Startup brasiliense quer inovar no negócio de óticas

Serviço online oferece atendimento personalizado aos usuários

André Luiz Antunes Andrade

Postado em 01/06/2022

A Lensnet é uma startup voltada para o serviço de ótica online, com a premissa de otimizar o tempo das pessoas na hora de comprar um óculos ou lente de contato. Nasceu em 2019 com duas pessoas e atualmente conta com oito colaboradores. O serviço premium da empresa inclui até a visita de um técnico em ótica, sem custo adicional, para fazer as medições de ajuste no rosto do cliente.

A palavra startup segue sendo constantemente utilizada no Brasil e no mundo todo. Grandes aplicativos como Uber, Instagram e Pinterest, por exemplo, já foram startups antes de se transformarem em empresas milionárias. 

Apesar de uma startup nascer sem ter um produto completamente definido ou uma ideia consolidada, segundo o engenheiro de telecomunicações e professor do IESB Alexandre Loureiro, conseguimos caracterizar e diferenciar uma startup de uma empresa comum pelo modelo de negócio escalável. “A quantidade de clientes cresce rápido e o custo continua estagnado, em geral é digital, mas a Spacex, por exemplo, não é digital mas é uma startup”, explica.

A Lensnet possui um técnico que vai até a casa do cliente, apresentando as armações, fazendo a distância pupilar e as medições. Créditos: Arquivo pessoal

Esse modelo de negócio é basicamente a base para uma iniciativa tocar seu projeto de forma consciente e estruturada. A gestora da Lensnet, Jemima Martins, explica o que é fundamental para atingir o real objetivo na companhia. “Estamos focados em venda e escaladas. Nosso modelo é de metas, cada equipe tem seu desafio centralizado em um único propósito, de escalar mais vendas, trabalhar em melhorias para fidelizar ainda mais o público do DF e assim aumentarmos o alcance para outras regiões”, completa.

As startups buscam capital de forma diferente dos demais empreendimentos que estão iniciando. Isso quer dizer que elas dependem de um financiamento oriundo, segundo o professor Loureiro, de família e friends, investidores anjos, pré-aceleradores ou aceleradores.

No Distrito Federal há uma instituição pública chamada Fundação de Apoio à Pesquisa e Inovação (FAP), que criou o programa Start BSB que visa financiar projetos em ciência, tecnologia e inovações do DF e entorno. O economista, professor e coordenador tecnológico e de inovação da FAP, Gilmar dos Santos, 59, explica que o programa executa política pública de inovações para fomentar ideias, que podem se transformar em oportunidades. “Essas startups são preparadas para no nível seguinte, receber investidores anjos e outros que podem ter escalabilidade do empreendimento”, completa.

O coordenador reforçou a expectativa para que as startups no Distrito Federal evoluam e operem para o desenvolvimento da sociedade. “Sempre há possibilidade que surjam unicórnios, mas esse não é o objetivo. Esperamos que as empresas atuem em prol de soluções para os problemas existentes, gerando emprego e renda”, destacou Gilmar.

Para se tornar uma startup unicórnio, a Nubank levou cerca de cinco anos. Reprodução: AAA Inovação

O CEO da Lensnet, Rafael Porto, disse que a startup não participou de nenhum edital em busca de financiamento, pois o foco inicial não foi esse e nem procuraram por nenhum programa de incentivo. “No primeiro momento nossa base foi centralizada na organização do site e qualidade na experiência do cliente. Passamos por todos os processos necessários para dar o pontapé inicial, agora vamos sim em busca de um financiamento mais robusto”, explica.  

Segundo a CB Insights, plataforma de análise de negócios, no momento atual, o Brasil possui 16 startups unicórnios, termo utilizado para denominar iniciativas avaliadas em pelo menos 1 bilhão de dólares. Porém para chegar nessa categoria é preciso três requisitos: tecnologia, escalabilidade e crescimento acelerado. Como apresentado no começo da reportagem, mesmo as startups não tendo um produto ou ideia consolidada, há um conjunto de procedimentos para distinguir-se de uma empresa convencional. Em 2021, de acordo com o Linkedin, as 10 startups que mais cresceram no mundo são da área de tecnologia e bancos, sendo as duas primeiras Bancos Digitais brasileiros, C6 Bank e a Neon. 

O professor Loureiro explica que no Brasil as fintechs são fortes porque os bancos já eram grandes e modernos digitalmente quando comparado com bancos de outros países. “As maiores startups são digitais porque é onde elas podem escalar, sendo onde a inovação acontece de maneira mais rápida também”, acrescenta.

A Lensnet não foge dessa realidade. A gestora da startup destaca que o negócio é concentrado na inovação oftalmológica, com a presença maciça nas redes sociais, oferecendo acessibilidade e velocidade no mercado ótico. “Temos a vontade e a Lens tem potencial para se tornar uma startup unicórnio, mas neste momento estamos mais longe do que perto do objetivo, estamos na parte inicial do crescimento”, diz Jemima.

Além de apresentar novas concepções e soluções para a sociedade, uma startup desafia modelos conservadores no mercado e insere tecnologia e mudanças em atividades ou mercadorias que podem melhorar a vida do público. “Os países mais fortes que possuem startups evoluem de maneira mais rápida em todas as áreas, seja na educação, saúde, meio ambiente, é uma escalada na sociedade”, enfatiza Alexandre Loureiro.

Prorrogado prazo para inscrições no Start BSB – Revista Estação
O Start BSB tem no atual momento 50 projetos aprovados e conta com 178 participantes nessas equipes. Créditos: Arquivo pessoal FAP