Como o comportamento dos responsáveis pode influenciar na alimentação dos filhos

O modo como os responsáveis se alimentam pode exercer forte influência sobre o que os filhos comem ou não, bem como, a abordagem ao oferecer o alimento

Reportagem multimídia

Postado em 04/05/2022

Muito se sabe que os filhos tendem a ter os pais e/ou responsáveis como espelhos durante aquela fase inicial da vida, com isso, o comportamento alimentar das crianças pode ter a influência dos adultos, principalmente no momento em que se inicia o processo de alimentação. Diversos pais possuem a prática de controlar, agir com pressão e estimular com recompensas que podem influenciar a alimentação das crianças, podendo aumentar ou diminuir a ingestão dos alimentos. 

Segundo informações do Ministério da Saúde, é necessário oferecer um alimento de oito a dez vezes, em média, até que a criança o aceite. Mas isso deve ser feito apenas oferecendo e nunca pressionando para a criança comer. Obrigar uma criança a se alimentar pode causar problemas futuros, como, distúrbios alimentares e problemas psicológicos.

A influência na alimentação 

A melhor maneira de influenciar uma criança na alimentação positivamente é não pressionar e saber que cada criança tem seu tempo. / Foto: Banco de Imagens

A psicóloga Kadia Gomes, especialista em Terapia Cognitiva Comportamental, declara que a melhor maneira de influenciar uma criança na alimentação positivamente é não pressionar e saber que cada criança tem seu tempo. “Criar um ambiente calmo e seguro. O adulto é um exemplo para essa criança, diversificando os alimentos, explicando a sua importância e falando que está tudo bem se não gostar de tudo ou não comer tudo sempre”, complementa. 

Quanto à pressão imposta pelo responsável para alimentar a criança, Kadia diz: “A coação pode afetar o desenvolvimento psicológico e a forma como a criança reage diante do comportamento alimentar, por desenvolver um sentimento de medo, podendo gerar depressão, ansiedade e transtorno de compulsão alimentar, etc.”

Oferecer recompensas pode estimular a criança a ingerir os alimentos. “A recompensa é uma técnica utilizada como reforçador do comportamento, porém, é preciso saber utilizá-la para não criar uma relação de dependência. Os reforçadores naturais contribuem para essa dinâmica, como por exemplo, uma criança experimenta uma fruta que antes foi negada e ao comer sente-se prazerosa, então deve-se reforçar com ‘parabéns’ pela tentativa e explicar o quanto aquele alimento faz bem para a saúde. Com isso, a criança vai se sentir feliz. Ou seja, a conversa e a explicação podem ser um dos principais reforçadores”, diz a psicóloga. 

Se os pais não têm o costume de comer alimentos mais saudáveis, consequentemente, os filhos não possuem o estímulo para tal e por esse motivo, alguns adultos começam a ingerir frutas, verduras e legumes para servir de exemplo para os filhos. Ingrid Barbosa, 27, começou a se alimentar de verduras e legumes quando seu filho Pietro iniciou o processo de alimentação. “Mesmo que eu não gostasse, sempre tive a consciência de que faz bem para a saúde e queria que meu filho se alimentasse de uma forma saudável. Então comecei a comer esses alimentos para ser um exemplo para meu filho”.

Stephanny Silva, 27, relata que até os 3 anos, o filho Gabriel não tomava refrigerante, apenas sucos, mas com o tempo começou a tomar também. “Em casa, ninguém ficava sem tomar refrigerante, então, quando ele quis experimentar, não pudemos negar porque não dávamos exemplo. Ele tomou e gostou”.