Vida após bariátrica: uma jornada física e psicológica
Acompanhamento multidisciplinar é essencial para manter os resultados da cirurgia
Postado em 10/04/2025
A cirurgia bariátrica e metabólica tem como objetivo tratar doenças associadas à obesidade, promovendo a perda de peso e a melhora do metabolismo. Para garantir resultados duradouros, é fundamental que o paciente mantenha acompanhamento multidisciplinar após o procedimento.
Segundo o médico Aristotenis Cardoso Cruz, cirurgião digestivo há mais de 24 anos em Brasília, é necessário adotar cuidados antes e depois da cirurgia. “Os pacientes candidatos à bariátrica passam por avaliação com diversos profissionais de saúde, como nutricionistas e psicólogos. O acompanhamento deve continuar após o procedimento, pois a obesidade é uma doença crônica”, afirma.
Ele destaca que, com a perda de peso, muitas comorbidades melhoram ou até desaparecem. “A cirurgia é uma ferramenta no controle dessas doenças. Ao cuidar da alimentação, usar os suplementos, praticar atividade física e manter o acompanhamento com a equipe, o paciente consegue sustentar os resultados”.
Aristotenis também alerta sobre os riscos: “O essencial é que o paciente seja avaliado por profissionais credenciados pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) ou com RQE em cirurgia geral ou do aparelho digestivo, seguindo protocolos adequados”.
O advogado Alexandre Machado, de 43 anos, conta que optou pela cirurgia após anos tentando emagrecer com dietas, remédios e exercícios. “Tomei a decisão porque desenvolvi comorbidades como hipertensão e esteatose hepática”, relata.
Ele afirma que a cirurgia, que completa oito anos em 2025, mudou sua vida, mas os desafios continuam. “Ainda tenho dificuldade em manter o peso ideal e reduzir o consumo de bebidas alcoólicas”. Alexandre diz que sua vida social melhorou após o procedimento e comenta: “Me tornei mais sociável. Antes, sentia vergonha do meu peso. Sofri gordofobia e vejo como a sociedade ainda discrimina pessoas obesas”.
Alimentação e atividade física
A nutricionista Ana Nery Brigagão, que acompanha pacientes bariátricos desde 2007, ressalta a importância do acompanhamento nutricional. “Após a cirurgia, há menor ingestão e absorção de nutrientes. Por isso, é fundamental cuidar da alimentação para evitar doenças como a desnutrição”, afirma.
Segundo ela, uma das principais dificuldades é a mastigação adequada, que exige prática. Apesar disso, Ana diz não ter histórico de pacientes com reganho de peso, pelo menos na clínica em que trabalha, “Hoje há maior consciência sobre alimentação saudável”. Ela também chama atenção para o risco de alguns pacientes desenvolverem compulsão por bebidas alcoólicas, embora esse aspecto não faça parte do atendimento nutricional direto.
A maquiadora Gabriela Montanari, que fez a cirurgia em março de 2024, diz que vive uma transformação. “Aprendi a gostar da academia e a ver o exercício como aliado”, afirma. Desde criança com obesidade, ela relata que decidiu operar por questões de saúde. “Todos pensam que foi por estética, por eu ter 26 anos, mas foi pela saúde”.
“Hoje, me sinto viva. Tenho condições de realizar o que desejo, tanto na vida pessoal quanto profissional”, afirma. Gabriela destaca a importância da terapia. “A saúde mental caminha com a física. Com constância e persistência, me vejo cada vez mais realizada”.


Apoio psicológico como parte do tratamento
A psicóloga Carla Vieira Gonçalves explica que o tratamento psicológico após a cirurgia ajuda na adaptação ao novo estilo de vida. “A terapia busca identificar comportamentos associados à compulsão alimentar e evitar gatilhos que levam à ingestão excessiva de alimentos”.
Segundo Carla, o processo terapêutico visa tratar aspectos comportamentais e emocionais ligados à obesidade, garantindo a manutenção dos resultados e promovendo uma nova perspectiva de vida. “O acompanhamento psicológico é crucial para transformar comportamentos prejudiciais e construir novos propósitos”.