O paraíso é logo ali

Vila de São Jorge é o portão de entrada para o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros

Fernanda Ferreira de Matos

Postado em 18/05/2022

Com menos de mil habitantes, a Vila de São Jorge fica no município de Alto Paraíso de Goiás. O vilarejo charmoso e com clima esotérico é o principal destino para quem deseja conhecer a Chapada dos Veadeiros, e reserva um ar de simplicidade do interior para os visitantes. Ideal para quem está à procura de paz e contato com a natureza, o local tem harmonia e aventura de sobra.

O vilarejo é cercado de paisagens de rara beleza e possui formações vegetais únicas. Por lá você poderá ver uma das formações geológicas mais antigas do planeta, rochas com mais de um bilhão de anos, além da reserva ecológica do cerrado com belíssimas cachoeiras, canyons, minas de cristal e flora e fauna que foram declaradas Patrimônio Natural da Humanidade pela UNESCO, em 2001. Cercada por vários atrativos naturais, a Vila é o portão de entrada para o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros.

O local virou um destino místico para mochileiros, artistas, aventureiros, hippies e intelectuais. Não importa a tribo, porque o ambiente proporciona uma convivência pacífica e harmônica entre pessoas de todos os cantos do mundo. O encantador refúgio une todos com um só objetivo: a procura de descansar e relaxar a mente em um exuberante vilarejo multicultural. Seja pela busca de espiritualidade, novas aventuras ou um momento para esfriar a cabeça, a energia especial do destino turístico te deixará renovado.

Atrativos da cidade

O Jardim e os Morros

Antes mesmo de chegar à Vila, o viajante se deslumbra com a belíssima vista do Morro da Baleia e o Jardim de Maytrea. O jardim é um lugar considerado sagrado para os místicos, que acreditavam haver ali um portal para outras dimensões. O nome do jardim veio de um grupo de pessoas que se autodenominavam Cavaleiros de Maytrea, durante um festival de rock, nos anos 1980, quando Alto Paraíso tinha apenas 600 habitantes. Encantados e seduzidos pela magia do local, as pessoas optaram por ficar ali. Pessoas de diversas partes do mundo que se diziam sensitivas, ao observarem o jardim, disseram terem visto um “Templo no Plano Etéreo”. Os Cavaleiros de Maytrea diziam que ao final da trilha existia um portal que podia levar pessoas a outra dimensão de lugar e tempo e que o lugar é sagrado e com muita energia com o poder de cura.

Mirante do Jardim de Maytrea. Foto: Fernanda Matos

Na paisagem ao redor, algumas montanhas com formatos curiosos recebem os nomes de Morro do Buracão e Morro da Baleia, que, vista de longe, tem a forma de uma baleia.

Tanto os morros quanto o jardim proporcionam paz e tranquilidade para quem passa ali, um momento de contemplação e de estar em contato com a natureza, independe de acreditar ou não nas histórias. É também um dos lugares mais fotografados da Chapada dos Veadeiros. 

Mirante Morro da Baleia. Foto: Fernanda Matos

Uma história recorrente sobre o Jardim de Maytrea diz que quando os satélites da Nasa sobrevoaram a órbita da Terra identificaram um grande brilho brilhos vindo da Chapada dos Veadeiros. E que cientistas afirmaram que isso se dava pelo fato de haver no subsolo da região uma gigantesca placa de cristal. O cristal gigante estaria entre os paralelos 14 e 15, que envolvem Brasília e Alto Paraíso. Para os místicos, a placa atua como uma espécie de catalisador que transfere energia para as pessoas. Esse portal atrai milhares de pessoas do mundo todo, curiosos, querendo descobrir se o portal existe ou não.

Paralelo 14. Foto Fernanda Matos

As cachoeiras

Uma das cachoeiras mais famosas da Vila é o Vale da Lua.  Ela tem esse nome devido à formação rochosa peculiar que parece a superfície da lua, com várias crateras circulares e lisas. É um dos locais mais visitados da Chapada dos Veadeiros por ser um lugar místico. Foram milhões de anos que a natureza esculpiu este monumento, criando curvas perfeitas. No atrativo existem piscinas naturais que mais parecem banheiras hidromassagem. Uma verdadeira obra de arte. No meio do caminho há um mirante com vista para o vale com uma linda cadeia de montanhas, cercado por rochas únicas, que parecem mesmo vindas da lua.

