2 de Maio: Dia Nacional de Combate ao Assédio Moral

Mulheres são as maiores vítimas de assédio sexual

Ana Vitória Lopes dos Santos

Postado em 05/05/2022

De acordo com dados do TST – Tribunal Superior do Trabalho, o assédio moral foi a denúncia mais feita por empregados nos últimos 10 anos em todo o país. Os dados ainda informam que de 10 empresas, 7 receberam relatos do crime. Um levantamento do TST e Ministério Público de Trabalho de São Paulo mostra que entre 2019 e 2021 foram registrados 52.936 casos de assédio moral nas Varas de Trabalho no Brasil. 

Geralmente o superior é quem pratica o assédio, mas é comum colegas de trabalho assediarem também. Todo gênero, etnia, orientação sexual está fadado a ser vítima. Uma pesquisa do Instituto Patrícia Galvão , feita em 2020, entrevistou 1.500 pessoas sendo 1.000 mulheres e 500 homens. Foi apontado que 40% das mulheres entrevistadas já ouviram xingamentos e gritos no ambiente de trabalho, enquanto 13% dos homens sofreram o mesmo. Portanto, pode-se afirmar que mulheres sofrem mais assédio moral no trabalho que homens.

Ofensas, gritos, críticas injustas são assédio moral (Banco de Imagens)

Alguns exemplos de assédio moral são: 

  • Contestar tudo que é dito pela mulher;
  • Agredir verbalmente, fazer gestos, gritar; 
  • Pagar menos para a mulher que tem a mesma função que o homem;
  • Dificultar que gestantes compareçam a alguma consulta ou exame; 
  • Perseguições dentro e fora do ambiente de trabalho

A estudante de Jornalismo Cynthia Araújo relata assédio sofrido em antigo emprego: “Eu trabalhava como doméstica para essa família lá no Mato Grosso, eu ia embora todos os dias e em 2008 eles decidiram se mudar para Brasília e me chamaram pra vir e ficar um mês ajudando a arrumar o apartamento até arrumar uma pessoa pra trabalhar na casa. Eu decidi vir e quando chegou aqui, eu acabei decidindo ficar e consequentemente morar e trabalhar na casa. A partir desse momento começou o meu terror, que eu não sabia ter um nome pra isso: assédio moral”. Ela relata que trabalhava para um oftalmologista e vivia sob o medo dele, ela precisava preparar todas as refeições, levar até ele em uma bandeja e se algo não saísse como planejado, ela era humilhada. “Ele dizia que eu dormia em um quarto que não era meu, que ele era meu patrão e quem pagava o meu salário e por isso eu tinha que obedecer. Era um terror psicológico diário, eu fiquei nesse medo por anos, nunca tive coragem de denunciar. Ele dizia que se eu denunciasse, não conseguiria outro emprego, pois ficaria marcada”, finaliza. 

As consequências do assédio moral podem ser graves; ansiedade, crise de pânico, insegurança, depressão. Ainda de acordo com a pesquisa levantada, 11% não formalizaram uma denúncia por medo, já que o assediador é seu superior. Ainda não há uma legislação específica para o caso. Em 2019 a Câmara aprovou um projeto de lei que torna crime o assédio moral no trabalho, no projeto uma detenção de um a dois anos. É importante não se calar por medo do assediador não sofrer nenhuma punição, caso sofra algum tipo de assédio, denuncie.