Brafitec faz conexão de estudantes entre Brasil e França

Estudantes de engenharia podem fazer intercâmbio para França a com tudo pago pelo governo federal

Mariana Saraiva

Postado em 26/11/2021

O Brafitec é um programa com o objetivo de interligar universidades do Brasil e da França, por meio de um intercâmbio. O projeto contempla apenas alunos dos cursos de engenharia, e tem como financiadora a  Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), que durante o intercâmbio garante que o aluno receba todo o auxílio necessário, como seguro saúde, auxílio deslocamento e instalação e uma bolsa para se manter. 

Segundo dados fornecidos pela assessoria da Capes, o projeto teve início em 25 de abril de 2002, sendo fruto de um convênio feito entre a Capes e a Conférence des Directeurs des Écoles Françaises d’Ingénieurs (CDEFI). Desde de seu início já foram publicados até hoje 15 editais, que contemplam 265 estudantes de todo o país.

O programa tem a opção de intercâmbio sanduíche, sendo um intercâmbio composto por atividades extracurriculares, com permanência de um ano. Também tem o duplo diploma, no qual o aluno sai com um diploma universitário válido em território francês e outro em seu país de origem e fica na França por dois anos. 

Alunos participantes do projeto na França

O ínicio de um sonho 

O jovem Aniclelson Raony, de 24 anos, estava no oitavo período de Engenharia Aeroespacial na Universidade de Brasília (UnB), quando decidiu tentar o intercâmbio pela Brafitec. O estudante precisou de muita dedicação para conseguir fazer parte desse projeto, desde o aperfeiçoamento da língua, até a entrega de toda documentação necessária. 

Aniclelson conta: “Foi uma montanha russa de emoções. Foram aproximadamente dois anos, participando de várias atividades extracurriculares para melhorar o currículo, e um ano e meio estudando o idioma. Foi muita preparação sem certeza nenhuma de que ia dar certo. A cada fase de seleção do processo era um misto de incertezas se ia dar certo ou se o sonho acabaria ali”. 

Depois de classificado, o futuro engenheiro embarcou rumo a universidade em Rouen, cidade localizada aproximadamente a uma hora de Paris, lugar esse onde passaria os próximos 2 anos de sua vida. O início não foi nada fácil: fuso horário diferente, sem família, uma língua na qual ainda não tinha total domínio. Sua rotina consistia em ir às aulas durante o dia e estudar durante o período da noite, e tentar se adaptar a uma nova metodologia de ensino.

Aos poucos, como de costume, a adaptação veio, e algo que era difícil no começo como, apresentar um trabalho sem saber se as pessoas estavam te entendendo ou não, passou. No lugar do medo a confiança tomou conta e aos poucos o choque cultural já não existia mais. 

Durante toda essa trajetória o estudante acumulou uma bagagem enorme. O futuro engenheiro que entrou no projeto e o engenheiro que está saindo são pessoas completamente diferentes. Agora com uma perspectiva e olhar diferente do mundo, ele conta um pouco sobre todo o aprendizado que adquiriu: “Fora todo o conhecimento acadêmico e profissional adquirido ao longo destes dois anos, eu acho que o meu maior aprendizado foi em relação a como o mundo é diverso, como cada cultura afeta na vida das pessoas, moldam suas histórias, e como eu posso absorver o aprendizado das pessoas que estão ao meu redor e me tornar uma pessoa melhor.”

Aniclelson Raony retorna ao Brasil em 10 de setembro deste ano, agora podendo celebrar o seu diploma de engenheiro mecânico francês, pela universidade Institut national des sciences apliquées de Rouen(INSA). Juntamente com ele, outros estudantes também conseguiram essa grande conquista. Outro colega também classificado no mesmo edital foi João Paulo Sanches, de 24 anos. O estudante de engenharia eletrônica pela UnB fala um pouco como o Brafitec mudou sua vida. “Mudou minhas ambições a médio e longo prazo”.  João também optou pelo duplo diploma e retornará ao Brasil como engenheiro elétrico francês pela universidade, Ecole Nationale Supérieure d’Ingénieurs de Caen (ESICAEN).  

Ambos estão na fase final do projeto e terão que retornar ao Brasil, com isso sempre surgem as inseguranças do que virá pela frente, sobre que tipo de profissionais vão ser, que tipo de país encontrarão. Aniclelson fala sobre seu futuro e sua carreira: “Agora sei exatamente que tipo de profissional desejo ser, e espero conseguir contribuir com o desenvolvimento da sociedade. Sei que no final quero ser professor para repassar todos os conhecimentos que eu consegui adquirir ao longo da minha carreira.” 

Aniclelson e seus amigos conhecendo Paris