Rochas da cachoeira do Vale da Lua. Foto: Fernanda Matos

Mas para quem não está muito a fim de fazer trilha e quer descansar, o Vale das Pedras e o Rio da Lua são ótimas opções. No Vale das Pedras, o viajante tem a opção de se deliciar numa pequena queda d’água ou aproveitar o rio. Dá para passar o dia todo ali, e ainda encomendar o almoço para a hora que desejar. Assim como no Rio da Lua, também é possível passar o dia desfrutando do rio, da natureza, de uma aula de meditação, comidas deliciosas. O Rio da Lua também conta com hospedagem. Outra opção para quem busca mais tranquilidade é a praia do Jatobá, bom para quem quer fugir de cachoeiras lotadas. É uma praia de rio com águas calmas, ideal para quem está viajando com crianças.

Vale das Pedras. Foto Fernanda Matos
Praia do Jatobá. Foto: Fernanda Matos

Mas para quem está atrás de aventura, além das atrações do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, uma ótima opção é o Santuário Raizama. Um local que não pode faltar na lista de lugares para conhecer na Chapada dos Veadeiros, o Raizama se apresenta como um dos destinos mais procurados por quem deseja conhecer as belezas naturais do Cerrado brasileiro. O Raizama é uma localidade bastante famosa por ter uma queda d’água sobre um cânion. Ele é um cartão de visitas para os amantes da natureza, sem contar as belezas do parque onde tudo está localizado. Antes de prosseguir trilha adentro em busca das aventuras oferecidas pelo roteiro, há um ponto de encontro para os admiradores de arte, um palco onde diversos shows e festas ocorrem na alta temporada.

Palco de atrações do Santuário do Raizama. Foto: Fernanda Matos

Outra cachoeira que vale muito a pena conhecer é a Morada do Sol. A trilha que se faz até chegar às piscinas naturais é de fácil/média dificuldade. Há a cachoeira, as piscinas e o cânion, onde você pode dar seus pulos e relaxar por horas. A melhor hora para ir é pela manhã, para aproveitar mais, assim dá para ver o sol iluminar aquelas águas e pedras. Uma visão linda.

Trilha da cachoeira Morada do Sol. Foto Fernanda Matos

Para os amantes de águas quentes, A Chapada ainda conta com as piscinas de águas termais, como o Éden e o Morro Vermelho. Ambas são de fácil acesso e com hospedagem.

Nem todas as cachoeiras precisam de guias, mas pode-se encontrá-los nas próprias cachoeiras ou pela Vila. Thiago Silva trabalha começou a trabalhar como guia depois que as trilhas e cachoeiras foram liberadas. “Acho que é o melhor trabalho que existe. Eu conheço pessoas incríveis, passo o dia em lugares lindos”, conta.

Os preços das entradas nas cachoeiras variam entre 20 e 40 reais, dependendo do dia e da temporada.

O que fazer na cidade

Depois de passar o dia em uma cachoeira, nada melhor do que desfrutar de um bom ambiente e aproveitar a noite. A Vila de São Jorge conta com ótimos locais para comer, como a Pizzaria Lua Nova e a Risoteria Santo Cerrado. Na pizzaria, é possível encontrar sabores diferentes, como a exótica mas tradicional pizza de pequi; tem música ao vivo, e seu vasto cardápio de bebidas, principalmente de drink’s, merece atenção.

Pizzaria Lua Nova. Foto: Fernanda Matos

O Santo Cerrado é especialista em risotos, feitos com autêntico arroz arbóreo italiano. Oferece petiscos, saladas e programação cultural, combinados com uma decoração constituída por móveis rústicos e arte por toda parte E quem for mais cedo à risoteria ainda pode ver o sol se pôr de um lugar privilegiado. 

