Criatividade e curiosidade: ferramentas para uma aposentadoria saudável

Tão importante quanto os exercícios físicos, manter a mente ativa e descobrir novos interesses são fatores que aumentam a felicidade e a longevidade

Vitor Lacerda

Postado em 12/06/2024

Nos anos 1920, a expectativa de vida de um bebê que acabasse de nascer era de por volta de 35 anos. Atualmente, um século depois, a média dessa expectativa é de 75 anos. Diante desse aumento na longevidade, uma consequência natural é que o tempo que as pessoas vivem depois de aposentadas também se estendeu. Com base em dados de 1991 e de 2017, os aposentados passaram a receber os benefícios financeiros por uma média de 5,5 anos a mais. Em um nível individual, isso trouxe certas questões e preocupações para as pessoas que não eram tão evidentes algumas décadas atrás.

É preciso dar especial atenção para a saúde física e mental. Parte desse esforço constante é manter-se ocupado e produtivo, claro, de maneira tranquila e saudável. Dejair Carvalho, aposentou-se há 28 anos, em 1996, quando tinha 44 anos; hoje se encontra com 72. Nesses 28 anos, mesmo tempo que o autor deste texto já viveu, Dejair já viveu também uma vida inteira. Dedicou-se ao Banco Central até se aposentar e, depois disso, passou a dividir seu tempo entre administrar um hotel fazenda (onde também produz frutas, cria gado e cuida de animais silvestres) e fazer antendimentos psicoterápicos. Afirma que possuir “atividades produtivas, onde você se sinta útil” são elementos importantes para uma aposentadoria feliz e saudável.

Wataney Brandão, de 62 anos, aposentada há 8, afirma, de maneira similar, que sentir-se produtivo e útil são fatores muito importantes para viver essa fase da vida de maneira saudável. Desde que se aposentou da Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEDF), já buscou diversas atividades para ocupar-se, com ou sem remuneração. Afirma que “a ocupação do tempo é muito importante, seja um trabalho voltado para o ambiente doméstico, uma atividade de voluntariado ou uma atividade formal com remuneração” e completa dizendo que é importante “não abrir mão de coisas que te deem prazer; trabalhar ou só se ocupar para passar o tempo, não te fará bem.”

Aprimoramento pessoal

Sem a pressão de exercer uma atividade remunerada ou de uma agenda cheia de responsabilidades, muitas pessoas encontram tempo e disposição para adquirir novos conhecimentos e habilidades após a aposentadoria. Entre 2015 e 2019, as universidades brasileiras registraram um aumento de 48% no ingresso de alunos com mais de 59 anos (levando em conta somente os cursos presenciais).

Estudar línguas ou até começar uma nova graduação são maneiras de manter a mente ativa após se aposentar
Foto: Pexels – Karolina Grabowska

Tânia Correa, de 63 anos, aposentada há 3 anos, descreve: “penso que temos que nos movimentar, não só o corpo, mas a mente também. Praticar exercícios, estudar sempre e aprimorar alguma área de seu interesse.”

Tânia, também aposentada da SEDF, é artista plástica por formação. Conta que assim que se aposentou já buscou por cursos voltados para essa área, além de ter buscado também aprender assuntos novos que afirma que “não entendia mas que tinha vontade de entender”. Entre eles, estudou filosofia e inglês. A língua estrangeira era uma novidade pois não tinha base alguma até começar esses estudos aos 60 anos de idade. O curso de inglês trouxe novas experiências e oportunidades de vivência; Tânia chegou a realizar um intercâmbio de inglês, para o qual passou 14 meses viajando diversos países.

Arte e Criatividade

Não importa a fase da vida, exercitar a criatividade é sempre benéfico para o desenvolvimento e para a manutenção do bom funcionamento do cérebro e ajuda na liberação de neurotransmissores como serotonina e endorfina, além de inibir a produção do cortisol, hormônio ligado ao estresse.

Atividades criativas são boas para manter a mente ativa e para passar o tempo
Foto: Pexels – Steve


Assim como Tânia, Marta Bastos, atualmente com 72 anos e aposentada há 22, é artista plástica por formação. Após se aposentar, buscou voltar a pintar e buscou cursos nessa área e na costura. Além disso, afirma que lhe gratifica cuidar de suas plantas e ler muito. Enfatiza: “ as atividades são importantes na aposentadoria e na vida de qualquer pessoa, sempre! Buscar hobbies que dêem prazer, exercitar a mente e o corpo, são importantes para uma vida feliz.”