Aumento de viagens da linha 0.110 melhora o transporte, mas não é suficiente para alunos da UnB

A falta de atenção com outras linhas e atrasos constantes são alguns dos problemas que estudantes ainda enfrentam

Anabelle Amorim

Postado em 06/05/2024

A Secretaria de Transporte e Mobilidade do Distrito Federal (SEMOB-DF) aumentou em 30 o número de viagens da linha 0.110. Segundo a Secretaria, o objetivo dessa mudança “é facilitar o deslocamento até o campus Darcy Ribeiro” e ela foi feita seguindo a demanda de estudantes e funcionários da Universidade de Brasília (UnB). A linha 0.110 é a principal forma de transporte de alunos da UnB, que se deslocam de diferentes partes do DF e entorno para a Universidade. 

A linha, que passou a ter 228 saídas no ínicio de abril e é a com “mais viagens do Sistema de Transporte Público Coletivo”, segundo a SEMOB, atende parte considerável dos 48.045 alunos da UnB, fazendo transporte quase que exclusivo dos estudantes, devido o seu trajeto. Porém, essa mudança, embora positiva, não atende todas as demandas dos estudantes e não parece ter mudado tanto a situação, mesmo com a redução do tempo de espera de quatro para três minutos em horários de pico.

A linha 0.110 é a mais utilizada por alunos da UnB / Foto por Anabelle de Amorim

Para Samira Costa Rizzi, estudante de História de 21 anos, atrasos não são muito comuns nos horários em que ela pega ônibus, mas outras questões atrapalham suas viagens. “Não pego ônibus em horário de pico, mas sempre costumo pegar ônibus bastantes cheios”. Para Uriel de Melo, de 21 anos e estudante de Design e Produção Visual, que costuma pegar a linha 0.110 várias vezes ao dia, a experiência não é muito positiva. “De manhã, sempre temos filas muito longas para pegar o 0.110 na Rodoviária. E é sempre uma bagunça, porque temos que caber naquele box minúsculo, o que faz as filas se misturarem e cria demora, atrasando a gente para a aula”. Quando ele vai embora, por volta de 12h, a experiência é um pouco melhor. “Pego o ônibus lotado, mas só tenho que esperar entre cinco e dez minutos”.

Segundo a SEMOB-DF, os horários considerados de pico são entre 7h e 9h da manhã e 22h e 22h36 da noite, que é quando os intervalos entre viagens serão reduzidos de três para quatro minutos. Embora isso possa diminuir os atrasos dos alunos do turno matutino, ainda ignora a demanda de diversos outros estudantes, principalmente os que vão embora após o fim das aulas. Para Uriel, essa mudança pode melhorar a vida dos estudantes, mas ele tem dúvida se ela será mantida. “Os ônibus da UnB atrasam bastante, tem vezes que chegam três de uma vez. Não sei se isso vai funcionar de verdade ou ser só marketing. Mas, se funcionar, vai ser ótimo”. Para Samira, a oferta ainda é pouca e não consegue atender a demanda da Universidade.

A falta de atenção com linhas de outras regiões administrativas também prejudica

Além da linha 0.110 e da linha 110.2, que fazem o trajeto entre a UnB e a Rodoviária, diversas outras conectam a Universidade com o resto do Distrito Federal. Essas linhas, porém, recebem ainda menos atenção da Secretaria, causando transtornos para os estudantes. Samira Rizzi, que costuma pegar linhas como a 160.2, 176 e 884, acredita que as viagens dessas linhas também precisam ser aumentadas. “Isso melhoraria bastante o sistema de transporte”. Além disso, são necessárias para a estudante de História mais linhas que façam o trajeto direto entre as regiões administrativas e a UnB.

Estudantes que vão para outras cidades e RAs enfrentam demoras, atrasos e oferta diminuta de horários / Foto por Anabelle de Amorim

Para Uriel de Melo, que mora em Taguatinga Norte e costuma pegar vários ônibus por dia, o aumento do número de viagens é essencial e os ônibus precisam ser mais pontuais. “O sistema de transporte público de Brasília não é muito confiável. Os ônibus atrasam bastante, o que bagunça toda a nossa vida. E quando chegam, estão lotados, até porque quem pega esses outros ônibus que passam pela UnB são trabalhadores também. Tudo isso cansa e atrapalha a gente, na vida e nos estudos”.

Segundo a SEMOB, o monitoramento do sistema de transporte público coletivo do DF é constante, assim como os ajustes feitos para adequar a oferta à demanda. “Ouvimos todas as sugestões e solicitações da população, que chegam por meio da Ouvidoria ou das Administrações Regionais. Os passageiros podem solicitar mais linhas e viagens por meio do telefone 162 ou no site Participa-DF, ou diretamente nas Administrações Regionais”.