Aborto espontâneo: a terrível perda de um filho

Estudo mostra que 23 milhões de gestações acabam em aborto espontâneo todo ano

Victor Gabriel Duarte Bezerra

Postado em 20/05/2022

Ser pai ao longo da vida é uma bonita missão, porém coisas indesejadas podem acontecer, como o aborto espontâneo. Isso acarreta em dor, angústia e muito sofrimento. Segundo estudos realizados pela revista The Lancet, 23 milhões de gestações acabam em aborto espontâneo todo ano, 15% das reproduções ou 1 em cada 10 mulheres. Passar por esse árduo processo pode acabar desencadeando problemas psicológicos, sendo recomendada a procura de um profissional para maiores orientações.

O jovem Jimmy Andress, de 25 anos, sofreu essa perda há pouco mais de 3 anos. Ele conta o quão foi difícil esse período, além de revelar que o que ocasionou a morte de sua filha foi a prematuridade extrema. “A dor de perder um filho é incomensurável. Pois durante a gravidez, começamos a imaginar, sonhar lindos momentos com nossa filha e ter esse sonho interrompido é uma dor irreparável, você sonha com aquele momento e ele nem acontece’’.

Jimmy ainda completou dizendocomo foi para ele e para a esposa. “A sensação tanto para mim, quanto para minha esposa é de um vazio enorme. Vivemos intensamente o sonho de ter nossa filha, então os primeiros meses após a perda foram muito difíceis.”

Janaína Martins, esposa de Jimmy, também deu o seu relato sobre o triste ocorrido. Ela conta como descobriu a gravidez, o que mudou, o que planejou e ainda disse que encontrou o amadurecimento nesse período. “Foi tudo uma grande surpresa, estava com meu ciclo menstrual atrasado e então fizemos o teste e deu positivo. Desde então começamos uma mudança radical em tudo na nossa vida e tudo aconteceu muito rápido. Uma mistura de boas e más lembranças, mas com um aprendizado e amadurecimento gigantesco.’’

O casal ainda contou detalhes dos bastidores daquele dia que foi muito impactante na vida deles. Trouxeram informações como hospital, a data, a hora e etc. ‘’Cheguei ao HU (Hospital Universitário) por volta das 19h. Minha esposa estava bem, então ela logo foi atendida e ficou em observação. Às 2h do outro dia, fomos informados que ela estava entrando em trabalho de parto. Fiquei ao lado dela durante todo o parto. No final, ainda seguramos nossa filha com vida em nossos braços e logo fomos avisados de que ela não sobreviveria por muito tempo.’’

As causas para morte prematura de bebês podem ser variadas: estresse, tabagismo, uso de drogas, uso de álcool, uso de medicamentos, doenças endócrinas como trombofilia, ovários policísticos e endometriose. Mas mesmo em uma gestação aparentemente saudável, o aborto pode acontecer. Foi o caso da Janaína, estava tudo bem com seu corpo, exames em dia, mas ela foi surpreendida com a perda de sua filha. Em uma gestação que aparentava estar tudo normal.

Nome da filha do casa Jimmy e Janaína apontado para o céu | Acervo pessoal

Psicóloga alerta para a importância de realizar acompanhamento psicológico

Segundo dados divulgados pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), 80% dos abortos espontâneos ocorrem até em 12 semanas de gestação. Já a OMS diz que até com 20 semanas gestacionais se pode perder um bebê.

 A psicóloga Marina Silva chama atenção para a importância de fazer acompanhamento psicológico depois desse tipo de acontecimento trágico. ‘’São inúmeras as consequências fisiológicas e psicológicas vividas a partir da perda por aborto espontâneo. Como o luto, sentimentos de culpa, frustração, inseguranças quanto a novas gestações, entre outros aspectos que podem levar a quadros clínicos mais graves, como por exemplo a depressão e estresse pós-traumatico. Consequências estas que podem e devem ser trabalhadas juntamente com um profissional, tanto em caráter preventivo como, principalmente, quando a situação já se encontrar agravada. É importante buscar ajuda!’’