Projeto ‘Piano para Todos’ movimenta o Eixão do Lazer

Há 12 anos, o local é palco para música e cultura através do projeto itinerante idealizado pela Casa do Piano

Beatriz Alves

Postado em 27/03/2024

Piano itinerante da Casa do Piano no Eixão do Lazer. – Reprodução: Arquivo Pessoal

O projeto ‘Piano para Todos’ acontece no Eixão do Lazer todo último domingo do mês, levando música e diversão para os brasilienses. A iniciativa é idealizada por Rogério Resende, afinador de pianos e dono da Casa do Piano, e proporciona música de forma gratuita, lúdica e inusitada.

Criado em 2012, o projeto itinerante traz para o Eixo Rodoviário pianistas do Distrito Federal que tocam um piano vermelho equipado com sistema de som e microfone conectado a um triciclo que permite a locomoção do instrumento. Rogério, que construiu o instrumento, explica que escolheu a cor vermelha, porque chama muita atenção, principalmente das crianças. 

Marcinho Silva é um dos pianistas convidados para tocar no Piano para Todos. Ele compartilha que a experiência é muito interessante, pois o piano é um instrumento pouco acessível. “Você vê as pessoas encantadas. (…) É um projeto muito legal que aproxima as pessoas da música”, conta.

Para Fernando Caixeta, que assistiu uma das edições do Piano no Eixão com sua filha, foi surreal ver um concerto móvel em um cenário de asfalto e árvores. “Pude acompanhar o trajeto do show com minha filha de 2 anos e ela, assim como eu, ficou fascinada”. Ele conta que podia perceber a atmosfera do local mudando à medida que o piano passava. 

A Casa do Piano

A Casa do Piano é aberta de segunda a domingo. – Foto: Beatriz Alves

A Casa do Piano foi fundada por Rogério em 1982, após começar a trabalhar como afinador de pianos. Resende é autodidata e aprendeu a tocar violão tirando de ouvido aos 5 anos. Ele diz que o motivo por ter se tornado pianista foi a curiosidade que tinha. “Eu tocava outros instrumentos e, praticamente, passei o que eu tocava nos outros instrumentos para o piano”, relata. 

Nascido em Pelotas (RS), se mudou para Brasília em 1970 e conheceu o piano na capital. Naquele tempo, um amigo conseguiu uma vaga de pianista para ele no Hotel Nacional, no Plano Piloto, onde tocou por alguns anos. Foi lá que descobriu que gostava de afinar pianos. “Eu conheci um afinador de piano e vi o trabalho dele. Vi e ouvi. E disse pra mim mesmo “ acho que sou capaz de fazer isso”. Ele relembra que gostou mais do que viu do que de tocar piano.

Rogério trocou seu carro por um piano, na época. “Levei esse piano para casa e desmontei ele mais de 100 vezes. Desmontava, montava. Afinava, desafinava”. E assim, se oferecia para afinar os pianos dos restaurantes e hotéis de Brasília. Depois que começou a trabalhar como afinador, nunca mais tocou piano profissionalmente. Criou a oficina no terreno onde mora e guardou sua coleção de pianos que, posteriormente, se tornou o museu.

Durante a visita ao museu, Rogério mostra sua oficina e explica o funcionamento de um piano. – Fotos: Beatriz Alves

O museu da Casa do Piano é administrado por ele, a esposa e a filha. O espaço abriga pianos de diversos modelos, épocas e países, incluindo instrumentos que ele mesmo criou e construiu, como o piano vermelho usado no Eixão. 

O piano vermelho é uma peça interativa do museu da Casa do Piano. – Foto: Beatriz Alves

A peça que mais se destaca na casa é o modelo usado por Neusa França para compor o Hino de Brasília em 1960. Neusa, que faleceu em 2016, foi pianista, compositora e professora. Rogério conta que eram grandes amigos e que ela costumava levar seus alunos ao museu.

“Esse é o piano mais importante, porque vai ficar. É de Brasília”, afirma.

Piano usado por Neusa França. – Foto: Beatriz Alves

A Casa do Piano fica no Córrego da Onça, localizado no Núcleo Bandeirante e recebe visitantes pela manhã, das 8h30 às 10h, e pela tarde, das 14h às 16h. O valor do ingresso é R$40 por pessoa e gratuito para crianças de até 6 anos.