Brasil é terceiro no ranking com crianças e adolescentes portadores de Diabetes tipo 1

Sintomas incluem sede em excesso, boca seca e vontade de urinar com frequência

Ana Paula Lima

Postado em 22/04/2022

A diabetes mellitus tipo 1 é uma doença normalmente relacionada com fatores genéticos e autoimunes, diferente da tipo 2, onde o pâncreas cria resistência à insulina e é geralmente diagnosticada em adultos com obesidade, hipertensão e sedentarismo. A DM1 é quando o pâncreas para de produzir insulina, fazendo com que o organismo não seja capaz de utilizar o açúcar no sangue para produzir energia. A condição exige aplicações diárias de insulina e uma alimentação com contagem de carboidratos. O diagnóstico geralmente é feito durante a infância ou adolescência.

O Brasil se encontra em terceiro lugar no ranking de crianças e adolescentes com DM1. Em 2019, o IDF – International Diabetes Federation concluiu que no país havia 51.500 jovens diagnosticados com DM1, totalizando 16,8 milhões de brasileiros portadores da doença tipo 1 e 2.

Com o Covid-19, profissionais da saúde tem analisado que o vírus pode ser fator de risco para o desenvolvimento do diabetes. De acordo com um estudo feito em novembro de 2020, pelo periódico Diabetes, Obesity and Metabolism, alguns pacientes recuperados da doença foram diagnosticados com diabetes, tipo 1 e tipo 2. Foram estudados, 3.711 pacientes e 14,4% dos recuperados do vírus, mais de um em cada 10 eram diagnosticados com diabetes após se recuperarem do coronavírus.

No Brasil, cerca de 16 milhões de pessoas possuem o diagnóstico de diabetes tipo 01 ou tipo 02.

Convivendo com o diabetes desde a infância

No momento em que a criança recebe a notícia que tem DM1, tanto ela quanto a família podem se assustar com a descoberta e imaginar o pior, principalmente porque em muitos casos os filhos são diagnosticados com o pico da diabetes, que é quando a glicemia aumenta o suficiente para ele entrar em coma. Nessa situação, muitos desses pacientes só têm ciência da doença já em uma UTI.

“Não são conflitos apenas das crianças, mas também dos pais. Os pequenos não entendem, mas só um pai sabe o desespero que é ver o filho convulsionando”, afirma a enfermeira Lisa Faria, que trabalha diretamente com pacientes portadores de diabetes, e como o processo de entendimento dos pais com a doença também é delicado e demorado.

O nutricionista Lucas Ferreira, que já atendeu no Centro Especializado em Diabetes, Obesidade e Hipertensão, explica a importância dos familiares seguirem a dinâmica alimentar dentro de casa para ajudar no processo de aceitação e tratamento do diabetes com o paciente. “Para uma criança que está no seu desenvolvimento na relação com a comida, ter uma alimentação diferente do restante dos familiares pode ser muito doloroso, causa um estresse muito grande para elas entenderem que não podem comer o que os outros estão comendo. Então no começo eu já busco influenciar a família nessa alimentação que não é restritiva, mas sim balançeada”.

Diabetes tipo 1 não é uma doença tão simples para muitas pessoas. Principalmente, para as crianças que foram diagnosticadas anos atrás onde não havia tanto conhecimento e avanço da ciência sobre a doença. Hoje essas crianças já se tornaram adultas, e uma delas é Camila Lia Annara Freire, de 27 anos, técnica em enfermagem. “Eu digo que continuo sendo adolescente com diabetes, mesmo sendo diabética há 16 anos, não lido tão bem com a doença, por conta de tudo que foi passado pra mim. Naquela época, me deram a visão de um sofrimento muito grande e ficou na minha mente. Deixar de comer, ser privada de diversão até que eu não poderia engravidar. Isso me gerou traumas e compulsão alimentar. Mas mesmo assim eu tento lidar com a doença pela minha família” , relata.

Sintomas e tratamento

Saiba quais são os sintomas mais comuns no início da diabetes:

  • Sede em excesso;
  • Boca seca;
  • Vontade de urinar constantemente;
  • Brusca perda de peso;
  • Demora na cicatrização;
  • Mau hálito;
  • Problema de visão.

E para tratar e controlar o DM1 é necessário alguns cuidados. Confira:

  • Aplicações diárias de insulina;
  • Dieta com controle de carboidratos;
  • Ter uma rotina de atividades físicas;
  • Medir a glicemia regularmente;
  • Atualizar os exames em período trimestral.

O SUS também fornece insulina e medicamentos necessários para o tratamento, basta que o paciente participe de grupos de diabéticos e comece o tratamento no hospital público mais próximo de sua residência.