Risoteria Santo Cerrado. Foto: Fernanda Matos

Mas para quem não quer nada disso, pode ficar na praça principal, apreciando o movimento no Bar do Pelé, uma antiga paixão dos turistas. O falecido Pelé era receptivo, por isso, as tardes de música estão imortalizadas. Música ao ar livre e pôr do sol. Ou, ainda, aproveitar para ver o céu e procurar por estrelas cadentes.

“Passar a noite na praça, bebendo e ouvindo músicas no Pelé, observando o céu, é uma das melhores partes da Chapada. Mesmo em baixa temporada, a cidade é linda, o céu continua lindo”, conta o turista.

Onde ficar

A pousada Alecrim do Campo é um lugar aconchegante. O atendimento, as acomodações espaçosas e cuidado com a manutenção são destaques. Oferece área de convivência espaçosa e um café da manhã com muita variedade. (61 99988-9078)

A Pousada Pôr-do-sol oferece sinal de internet em toda a propriedade e tem estacionamento privado. Seus quartos são amplos e sua localização está à 200 m do centro da Vila de São Jorge. A pousada é reconhecida por seu custo-benefício. (62 99667-9534)

A pousada Trilha da Violeta fica no coração de São Jorge. Tem quartos e camas grandes, cuidadosamente organizados diariamente. Investiu em mobiliário útil nas acomodações, possui bar 24 h e o café da manhã, muito sortido, é feito na hora. (55 61 99985-6544)

 O Camping PachaMama tem vista para o Morro da Baleia; (um dos principais cartões postais da Chapada dos Veadeiros). Acesso totalmente asfaltado com ciclovia. Estacionamento interno. 2000 m2 de grama esmeralda. Cobertura com 40m² com ponto de energia. Wi Fi. Banheiros feminino e masculino com chuveiros quentes. (emaildocampingpachamama@gmail.com) 

O Camping Taiua tem excelente estrutura para receber seus visitantes. Um dos mais amplos e bem arborizados do povoado, preservando mais de 400 árvores do Cerrado com identificação em 80 espécies + catálogo explicativo. Cozinha comunitária, fogão a lenha, geladeira, big mesa, redes e balanços. Banheiros grandes (Masculino e Feminino). (61 9822-9666)

História

O povoado de São Jorge, a antiga Baixa, recebia este nome porque ficava em um local abaixo de Alto Paraíso. A partir de 1951, após a segunda guerra mundial, aumentou a procura de cristais para fazer material bélico. Este fato da história mundial influenciou na fundação da Vila de São Jorge, pois o local possui enormes veios de cristal de quartzo e ali constituiu-se uma pequena vila de garimpeiros de caráter provisório, pois em 1956 a cotação do cristal caiu em função da criação do cristal sintético e ao mesmo tempo inicia-se a construção de Brasília, que acabou atraindo os garimpeiros da antiga Baixa em busca de bons salários.

Com a inauguração de Brasília, muitos antigos garimpeiros retornaram. Como o preço do cristal no mercado melhorou, deu-se início a melhor fase do garimpo de São Jorge, fase que se estendeu até 1964, quando o golpe militar derrubou João Goulart e a junta militar que assumiu o poder realizou intervenções nas firmas que exportavam cristal para o exterior dando início à decadência do garimpo de cristal na antiga Baixa que continuou sobrevivendo apenas das lascas dos mesmos cristais, até que se tornou inviável a subsistência de muitas famílias que tiveram que se mudar em busca de melhores condições.

Como a Baixa virou São Jorge

Na época, um homem influente do pequeno vilarejo, conhecido como Zequita, propôs a mudança de nome do lugar para São Jorge, devido à sua forte crença no santo, e a ideia de que São Jorge está nas alturas gerou uma boa aceitação dos moradores, já que a vila se chamava Baixa. Então Zequita mandou trazer de São Paulo a imagem de São Jorge, que está na capela construída pelos garimpeiros e cuja festa é celebrada anualmente em 23 de abril.

(fonte Prefeitura Municipal de Alto Paraíso de Goiás)

Vila de São Jorge. Foto: Fernanda Matos