensificar os treinos e buscar o bicampeonato

Kaillane de Sousa

Postado em 15/04/2025

Maria Eduarda no pódio ao ser declarada campeã mundial.
Foto: Arquivo pessoal
Principal lema do dojo exposto ao lado dos troféus dos campeões mundiais. Foto por: Kaillane de Sousa

Com uma série de vitórias em campeonatos locais e também em outros estados, os irmãos Maria Eduarda e Marcos Vinícius se tornaram campeões mundiais de Karatê em Malta, Itália, em 2024.

Este ano, o dojo frequentado pelos irmãos tem intensificado os treinos, em busca de melhor desempenho nas competições. Em busca do bicampeonato, os irmãos karatecas participaram do Bassaikan, um campeonato regional de karatê. A classificação no ranking mundial é fruto de uma jornada que passa por dois campeonatos regionais, como o Bassaikan, além de competições em eventos estaduais, nacionais e pan-americanos.

Com 19 e 22 anos, os irmãos têm uma trajetória de vida dedicada ao esporte. Os karatecas treinam para se tornarem exemplos de superação, fortalecimento e equilíbrio, e falam sobre como enfrentaram lesões, a falta de patrocínio e investimentos, ansiedade e diversas outras dificuldades comuns a muitos atletas. Até alcançarem a conquista de representar o Brasil no campeonato mundial.

“Foi um pouco intimidador a ideia de viajar para o outro lado do mundo e representar o Brasil em um campeonato mundial. Tivemos um preparo muito grande antes de chegar em uma competição de tão alto nível, e eu acho que a cidade ajudou muito a acalmar a mente”, diz Marcos, campeão mundial de Luta e Kata, nas categorias de 18 a 21 anos.

“Representar o país sempre é uma emoção indescritível, e esse mundial teve um gostinho de quero mais, pois fiz uma cirurgia na mão pouco antes e, devido à proximidade da competição, fiz fisioterapia durante quatro dias, por dois meses, para competir em alto nível”, relata Maria Eduarda, que soma em seu currículo duas medalhas de ouro, uma de prata, uma de bronze, além de dois troféus da competição mundial.

Além das medalhas de Marcos e Maria Eduarda, o dojo Bushidokan, local de treino dos campeões, também está repleto de medalhas, prêmios e troféus que representam as conquistas dos outros alunos ao longo dos anos. “As medalhas são frutos das vitórias dos alunos em competições distritais e estaduais. Os troféus são prêmios conquistados pela academia em diversas competições, incluindo campeonatos nacionais como o Brasileiro e o Pan-Americano. Além disso, temos as premiações dos alunos que se destacaram ao longo do tempo”, explica o sensei Francisco, 43 anos.

Medalhas de campeonatos regionais, estaduais e nacionais expostas no dojo Bushidokan. Foto por: Kaillane de Sousa

Antes de cada competição, o karatê enfatiza a importância do equilíbrio entre mente e corpo. Os treinos não são apenas físicos, mas também focam no fortalecimento mental, ajudando os praticantes a desenvolverem disciplina, autocontrole e concentração. Esse equilíbrio é fundamental para o sucesso, pois o karatê exige não apenas técnica, mas também serenidade e foco. Os alunos aprendem a lidar com a pressão, o nervosismo e a ansiedade, preparando-se para enfrentar não apenas os adversários, mas também os próprios limites. A filosofia do karatê ensina que a verdadeira vitória vem do controle interno, refletindo diretamente no desempenho durante as competições.

A arte marcial do karatê ganhou reconhecimento mundial após a Segunda Guerra Mundial e se tornou uma ferramenta importante na transformação de vidas, ajudando jovens e adultos ao redor do mundo. Ricardo Alfredo, de 34 anos, recém-chegado de El Salvador, fala sobre os benefícios do karatê para seu filho, Luis Andres. “Ele começou a praticar karatê em janeiro, o que ajudou muito na adaptação ao novo país. Apesar de não falar muito, as aulas têm contribuído para melhorar seu português e para ele se desestressar. Mesmo não competindo agora, o karatê tem sido muito importante para ele.”

Antes de alcançar a faixa preta, nível de Maria Eduarda e Marcos, os alunos passam por oito faixas intermediárias, cada uma exigindo mais habilidade, responsabilidade e comprometimento. Ricardo Lima, pai de Heitor Lima Colares, de 8 anos, que atualmente é faixa verde, compartilha a evolução do filho. “O Heitor chegou muito cedo no dojo, tínhamos acabado de sair da pandemia, então ele tinha dificuldade de se comunicar com outras crianças e pessoas, mas tudo isso foi sendo trabalhado. Tem um vínculo de amizade muito grande entre ele e os outros alunos, foi um pessoal que entrou praticamente junto”, diz o pai.

Alunos com diferentes níveis de faixa participando de um treino pré campeonato. Foto por: Kaillane de Sousa

Esse percurso de dedicação, superação e busca pela excelência reflete o espírito do karatê, que vai além da técnica. Para os irmãos campeões, para os outros alunos e para o sensei. O karatê é mais do que uma arte marcial: é uma filosofia de vida que ensina a importância do equilíbrio entre corpo e mente, do respeito e da perseverança, valores que se traduzem tanto nas vitórias nas competições quanto na superação das dificuldades do dia a dia.