Solução ou dor de cabeça? A privatização da CEB Distribuição, braço da Campanhia Energética de Brasília, aprovada com o intuito de facilitar a vida do brasiliense, vem na verdade gerando muita insatisfação.

No fim de 2020, a Neoenergia, empresa de origem espanhola, assinou o contrato de compra e venda de 100% das ações da companhia, antiga provedora de energia de Brasília. O objetivo era garantir mais investimentos em energia pela capital, melhorar a qualidade do suporte e prestar um serviço melhor e mais eficaz para o consumidor. 

Entretanto, os anos se passaram e o descontentamento a respeito da privatização aumentou. Segundo matéria do Jornal de Brasília, a Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) recebeu mais de 500 denúncias em 2023, totalizando um crescimento de mais 40% no número de reclamações registradas comparado ao ano de 2022.

Na região do Altiplano Leste, o número de reclamações costuma ser constante. Antes mesmo da privatização, os moradores tinham problemas com a queda de energia. “Teve uma vez que tive que passar a noite de Natal em família à luz de velas, não estava nem chovendo no dia e só fui ter energia de volta na manhã seguinte”, relata a ex-moradora da região, Tati Franche.

Em 2024, as ocorrências continuam. Os moradores passaram por duas situações inusitadas: dois transformadores diferentes pegaram fogo na região, um na comercial local e outro dentro de um dos condomínios.

Livino Neto, síndico do Condomínio Privê Morada Sul Etapa A, desabafa. “A Neoenergia não inventariou o que adquiriu, não faz podas regulares e preventivas, não fiscaliza as usuárias parceiras nos postes e não faz manutenção de postes.”

De acordo com o síndico, chamados de manutenção são feitos com a empresa a fim de evitar que esses problemas aconteçam com frequência. É estabelecido um dia para realizar o serviço, mas ao chegar na data marcada, a equipe da Neoenergia não aparece para executar o trabalho na maioria das vezes.

De acordo com a Neoenergia, em dois anos de gestão, foi efetuado um investimento de mais de R$ 750 milhões na infraestrutura e tecnologia da energia elétrica de Brasília, com instalações de postes, melhoria no suporte e atendimento ao cliente e redistribuição elétrica das regiões. Esse valor, enquanto ainda era CEB, precisou de ao menos 10 anos para alcançar a quantia investida.

Além disso, a Neoenergia também teve um aumento significativo no número de beneficiários da Tarifa Social, indo de 13 mil cadastrados para mais de 100 mil. Esse fator faz com que diversas famílias tenham o direito de conseguir algum desconto na conta de luz.